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Lio Evaristo, treinador do Rio Branco, já comandou no Estadual o Corinthians-PR, União, Londrina, Arapongas, Roma, Adap, Paranavaí e Engenheiro Beltrão | Marcos Labanca/ Gazeta do Povo
Lio Evaristo, treinador do Rio Branco, já comandou no Estadual o Corinthians-PR, União, Londrina, Arapongas, Roma, Adap, Paranavaí e Engenheiro Beltrão| Foto: Marcos Labanca/ Gazeta do Povo

Entrevista

Amauri Knevitz, técnico Knevitz foi campeão paranaense pelo Paranavaí, em 2007. Apesar da façanha, não achou espaço no mercado local

Você esperava ser lembrado por algum time da capital?

Esperava, lógico. Achei que era o caminho natural. Naquele campeo­­nato jogamos nove jogos contra o ‘trio de ferro’ e não perdemos.

Mas houve sondagem?

Nada. Nunca ninguém me ligou. Quando acabou o campeonato demorei para acertar outro contrato pois achava que iria vir um convite. Não veio, fechei com o Fortaleza. A vida segue, e a conquista me ajudou. Faço parte do cenário. Quem é do futebol sabe.

Qual o segredo daquele time?

Bons jogadores que juntos davam um bom time. Isso, em uma equipe pequena, é muito difícil. Tínhamos uma folha salarial de R$57 mil.

Você foi pouco reconhecido?

Falaram para eu arranjar alguém para trabalhar meu nome. Mas fui campeão duas vezes aqui. Do Brasileiro da Série C pelo Malutrom e do Estadual pelo ACP, em 2007. Precisa de alguém para ir falar com o diretor? Se tivesse feito isso no Rio Grande do Sul tinha ido para o Beira-Rio ou para o Olímpico.

No estado há poucas caras novas como técnico...

Isso é do futebol, tem aqueles treinadores que têm mercado naquele lugar. (MR)

Muita experiência, pouca opção. É mais ou menos esse o lema que move o Campeonato Paranaense para quem comanda o futebol à beira do gramado.

Na competição que se inicia ho­­je, 7 dos 12 treinadores em ação so­­mam 28 disputas da Série Ouro em seus currículos – o número quase dobraria se incluísse a Se­­gunda Divisão local nesta conta.

Lio Evaristo, do Rio Branco, e Ita­­mar Bernardes, do Paranavaí, com sete participações cada, lideram um time que ainda tem os atuais ‘professores’ do Londrina, Claúdio Tencatti (4); do Co­­rin­­thi­­ans, Lean­dro Niehues (4); do To­­le­­do, Rogério Perrô (3); do Coritiba, Mar­­celo Oli­vei­­ra (2); e Caçapa (1), Apucarana.

Apenas cinco técnicos – Juan Ramón Carrasco, do Atlético; Da­­río Pereyra, do Arapongas; Paulo Turra, do Cianorte; Rodrigo Casca, do Iraty; e Carlos Paiva, do Operário – são estreantes.

"Eu, Leandro, Itamar... estamos acostumados a trabalhar com as características do interior paranaense. Não é algo que se possa ensinar, só mesmo o tempo te dá essa experiência", explica Lio Evaristo, hoje no Rio Branco, mas que em 2010 chegou à 3.ª fase da Copa do Brasil com o Corinthians-PR. Ele aponta, entre uma das principais dificuldades de se dirigir uma equipe do interior, o baixo orçamento dos clubes.

Os salários pagos por aqui justificam a análise de Lio. Em média, um treinador de futebol recebe R$ 8 mil no interior do estado. Um jogador, R$ 3 mil. Em Santa Ca­­ta­­rina, por exemplo, estado com bem menos tradição dentro das quatro linhas, os rendimentos são, normalmente, 50% maiores.

O fator é apenas um dos ele­­men­­tos da equação que mantém os mesmos comandantes por aqui. O curto espaço de tempo para montar as equipes, falta de novos nomes e direções amadoras com­­ple­tam as variáveis desta conta.

"É um tiro curto. Não podemos errar. Imagina se vou pegar um téc­­nico lá do Amazonas, que não co­­nhece nada daqui...", afirma Lourival Furquim, diretor do Pa­­ra­­navaí.

No caso do Vermelhinho, a fo­­lha salarial é de R$ 67 mil, mas os jogadores são contratados por profissionais remunerados, caso de Furquim. Contudo, o amadorismo – de dirigentes que se dedicam a negócios próprios e fazem do futebol quase um lazer – é o que leva o técnico a ter função dupla em algumas outras equipes: além de comandar o time, indicar os atletas na formação do elenco.

"Muitas vezes, quem assume a presidência é alguém conhecido na cidade, mas que não conhece muito o mundo do futebol. Então, ele contrata os técnicos que já co­­nhece, que estão no mercado da­­qui há mais tempo", afirma Adir Kist, gerente do Cianorte, outro clube que remunera profissionais para lidar com contratações.

Com a equipe pronta desde o ano passado, o Azulão teve mais liberdade para trazer um treinador. Apostou em Paulo Turra, que estava no Brasil de Farroupilha, no Rio Grande do Sul.

Profissionais cobram oportunidade

O caminho natural de um treinador que consegue destaque em times menores nos campeonatos regionais é ganhar oportunidades nos grandes de seu estado. Mas a máxima não vale no Paraná.

A última vez que um técnico do interior foi requisitado pelos grandes da capital foi em 2008. Rogério Perrô levou o Toledo à semifinal do Paranaense daquele ano e foi so­­correr o Tricolor, que estava na zo­­na de rebaixamento da Série B do Nacional. Mesmo melhorando a campanha do clube, foi demitido após 11 partidas.

"Mas, se pudesse voltar no tempo, não aceitaria. O grupo estava rachado, sem disposição. E eu era muito jovem. Mas sou muito agradecido ao Paraná pela oportunidade", relembra.

No exemplo de Perrô espelha-se Lio Evaristo. Oriundo das categorias de base do Atlético, ele imagina que, no Rio Branco, terá mais chances de ser reconhecido pelos grandes. "Sempre fiz boas campanhas. Eu acho que se me destacar serei lembrado", espera.

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