Vina diz que pimentão, brócolis, ovo cozido e alface caem como filé mignon durante o período de dieta| Foto: Andre Rodrigues/Gazeta do Povo

O combate

Vina ignora pressão por subir no ringue após derrota

Tradicionalmente, perder duas vezes consecutivas no UFC deixa a maioria dos lutadores em estado de alerta, preocupados com uma possível demissão. Para Marcos Vinícius Vina, no entanto, que encara o russo Ali Bagautinov nesta quarta-feira, em Belo Horizonte, a estratégia é não pensar no risco.

"Nunca coloquei isso na cabeça", fala o paranaense que estreia entre os pesos-mosca (até 57 kg). "É uma pressão com a qual não vale a pena me preocupar. O UFC nunca deixou isso explícito [que com dois reveses acontece a demissão]. Tudo depende da qualidade da apresentação. Se você faz boas lutas, eles te mantém", acrescenta.

O retorno a Minas Gerais, onde Vina venceu o conterrâneo Wagner Galeto em junho do ano passado e garantiu um contrato com o UFC, anima o atleta. Ele espera se recuperar da derrota para o americano Johnny Bedford, em dezembro de 2012, quando ainda competia entre os galos (até 61 kg).

"Vou lutar os 15 minutos para ganhar. É claro que desta vez estou mais estratégico, mais cauteloso. Mas de nenhuma maneira a pressão me intimida", completa.

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Enganar o estômago tem sido o principal desafio do lutador Marcos Vinícius Vina, 33 anos, nos últimos três meses. O prato do paranaense anda mais vazio do que nunca. Não é para menos. Para estrear na categoria mosca do UFC, na próxima quarta-feira, a partir das 17 h, em Belo Horizonte, o atleta teve três meses para perder 23% de seu peso corporal.

Em períodos fora de treinamento, Vina pesa em torno de 74 kg. Na terça, durante a pesagem do UFC no Combate, ele precisará bater 56,7 kg, com 500 g de tolerância por se tratar de um combate que não vale título.

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Nas duas lutas anteriores pela organização – uma vitória e uma derrota – o esforço era bem menor, já que sua meta era atingir o limite de 61,2 kg dos pesos-galo.

Assim, ele já sabe de cor o nome de seu pior inimigo. E, até encarar a balança, certamente não é o russo Ali Bagautinov. "É a fome", diz o integrante da primeira edição do reality show ‘The Ultimate Fighter Brasil’. "Tenho comido muito pimentão, brócolis, ovo cozido. Essa é a minha dieta. Alface, muita alface também", diz o lutador, que tem direito a gelatina diet de sobremesa.

Nada que ele reclame em demasia. Criado na favela do Parolin, em Curitiba, guardador de carros e vendedor de doces na adolescência, Vina não vê a perda de peso como uma adversidade imbatível. É um processo passageiro – e tem de ser levado da melhor maneira possível.

"Tudo que entra vira filé mignon", brinca ele, que transformava 60g de batata doce em combustível antes dos treinos.

Mas não dá para negar que a batalha antes de entrar no octógono pode ser tão desgastante quanto a luta em si. "Digo que é pior", garante Jackson Barros, que ao lado da esposa Karin Fuhrmann, é responsável pela consultoria nutricional de Vina.

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Para o fisiculturista, a necessidade de conviver 24 h com a fome, conciliando três sessões diárias de treino, aumenta o nível de estresse de qualquer um. No caso do atleta paranaense, que no início de carreira competia entre os leves (até 70 kg), o problema maior nem está na parte psicológica. Fisiologicamente, a perda de peso tem sido mais difícil do que o normal.

"Quando começamos a trabalhar, ele estava com 72 kg, mas com 63 kg de massa magra. Tinha pouca gordura para queimar", explica Karin, que se viu obrigada a debilitar os músculos do lutador para que ele pudesse atingir o objetivo.

Hoje, a dois dias da pesagem, Vina está dentro do cronograma. Desde ontem, tirou o sódio da dieta – o que acentua a perde de peso. Amanhã, começa a fazer sessões de sauna para desidratar os cerca de 4 kg restantes até subir na balança.

Um desafio que ele espera fazer valer a pena. "Nunca lutei nessa divisão, mas acho que me encontrei nesse peso. Creio que vou ficar forte, além de já ser mais alto que meu rival. Mas só lutando mesmo para saber", espera Vina, que pretende ‘engordar’ até 10 kg entre a pesagem e o momento de entrar no ringue, um intervalo de aproximadamente 26 horas.

E aí o cardápio é farto. Alimentação de hora em hora, com macarrão, batata e muito isotônico até chegar o momento de colocar o trabalho dos últimos três meses à prova. De estômago cheio, ao menos.

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