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Bruna Bialecki (à esq.) e Fabielle Cassol (à dir.) contaram com o apoio tranquilizador da técnica Márcia Naves para chegar à seleção brasileira | Felipe Rosa/ Gazeta do Povo
Bruna Bialecki (à esq.) e Fabielle Cassol (à dir.) contaram com o apoio tranquilizador da técnica Márcia Naves para chegar à seleção brasileira| Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo

Música

Pan consagrou ideia de treinadora

Foi ao som de My Way, canção famosa na voz de Frank Sinatra, que o conjunto brasileiro conquistou duas das três medalhas dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara. A escolha da música, porém, não saiu da inspiração da técnica Camila Ferezin.

"Fui a um casamento e, no carro, eu e minha filha [Gabriela, ex-ginasta] ouvimos e, já na hora, ficamos arrepiadas. Ela me sugeriu que seria um bom tema para ser coreografado", conta Márcia Naves, treinadora da Agir, de Curitiba. A série com a melodia foi apresentada em um campeonato brasileiro e, assim que viu o resultado, Camila quis também usar My Way para embalar a série coreográfica.

Márcia diz que ficou em dúvida em ceder o tema. "Mas tinha de ajudar a seleção, afinal, defenderiam o país." E assim fez. Apesar de não ter encontrado outra sonoridade à altura, diz-se feliz. "Afinal, elas ficaram com o ouro, né?" A música é apenas um dos detalhes que as técnicas têm de decidir. Entre uma infinidade de melodias, o primeiro indício para a escolha é o arrepio.

"O treinador tem de se identificar muito, sabe que está no caminho certo quando ouve e se arrepia. E tem de ter a ver com a característica das meninas que formam o conjunto. Afinal, ginástica rítmica não é só técnica. Tem tática também. A treinadora tem a função de criar a coreografia de modo que mostre as melhores qualidades de cada uma e ocultar suas deficiências", diz Virgínia Nobre, da Unopar.

Fora da Olimpíada de Londres, o conjunto da ginástica rítmica brasileira – o mais paranaense time do esporte nacional – começa amanhã a preparação para os Jogos do Rio, em 2016. A equipe selecionada pela técnica londrinense Camila Ferezin se apresenta nesta segunda-feira em Aracaju, capital de Sergipe, para os primeiros treinamentos do novo grupo.

Por trás do talento das jovens Débora Falda, Dayane Amaral, Bruna Bialecki, Beatriz Pomini, Fabiele Cassol, Isabelle Andriotto e Mayra Gmach (todas nascidas no estado), está a dedicação integral das técnicas que as formaram – profissionais com quem passam cerca de cinco horas diárias de atividades semanais.

Em Londrina, a primeira formadora: Virgínia Nobre. Às 8 horas da manhã, ela já está à beira do tablado para forjar as categorias de base da Unopar (Uni­­versidade Norte do Paraná), onde fica até as 18 horas. Depois, segue até as 23 h como professora da graduação de Educação Física. Totalmente dedicada ao esporte, diz-se feliz com a vida que escolheu. Sem filhos, trata as meninas que comanda dos 4 aos 15 anos como parte de sua família.

Não é sem tristeza, diz, que corta o cordão umbilical com Beatriz Pomini, 15 anos, e Isabella Andriotto, 16. "Minha recompensa é a felicidade delas. Sabemos que não sou nada sem elas e elas não são nada sem mim", explica Nobre. Com a bagagem de ser ex-atleta, agora se diverte com a tarimba. Per­­guntada sobre a idade... "Escreve aí que tenho 35."

Os momentos de coração derretido são mais frequentes em outra técnica local: Márcia Naves. A baiana radicada em Curitiba há 12 anos assegura a rigidez do treinamento – já que tende a ser mais ‘mãezona’. "Antes de ser técnica, sou educadora. Posso perder campeonatos, mas ganho grandes pessoas", fala. Ela começou a treinar a equipe curitibana da Agir em 2000, logo que chegou à capital paranaense. Na época, o time era sua filha, Gabriela, e outras duas ginastas.

Hoje, ela comanda 40 garotas de 7 a 18 anos. Entre elas, Fabiele, 17, e Bruna, 17, am­­bas integrantes da equipe nacional. "A Fabielle é muito, muito dedicada. A Bruna também tem muito talento", exalta a comandante.

"Às vezes dá vontade de largar tudo; é quando lembro que muitas ginastas gostariam de estar no meu lugar", fraqueja Fabielle. E é nesses momentos que Márcia costuma trocar a voz de comando pelo colo. "Convivemos muito intensamente, com as tristezas das derrotas, as alegrias das vitórias."

Em Toledo, a terceira voz da ginástica rítmica no Para­­ná: Anita Klemann. A técnica, logo de cara, traz uma característica curiosa: nunca foi ginasta. Foi babá, doméstica e trabalhou com atletismo. Mas, no comando da equipe Sadia/Toledo/Sesi, formou Angélica Kvieczynski, primeira brasileira a ganhar medalhas em Jogos Pan-America­­nos. Agora, cede para a seleção do conjunto Mayra, 15, a quem treina há 10 anos.

As ginastas defenderão o Brasil neste primeiro semestre em duas etapas da Copa do Mundo e o Meeting Internacio­­nal de Ginástica Rítmica, em que usarão as mesmas coreografias que renderam três ouros nos Jogos Pan-America­­nos de Guadalajara, em 2010.

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