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Diariamente, eles metem as mãos em "milhões de reais". Apertam, sacodem, esfregam com carinho e disposição. Executado o serviço com sucesso, liberam para entrar em campo. No Dia do Massagista, a Gazeta do Povo homenageia os profissionais que zelam pelo maior patrimônio dos clubes: as pernas dos jogadores.

Pouco lembrada no mundo da bola – exceto quando os homens pleiteiam o cargo em partidas promocionais envolvendo beldades –, a função de massagista vai muito além da corrida para borrifar o "spray milagroso" quando um jogador desaba no gramado.

Eles se encarregam de tarefas extras no dia-a-dia que vão desde preparar e coletar bebidas (sucos, café, isotônicos e água) e cortar frutas frescas, até atuar como conselheiro sentimental e, involuntariamente, alvo principal das gozações dos boleiros. Sem contar a função de garoto de recados do técnico para os jogadores e de ator, participando do "migué" para enrolar o jogo em busca da vitória.

Para marcar a data, escolhemos os três mais ilustres representantes da classe no estado, os massagistas de Atlético, Coritiba e Paraná. Saiba abaixo um pouco mais sobre as mãos santas e ágeis de Honório Ramos, João Miranda e Bolinha

Honório RamosCo-autor de um gol do Paraná no Maracanã

Honório Ramos da Silva, 53 anos, é provavelmente o único massagista do mundo que já deu assistência para um gol. Num jogo contra o Botafogo, no Maracanã (o ano ele ficou devendo), o zagueiro carioca preparava-se para sair com a bola, no exato momento em que Honório passava correndo atrás do gol. Esperto, o paranista gritou: "Passei, passei!". Distraído, o botafoguense tocou para quem chamava, e acabou servindo Márcio Nobre, que livre arrematou.

Honório já tem 10 anos defendendo as cores paranistas. Nascido em Santa Mariana, interior do estado, começou como engraxate no Londrina, aos nove anos. Aos 15, fez curso de auxiliar de enfermagem e ganhou a chance tão esperada. "A partir desse momento decidi que seria massagista. Passei pela Portuguesa Santista, Portuguesa (SP), trabalhei no Chile, fiz de tudo", disse Honório.

Depois de abandonar a bola por algum tempo, mandou currículo para os três times da capital em 1995 e foi escolhido pelo Tricolor. "Comecei nas categorias de base e fui subindo. Quando soube que iria para o profissional, em 99, quase caí pra trás".

João MirandaA cada corrida no campo, um "defunto" se levanta

O poder de João Gonçalves de Miranda como massagista é tão grande que é capaz até de ressuscitar os mortos. Bem, pelo menos é o que "acontece" nos "rachões" do Coritiba antes das partidas. De repente, um jogador cai duro no gramado. Seu João dispara em alta velocidade e preocupação para realizar o atendimento e, quando se aproxima, o "mal súbito" não passa de uma farsa.

Menos mal, a brincadeira dos atletas serve para atestar a boa forma de João aos 64 anos de idade e 48 de atendimento à beira do gramado. Natural de Paranaguá, litoral do estado, ele iniciou a profissão em casa, como contratado do extinto Seleto. "Vi o massagista do Rio Branco trabalhando e me interessei", revela .

Passou pelo Iguaçu (clube amador de Santa Felicidade), trabalhou em várias clínicas e em 94 chegou ao Coxa. Dois anos depois, passou dos juniores para o profissional. "Comecei trabalhando com o Rubens Minelli (técnico). Desde então foram muitos momentos bons, como os títulos do Paranaense em 1999 e 2004 e a participação na Copa Libertadores", disse o xodó dos jogadores.

BolinhaÍdolo da torcida rubro-negra mesmo sem marcar gols

Edmílson Aparecido Pinto é o nome de batismo. Mas quando ele pisa no gramado da Arena, o grito que ecoa das arquibancadas é "Bolinha!" Do alto de seus 13 anos dedicados ao clube (45 de vida), e do largo de aproximadamente 150 quilos em 1,64m, o massagista do Atlético virou ídolo graças ao carisma.

Adoração que chegou ao ponto de levar o torcedor a gritar por ele para cobrar pênaltis. Não apenas isso. O povo já o aclamou até para ser presidente do Rubro-Negro.

A propósito, o excesso de massa que lhe valeu o apelido foi justamente o fator responsável pela escolha da carreira fora das quatro linhas. "Quando pequeno eu já era gordinho, então ficava de fora das peladas, só buscando água...", lembra.

Após aprender o ofício com o ex-jogador Bacalhau, Bolinha foi contratado pela Caldense (MG), sua terra natal. Rodou por diversos clubes e em 1993 parou no Atlético, por indicação do ex-dirigente Jesus Vicentini. "Já tenho uma história de vida aqui, de muito trabalho e amor por essas cores", exalta.

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