Até a madrugada deste domingo (7), em Las Vegas (EUA), a frase padrão dos desafiantes de Anderson Silva no UFC era ele foi melhor e mereceu vencer.
Pois não é que dessa vez, na décima primeira tentativa de defender o cinturão dos médios (até 84 kg) do torneio, os papéis se inverteram? Quem saiu do octógono do UFC 162 sem saber o que aconteceu foi o brasileiro de 38 anos. O americano Chris Weidman, nove anos mais jovem, aproveitou a deixa dada pelo campeão - que claramente não o levou a sério - e venceu por nocaute no segundo round. Uma 'brincadeira' que custou o título e a primeira derrota de Spider desde 2006. Apenas a quinta da carreira dele.Diante de um público embasbacado, Anderson perdeu sua aura de invencível. Na tentativa de desestabilizar o oponente, ruiu sua dinastia na categoria da pior maneira possível.
"Chris é o melhor, é o novo campeão. Tenho muito respeito por ele", repetiu diversas vezes o brasileiro, que instantes antes, com uma bolsa de gelo no queixo, murmurava tô bem, tô bem enquanto era atendido no sentado no chão.
Dentro do ringue, ele não estava tão bem assim. Sua deficiência, o wrestling, foi explorada novamente. O invicto Weidman o derrubou com facilidade no primeiro round, mas Anderson conseguiu se levantar. A partir daí, o campeão passou a brincar com o desafiante.
Guarda totalmente baixa, esquivas lentas, desleixo visível. O segundo assalto veio e o comportamento se agravou. Segundos antes de receber o golpe de esquerda que o derrubou, o atleta criado em Curitiba chegou a fingir ter sido atingido. O feitiço que virou contra o feiticeiro. Ou a palhaçada que se voltou contra o palhaço.
Após o primeiro golpe, Weidman acertou uma combinação, foi parado pelo árbitro Herb Dean e explodiu em alegria. Abraçou sua mãe, técnicos, gritou muito. Depois, mais calmo, mas ainda sonhando acordado, cumprimentou o rival com elegância e até um sincero eu te amo, obrigado pela oportunidade ao homem que é considerado o melhor artista marcial da história.
"Senti que era destinado a fazer isso", disse o americano, que literalmente visualizava derrotar Anderson todos os dias: pregada em sua geladeira, estava a foto de seu alvo e um bilhete com os dizeres de que iria se tornar o mais novo campeão do UFC.
"Ninguém é invencível. Respeito-o muito e lhe dou a revanche", completou o americano, vivendo um momento definido por ele mesmo como surreal.
Pelo menos no pós-luta, Anderson declinou a oportunidade de voltar a ser campeão. "Tenho mais dez lutas [no contrato], mas não quero mais disputar o cinturão. Meu legado acabou nesta noite. Meu plano é voltar para o Brasil, para minha família, meus alunos em Los Angeles. Chris é o novo campeão e tem de ser respeitado".
Com muito dinheiro, o UFC certamente vai obrigar Spider a pensar em repetir o duelo. E ele irá pensar. Aliás, isso será uma constante nos próximos meses do ex-campeão.
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