Mais do que estabilidade financeira, fama e sucesso na carreira profissional, o meio-campo Fernandinho, ex-Atlético Paranaense, comemora o seu amadurecimento. Desde a metade de 2005, quando partiu para sua empreitada na Ucrânia, o londrinense cresceu. Em cinco temporadas com a camisa alaranjada do Shakhtar Donetsk, foi campeão nacional em três oportunidades. A última, a menos de uma semana, com vitória sobre o grande rival Dínamo de Kiev. A alegria, porém, só não é maior do que poder olhar para trás e sua vida se transformou nesse período.
"Passei de moleque para homem", resumiu o jogador de 25 anos, por telefone, à Gazeta do Povo. "Cheguei menino, com 20 anos, e passei por muita coisa aqui para me adaptar. Mudei muito desde então. Parei de beber, me converti e passei a colocar Deus em primeiro lugar. Passei a ver as coisas de modo diferente e foi tudo dando certo", completou Fernandinho, que há dois meses se tornou pai pela primeira vez.
Hoje, totalmente adaptado ao estilo de vida e à língua ucraniana, Ferna como é conhecido por lá festeja o bom momento. Nas palavras do jogador, "vivo na Ucrânia como se estivesse no Brasil". A adaptação, contudo, fica longe de ser fácil. Frio de -20 graus, idioma complicado e saudade da família são alguns dos obstáculos.
"A vida aqui fora não é fácil. Se não tiver um planejamento, qualquer sucesso pode ir por água abaixo rapidinho", destacou o camisa 7 do Shakhtar, citando vários jovens jogadores que tentam a sorte da no exterior e não são bem-sucedidos.
Ídolo de uma equipe muito rica o presidente de clube, Rinat Akhmetov, é um magnata da mineração e das telecomunicações e que tem um dos estádios mais modernos do mundo, a Donbass Arena, o clube investe milhões todos os anos na contratação de jovens atletas, especialmente em brasileiros. Jadson, também companheiro dos tempos de Furacão, Luiz Adriano, ex-Inter, Douglas Costa, ex-Grêmio, Ilsinho, ex-São Paulo, Willian, ex-Corinthian, e Alex Teixeira, ex-Vasco, completam a legião tupiniquim em Donetsk.
"É um time que disputa o título todos os anos. Isso motiva a gente. Na próxima temporada vamos entrar direto na fase de grupo da Liga dos Campeões", comemorou. "Temos um bom relacionamento com o técnico romeno Mircea Lucescu, que está aqui há seis anos. Ele nos ajuda e a gente o ajuda dentro de campo. É um casamento perfeito".
Ao contrário dos tempos de Rubro-Negro, quando ficou conhecido por jogar como meia-atacante e também na ala-direita, Fernandinho precisou mudar de posição, mas manteve sua característica de jogo.
"Joguei em várias funções, mas me firmei como volante, cabeça de área mesmo. No nosso estilo, que é com a bola no chão, alguém precisa distribuir o a bola com qualidade", contou.
Retorno e Seleção
Após o vice-campeonato da Copa Libertadores de 2005, Fernandinho planejou jogar no futebol europeu por dez anos e só depois voltar ao Brasil. Com metade do caminho já cumprido, o plano mudou e agora a carreira no Velho Mundo deve se estender por pelo menos mais uma década.
"No futebol tudo é possível. Gostaria de voltar ao Atlético para conquistar os títulos que ficaram para trás. Mas quero estar bem, para poder ajudar e brigar por títulos", apontou.
Antes, no entanto, o londrinense pensa em dar outro passo. Para atrair a atenção do comandante da Seleção Brasileira, uma transferência para um clube de grande expressão no cenário europeu está no planejamento.
"Não posso dizer que saio agora, nem que fico até o fim do meu contrato, em 2012", explicou o jogador, que revelou que gostaria de atuar no futebol italiano. "Só Deus sabe a hora (de ser convocado). Mas quem sabe jogar na Copa de 2014? Quando mudar de time, espero que me observem mais", pediu.
Enquanto isso, de férias no Brasil, vai fazer o que mais gosta, "gastar pneu" entre Londrina e Curitiba. Tudo com muita responsabilidade de um homem de família.
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