Redução de verbas orçamentárias, atrasos nas obras, cobrança da Fifa, obras com suspeitas de irregularidades, indefinição do estádio para a abertura da Copa do Mundo e, até, do número de sedes. Se na teoria o cronograma de obras dos estádios da Copa de 2014 está quase todo em dia, na prática é impossível saber em que patamar situa-se o próximo Mundial.
Não há dúvidas de que as obras relacionadas à Copa no Brasil estão atrasadas. Mas a pergunta que fica é "como" e "em quais circunstâncias".
Em Abu Dabi, de onde acompanhou o Inter de Milão ser o campeão mundial da Fifa, o presidente Joseph Blatter expressou sua preocupação e criticou o país por estar deixando de lado as obras no setor de infraestrutura.
"Talvez tenhamos que tocar o sino no Brasil para dizer que a Copa é em três anos e meio", espetou o dirigente.
De Brasília, o ministro dos Esportes, Orlando Silva, retrucou: "A preocupação do presidente Blatter é uma preocupação que é próxima da nossa. Mas eu tenho confiança de que o programa de investimentos definido para preparar o Brasil para a Copa do Mundo será cumprido", afirmou o ministro.
Por trás de um discurso que mantém a preocupação centrada principalmente nos aeroportos e hospedagem, a Fifa esconde uma grande apreensão pelo corte orçamentário para 2011. A redução dos gastos previstos para a preparação das cidades-sede da Copa de 2014 foi anunciada há duas semanas. Dos R$ 900 milhões que estavam previstos, R$ 540 milhões foram ceifados.
Para piorar, a comparação com os Mundiais anteriores deixa o Brasil em situação difícil. No caso de aeroportos, na África do Sul, por exemplo, houve casos como o de Johannesburgo em que a reforma levou três anos e os gastos chegaram a R$ 1,5 bilhão. E mesmo assim o caos aéreo fez com que muitos torcedores não conseguissem chegar a tempo às cidades para assistir às partidas.
Nesse contexto, até o andamento das obras nos estádios se tornam preocupantes. Embora o fato tenha sido tratado como normal pela Fifa, faltando 24 meses para que o prazo de conclusão das obras dado pela entidade se esgote a situação do Brasil é pior do que a da última Copa.
De acordo com levantamento do Sindicato da Arquitetura e Engenharia (Sinaenco), 10 das 12 sedes estão cumprindo o cronograma. As exceções são o estádio do Corinthians, em São Paulo, e o de Natal, que enfrentou problemas judiciais e ainda não foi licitado veja o andamento de cada sede ao lado.
Contudo, na África do Sul o tempo mínimo para a construção de cada estádio novo foi de 33 meses. Para piorar, nenhuma praça esportiva foi concluída em apenas dois anos. O Brasil também foi que começou mais tarde a preparação para o Mundial. Na Alemanha, por exemplo, dez praças esportivas tinham obras avançadas faltando três anos e meio para a competição. Por aqui, das edificações que começaram do zero, Manaus e Cuiabá são os mais avançados, com 20% da obra concluída.
Na prática, significa dizer que a Arena Amazônia e a Arena Pantanal ainda não terminaram de fazer a fundação dos estádios.
Nada que afete o otimismo do presidente do COL, Ricardo Teixeira. "Este é o momento do trabalho que não aparece para o público, mas é igualmente importante, pois se trata do planejamento".
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