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Título mundial de 50 no Maracanã lotado: força uruguaia | Reprodução/Agência Estado
Título mundial de 50 no Maracanã lotado: força uruguaia| Foto: Reprodução/Agência Estado

Quando ainda era zagueiro do São Paulo, Diego Lugano deu, talvez, a mais definitiva explicação para o significado da seleção campeã mundial de 1950 para o povo uruguaio. Questionado sobre se costumava brincar de ser Obdúlio Varela nas peladas da infância em sua cidade, Canelones, silenciou por alguns segundos e respondeu: "Não se brinca de ser Deus."

Fonte de traumas e lendas para o futebol brasileiro, o Maracanazo tem efeito similar – embora claramente mais festivo – entre os uruguaios. Uma admiração transmitida de geração para geração e que faz parte da rotina da equipe que enfrenta o Brasil nesta quarta-feira (25), em Belo Horizonte, na semifinal da Copa das Confederações.

No Complexo Celeste, on­­de as seleções uruguaias treinam, há um painel com foto em tamanho real de Obdúlio Varela segurando a Taça Jules Rimet. Há, também, um de Juan Nasazzi, o capitão campeão mundial em 1930 e olímpico em 1924 e 1928. Livros sobre a seleção de 50 ocupam prateleiras da biblioteca do CT. Inspirações contínuas para craques internacionais como Forlán, Suárez e Cavani.

"É muito comum no Uru­­guai que a seleção de 1950 seja reverenciada, vista com muito orgulho. Representa uma época muito importante para o futebol uruguaio, de pessoas muito humildes e muito boas", afirmou o técnico Óscar Tabárez, em longo depoimento sobre o Maracanazo, na véspera da estreia na Copa das Confederações, contra a Espanha, no Recife.

Uma reverência que às vezes se mistura às lendas e cria, nas palavras de Tabárez, que tinha 3 anos em 1950, uma cobrança e uma avaliação injustas do futebol uruguaio. "Quando eu era criança, diziam que em cem jogos só ganhamos esse porque fomos mais homens, demos mais chutes. O futebol me levou a lugares onde pude falar com muitos deles [campeões de 1950]. Em 1989, fomos jogar com a Itália e encontrei Schiaffino. Ele me perguntou: ‘Sabe o que aconteceu na final de 50? Cometemos 11 faltas em todo o jogo’. Só isso coloca de lado essas versões de pessoas que não eram informadas", afirmou. "É algo que nunca conseguiremos repetir. Os verdadeiros campeões são eles. É injusto [cobrar que se repita]", prossegue.

Desfazer as lendas de 50 explica muito do sucesso de Tabárez na Celeste. Desde que assumiu a seleção pela segunda vez, em 2006, tem se preocupado em formar uma equipe que se imponha pelo futebol, não pela mítica da raça uruguaia. Assim chegou ao quarto lugar no Mundial da África do Sul, em 2010, e ao título da Copa América de 2011. Assim ensina aos garotos das seleções de base que também coordena. Um esforço contínuo para formar um futebol que se inspire, mas não tente copiar a equipe de 63 anos atrás. "Nada se compara ao Maracanazo", diz o Maestro.

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