É difícil escapar de Ronda Rousey. Dentro e fora do octógono, a americana magnetizou as atenções e se tornou item frequente nas conversas de padaria, cabeleireiro e táxi.
Os 34 segundos. O sorriso cativante. A camisa do Flamengo. A vingança contra o que teria sido desrespeito da desafiante, Bethe Correia, à memória de seu pai suicida. Tudo isso estava na boca da galera, e mesmo num país de cultura esportiva ufanista, a paraibana Bethe sempre pareceu coadjuvante.
Seja a aurora boreal, a pororoca da Amazônia ou a arrancada irresistível de Messi, as pessoas gostam de testemunhar fenômenos. Ronda não é um cometa que passa por entre nuvens, quase imperceptível, frustrante como uma decisão por pontos. Ela é facilmente identificável como especial até para quem não manja nada e destoa de tudo que está na média do UFC hoje.
É óbvio que ajuda ser loira e bonita, e a ex-judoca medalhista em Pequim sabe disso. De cara – literalmente – , já diminui a imagem de carnificina que o MMA tem. Mas uma segunda olhadela prova que Ronda não fica só na imagem.
66 segundos
Andrew Flowers, do site FiveThirtyEight, deu números às impressões, comparando o desempenho da ex-judoca a dados de 2.145 enfrentamentos. Apenas três das 12 lutas de Ronda levaram mais que 66 segundos, na contramão dum esporte em que a duração dos combates têm sido notavelmente estendida: entre 2001 e 2015, a média das lutas subiu de 400 segundos a 600 segundos (dois rounds).
A certeza de que algo de especial (leia-se nocaute ou submissão) acontecerá nas lutas de Ronda é maior do que na maioria dos cards, já que também cresce no mundo do MMA o percentual de confrontos decididos pelos juízes, às vezes de forma polêmica: hoje são quase 50%.
Ronda vai na contramão também por ser hoje a principal estrela de um esporte essencialmente masculino. Depois do ocaso de Anderson Silva, a peso galo é a principal aposta da liga de Dana White, que a considera “um novo Mike Tyson”. Trata-se de um ídolo que amplia a base feminina de fãs do MMA, que não é pequena, e que dá a uma atleta feminina um status que raros esportes conseguem: o de estrela indiscutível do cenário.
O UFC sabe que, no entanto, não basta uma Ronda. É preciso que ela tenha desafiantes à altura. Por isso White já começou a aceitar o duelo com Cris Cyborg, atleta manchada pelo uso de esteroides no passado, que deveria perder cerca de 5 kg para entrar na categoria de Ronda.
Caso a luta se realize, é de se esperar que as mulheres reinem no octógono - e no coração do grande público - por um bom tempo.
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