O presidente do Atlético Paranaense Marcos Malucelli abriu o jogo na tarde desta quinta-feira, em entrevista concedida à Rádio Transamérica. O dirigente do Furacão confirmou que a busca por um novo técnico, após a saída de Waldemar Lemos, continua e descartou alguns nomes ventilados. O mandatário ainda abordou temas espinhosos, como as dívidas do clube, a Copa do Mundo de 2014 na Arena da Baixada, e o afastamento de jogadores do elenco.
Confira os principais pontos da entrevista de Marcos Malucelli:
Novo técnico
"Não temos ainda o novo treinador. Estamos conversando, mas não acertamos com ninguém. O Antônio Lopes não está na nossa relação. O (Emerson) Leão está fora, ele disse que está com problemas particulares, se dispôs a vir em janeiro, porém até o fim deste ano não irá dirigir nenhum clube. Posso dizer que o treinador que buscamos está no Brasil, só ai vocês já podem descartar vários nomes. Sobre o Silas não é verdade que o procuramos, ele nos foi oferecido quando o Geninho saiu, cheguei a conversar com o irmão dele na época. Digo que só procuramos o Leão até agora. Não sei se teremos o novo técnico em Londrina, pelo menos para assistir o jogo. Já definimos que o Riva (Carli, preparador físico) irá dirigir a equipe contra o Fluminense."
Saída de Waldemar Lemos
"O treinador não foi demitido. Domingo ele nos procurou e disse que estava se sentindo mal, que não ficaria porque foi muito ofendido, que nunca tinha acontecido algo assim com ele. O Waldemar nos disse que tinha idoneidade, mulher e filhos vendo o jogo e (xingar o técnico) não se faz isso mesmo. Pedimos para ele dar tempo ao tempo, tínhamos este jogo fora de casa, ele concordou. Estava tudo em ordem, ele iria continuar, mas aquilo ainda estava encalacrado e, com aquele fracasso em Goiânia, aquele jogo lamentável, o Ocimar me ligou e disse que ele queria ir embora. Então o liberamos. Foi uma atitude digna a dele, não gostaria de ser ofendido também enquanto estou me dedicando, perdendo meu tempo e ajudando o clube como ele também fez. Ele ficou ofendido e não estava se importando com salário ou multa rescisória, quis sair e fez muito bem."
Situação atual do futebol do Atlético
"É verdade, o futebol do Atlético continua capengando, já vem de tempos. O futebol é o coração do clube, onde todo o trabalho influi e direciona o clube. O desempenho lá é o que justifica a aceitação do trabalho da diretoria, independente do que se faça em outras áreas. Não estamos bem, sabíamos desde o início que o grupo era suficiente para o Paranaense, e não para o Brasileiro. Sofremos com dificuldades financeiras para a montagem da equipe, até porque tivemos que direcionar recursos para as equipes de formação, segurar aqueles jogadores que se destacaram na Copa São Paulo. Fizemos isso com muito custo, mantivemos 15 atletas daquele grupo, com contratos de cinco anos. Temos esta segurança de tê-los aqui, sem o risco de perdê-los."
Jogadores afastados pelo Furacão
"(O Netinho) não tem condições de jogo, mas está treinando. Em um destes treinos ele teve um problema com uma pessoa da comissão técnica, foi um ato de rebeldia dele e já foi chamado a atenção. Estamos colocando alguns jogadores para treinar a parte, para melhorarem o desempenho, entre eles está o Netinho, o Alberto, o Antônio Carlos, o Zé Antônio e o Rafael Moura. Eles treinarão o condicionamento físico para que voltem a jogar."
Jucilei e o mercado da bola
"Este conselheiro falou comigo pelo telefone, oferecendo o Jucilei e eu falei com o Joel (Malucelli), meu primo. Bastava termos R$ 1,5 milhão para ficar com 50% do jogador, que foi para o Corinthians Paulista que pagou por isso ao J. Malucelli (hoje Corinthians Paranaense). Como poderíamos ter um jogador desse, se desde fevereiro digo que somos deficitários? Vou arrumar mais essa? Temos o Valencia, o Renan que está na seleção sub-20 e foi titular no último torneio, o Douglas Maia que foi emprestado ao Náutico, agora o Claiton, o Zé Antônio. Naquele momento não seria com este jogador que gastaríamos este valor. Não é assim que as coisas funcionam, uma coisa é oferecer jogador, outra é poder comprar. São coisas que o torcedor e os conselheiros não pensam. Temos entre 90 a 100 jogadores no clube entre todas as categorias, com uma folha mensal de R$ 2 milhões para jogadores, funcionários e outros encargos. Isto fora as despesas correntes do clube. Temos um orçamento de R$ 48 milhões, uma receita certa de R$ 13 milhões da televisão, outros R$ 11 milhões vindos dos sócios, mais R$ 5, 6 milhões das propagandas e promoções, e para os 48 faltam 18, e ai?"
Dívidas deixadas pela gestão anterior de Petraglia & Fleury
"Nunca falei em herança maldita, nunca usei esta palavra. Sabia o que estava pegando porque estava no departamento jurídico desde 2000, desde o mandato do Ademir Adur e do Marcos Coelho. Não sabia é claro da parte financeira, até porque o mandato era de uma forma totalmente fechada. Não sabíamos de alguns compromissos, como por exemplo a renda mensal que temos com o Clube dos 13, em torno de R$ 1 milhão e pouco, não recebemos isso, parte é retida lá mesmo por conta de empréstimos anteriores. É parte de antecipação de receita junto à Rede Globo e ao Clube dos 13, como garantia da nossa cota de televisão. Ficaram dívidas pagáveis, as quais pagamos com os rendimentos de cada mês, mas tiramos do valor corrente do nosso caixa, então estas dívidas seriam pagáveis desde que não tivéssemos as despesas correntes. Se esta renda viesse melhor diminuiria o nosso déficit. Precisamos fazer venda de jogadores e não está fácil para nós nem para nenhum clube do Brasil."
Críticas ao diretor de futebol Ocimar Bolicenho
"Fiquei acumulando a presidência e a gerência de futebol até maio e junho. Tentei obter a ajuda de vários atleticanos. Para que dessem o que eu dei em setembro, outubro e novembro do ano passado, 10 horas do meu dia, deixei o meu escritório de lado por algum tempo, tudo pela causa de não deixar o time cair para a Segunda Divisão. Não encontrei nenhum disponível, nenhum atleticano que conhecesse a área, até porque não é qualquer pessoa que toca o futebol, se dispôs. Recorri a um profissional da área que é o Ocimar, que estudou e se especializou, é uma pessoa honesta. Me deparei com uma certa revolta, porque ele era um paranista vindo para tocar o nosso futebol. Ora, em 1996 tivemos o Munir Calluf, que era coxa-branca, o (Odivonsir) Frega, outro coxa-branca, na parte jurídica temos os serviços do Domingos Moro, que é ou era conselheiro do Coritiba. Disse aos conselheiros que me dessem um único ato ilegal ou deslize do Ocimar para não contratá-lo. Ninguém me trouxe nada, se tivesse não o traria. Veja que no passado o Edinho ganhava mais que o Ocimar, e ele já tinha sido afastado um ano antes do cargo de treinador porque era empresário de jogadores. Não recebo nada mas acho que o presidente deveria ser remunerado. Você se afasta da família, dos amigos, dos seus afazeres, porém não será no meu mandato que isso irá acontecer. Também acho que o mandato de três anos é demais, dois anos seria o ideal."
Copa de 2014 pode não acontecer na Arena da Baixada
"A Copa não é do Atlético, e sim da cidade de Curitiba. O Atlético está cedendo o estádio, quem tem que ir atrás de verba, do PAC da Copa, que será de R$ 100 ou R$ 120 bilhões, segundo o que estão prometendo à Fifa, é o município. Ele (Petraglia) foi a pessoa que brigou pela Copa em Curitiba e depois na Arena. Ele brigou com a federação por isso e eu reconheço este esforço, admito. Uma coisa é a cidade ter R$ 3, R$ 4 bilhões, que é um orçamento até maior do que o da própria prefeitura, prevendo ampliação de aeroporto, das vias de acesso e do entorno da Arena. Outra é o legado que Curitiba terá com estas obras, acho extraordinário. Mas para concluirmos a Arena como está lá hoje, pelo projeto aprovado em 1999, precisaríamos de mais R$ 30 milhões. Já temos 75% de área construída e poderíamos concluir o estádio para as competições que participamos Paranaense, Brasileiro, Sul-Americana, Libertadores e até jogos de Eliminatórias da Copa. Para a Copa de 2014 tivemos de alterar o projeto, adicionar algumas coisas. Temos de achar alternativas para atender às condições do caderno de encargos, o governo não pode dar dinheiro ao Atlético, mas sim ao município e ao estado. Não precisamos fazer todas estas obras pedidas pela Fifa para o nosso uso, podemos junto com o nosso torcedor concluir o projeto inicial de conclusão. Não é justo termos de arcar com R$ 100 milhões sozinhos. Já fomos procurados por chineses, até pelo governo da Líbia, todos eles dispostos a gastar dinheiro e concluir estádio, mas na hora de pagar pedindo uma série de coisas, ai não. O projeto atual atendendo à Fifa custou R$ 2,5 milhões, dos quais pagamos R$ 1,5 milhão. O projeto poderá nem se concretizar, em 2006 era só um sonho e ainda está assim. Não assino nada de R$ 138 milhões para garantir a conclusão, se tiver um investidor ou aplicador, que queira explorar a publicidade do estádio, tudo bem, mas não seremos explorados. Ainda devemos este valor ao arquiteto Carlos Arcos, e se a Copa não for realizada lá, teremos que conversar. Se ninguém bancar esta diferença a Arena pode não receber a Copa, ai eles podem reformar o Pinheirão."
Copa de 2014 no Couto Pereira
"Se o nosso projeto de conclusão da Arena custa R$ 30 milhões, o deles não vai custar menos de R$ 330 milhões..."
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