| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Nasceu em Anjo, cidade de 183 mil habitantes localizada na província de Aichi, no Japão, o principal candidato a quebrar o jejum de conquistas curitibanas no topo do MMA mundial.

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Criado na capital paranaense desde os três anos, Goiti Yamauchi, 23, cresceu assistindo em fitas VHS a seus ídolos no Pride – principal palco do vale-tudo da década passada. Desde a geração formada na academia Chute Boxe - com José Pelé Landi, Anderson Silva, Wanderlei Silva e, por último, Maurício Shogun Rua, a chamada ‘Meca do MMA’ - Curitiba não revelou mais nenhum lutador que passou perto de uma conquista revelante. Espaço que Goiti, peso-pena (até 66 kg) do Bellator, grande concorrente do UFC, quer ocupar.

“Acredito muito em mim. Acho que realmente tenho potencial para ser campeão”, afirma o especialista em jiu-jítsu.

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Os números do nipo-brasileiro em cinco anos de carreira referendam o objetivo. Em 21 combates, Yamauchi acumula 19 vitórias – 15 delas por finalização. Desde que foi contratado pelo Bellator, em 2013, recusando oferta do UFC, são seis vitórias e uma derrota. Se vencer o próximo adversário, o americano Bubba Jenkins, no dia 4 de março, o paranaense vai exigir disputar o cinturão.

“Se não me derem [a disputa de título] vou estar perdendo tempo e descaradamente não estarão me dando o merecido valor. Até porque quero ser o campeão mais novo do evento. Por isso estou pressionando tanto”, explica.

A precocidade, aliás, é característica de Yamauchi. Ele conta que desde os nove anos de idade já sabia que seria lutador profissional. Começou treinando karatê, migrou para o judô, depois iniciou no jiu-jítsu, boxe e na sequência muay thai, sempre acostumado a enfrentar adversários mais velhos.

 

Aos 14 anos, por exemplo, venceu o título paranaense de boxe amador. Enfrentou o hoje lutador do UFC John Lineker, natural de Paranaguá, então com 17 anos. Venceu.

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“Sempre tinha muito medo, mas colocava na cabeça que se me botaram em um desafio desses, não iria desistir”.

Seca de campeões

Para Goiti Yamauchi, existe um motivo claro para Curitiba ter brecado a revelação de lutadores de elite: Rafael Cordeiro. Eleito na semana passada o melhor técnico de MMA do mundo pela segunda vez, o ex-técnico da academia Chute Boxe se mudou para Huntington Beach, nos Estados Unidos, em 2007, onde comanda a própria academia.

“Podemos nos colocar entre os três maiores celeiros de lutadores do mundo. Mas todos nós sabemos de onde eles vieram, todos formados pelo Rafael Cordeiro. Esse cara fez a diferença”, diz Yamauchi.

O discurso é reforçado por Shogun, último atleta formado na capital a conquistar um cinturão importante, o dos meio-pesados (até 93 kg) do UFC, em 2011. “A maior perda do MMA de Curitiba foi a vinda do Rafael para cá [EUA]. Grande parte dos atletas foi formada pela dupla Rafael e Rudimar [Fedrigo]. Com o mestre saindo do Brasil, perdemos a referência”, atesta o lutador de 34 anos, que se mudou com a família para a Califórnia justamente para treinar com o melhor do mundo.

Para Wanderlei Silva, no entanto, a fase de seca é um ciclo. “Tem muita academia por aí e muita gente treinando. É questão de tempo para voltarmos a ter um ídolo local”, garante. “Isso é normal, ainda mais em um esporte novo como o MMA”, concorda Fedrigo, dono da Chute Boxe.

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O próprio Cordeiro ainda acredita em uma nova geração de campeões curitibanos. “Os americanos hoje têm mais condições de focar apenas nos treinos, mas vai pintar um novo atleta de Curitiba com certeza”, opina. “O Goti Yamauchi é muito bom. Já falei para ele que vai ser campeão”, prevê condecorado treinador.