Mais fôlego, menos força

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Se algum dia a força bruta já foi fator preponderante dentro de um ringue de vale-tudo, esse tempo ficou escondido no passado. A imagem daquele velho lutador montado em uma pilha de músculos não cabe mais no esporte. O condicionamento físico – conhecido no mundo da luta como cardio – virou condição básica para o sucesso no MMA.

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A explicação é simples. Enquanto no fim da década de 1990 e no início dos anos 2000 a principal preocupação estava em intimidar pelo tamanho, atualmente a velocidade e a resistência viraram diferenciais para se ter a mão erguida no fim do combate. Pura questão de sobrevivência no mercado.

"Hoje a coisa ficou muito mais profissional. A diferença de um UFC para o Pride é enorme. [No extinto evento japonês de vale-tudo] os lutadores eram enormes, mas com um condicionamento horrível", exemplifica Madson Ramos, renomado preparador físico do mundo da luta, responsável, por exemplo, pelo cardio de Wanderlei Silva em sua era áurea.

"Se o cara não estiver bem [fisicamente], não adianta ser o Bruce Lee", adiciona Ramos, que também esteve com Anderson Silva na conquista dos cinturões do Shotoo, do Cage Rage e do UFC.

Ao invés de focar apenas a musculação e os treinos de artes marciais, o lutador moderno segue um cronograma de dar inveja a outros esportes. Corrida, natação, bicicleta são algumas das atividades. Exercícios com marreta, corda, pneu e de salto também fazem parte da rotina.

"A gente tenta criar diversas situações que se encaixam nas situações de luta que ele vai precisar no combate", explica o preparador físico Fabrício Pacholok, que comanda a preparação física do carioca radicado em Curitiba Cristiano Marcello. O lutador faz neste sábado a luta de abertura do UFC 153, no Rio de Janeiro, contra o iraniano naturalizado sueco Reza Madadi.

Durante os três meses de preparação para o duelo, Marcello, 34 anos, treina cerca de cinco a seis horas diariamente. E grande parte da preparação é específica para o gás estar em dia na hora da luta.

"É como se fosse um Ironman. Você tem de treinar as lutas, boxe, muay thai, jiu-jítsu, wrestling, e junto fazer preparação física", conta o atleta, que teve seu treino filmado por uma equipe da Gazeta do Povo.

Como a exigência dos exercícios é sempre alta, a cabeça precisa comandar o corpo para os momentos em que parece impossível continuar. Lesões e fadiga, por exemplo, têm de ser superados, pelo objetivo final.

"Vamos tentar deixar o Cristiano pronto para nocautear em um minuto, finalizar em um minuto, ou lutar os três rounds a 100 km por hora", garante Pacholok.

Esportes | 4:51

Veja como funciona a suada e sofrida rotina de treinamentos de um atleta de MMA.