O meia-atacante Marcos Guilherme, do Atlético, revelou ter sido chamado de "macaco" pelo atacante Facundo Castro, do Uruguai, em partida válida pelo Sul-Americano Sub-20, nesta segunda-feira (26). O empate por 0 a 0, no Estádio Centenário, em Montevidéu, encerrou a primeira rodada do hexagonal final do torneio.
"Cinco vezes o cara me chamou de macaco. Já enfrentei várias situações dessas no Brasil. Isso não pode acontecer. Alguém tem de tomar uma atitude, senão isso não vai parar nunca", afirmou Marcos Guilherme, visivelmente nervoso, em entrevista ao canal SporTV, após a partida.
Castro negou a ofensa à imprensa uruguaia. "Que se preocupem mais em jogar e não com coisas extracampo", rebateu.
No vestiário, Marcos Guilherme reafirmou a agressão. O atleticano deu mais detalhes de agressão e prometeu prestar queixa contra Castro logo após deixar o estádio.
"Vamos fazer queixa para ver se alguém toma providência. Ele falou alto e claro, o número 7, nem tampou a boca. Se a câmera [de televisão] mostrou, vai ajudar muito. A gente nunca espera passar por isso. Não estou falando para fazer média, dar de coitado. É lamentável, espero que alguém tome providência", disse, antes de lembrar de outros casos recentes de injúria racial no futebol.
"São vários fatos que ocorreram com o Aranha, o Tinga, o Arouca e ninguém toma providência para acabar com isso. Estamos representando o país, nossa família em casa torcendo e vê isso, sofrer racismo dentro do nosso trabalho. Que alguém tome providência. Mas nada vai abalar nosso objetivo de ganhar o título, mesmo contra racismo ou arbitragem", afirmou, indignado.
Segundo controle do Observatório Racial do Futebol, foram 20 casos de racismo nos gramados brasileiros em 2014. Os de maior repercussão tiveram como vítimas o árbitro Márcio Chagas da Silva e o goleiro Aranha.
Márcio Chagas encontrou bananas sobre seu carro após apitar o jogo entre Esportivo e Veranópolis, dia 5 de março, pelo Campeonato Gaúcho. O Esportivo perdeu nove pontos e, no recurso, teve a punição reduzida para três pontos, mas ainda assim acabou rebaixado.
No dia 28 de agosto, torcedores do Grêmio xingaram de "macaco" o goleiro Aranha, do Santos, em jogo pela Copa do Brasil, em Porto Alegre. O clube gaúcho foi eliminado do torneio em primeira instância. No Pleno, perdeu três pontos, o que na prática resultaria também na eliminação. A Polícia Civil abriu inquérito contra torcedores identificados xingando Aranha.
No exterior, o meia Tinga, do Cruzeiro, foi ofendido com urros imitando macaco cada vez que pegava na bola na partida contra o Real Garcilaso, do Peru, pela Libertadores. A Conmebol multou o time peruano em R$ 27,8 mil.
É exatamente da Confederação Sul-Americana que o técnico Alexandre Gallo, da seleção brasileira sub-20, espera uma atitude em resposta à agressão sofrida por Marcos Guilherme.
"Conversamos com o atleta, acalmamos ele. O Marcos Guilherme ficou chateado e incomodado. Os outros atletas também ficaram, porque acompanharam tudo de dentro de campo. A Conmebol precisa tomar frente nessa questão porque o futebol e o esporte não podem passar por isso", disse o treinador, expulso por reclamação.
Titular durante toda a primeira fase do torneio, Marcos Guilherme começou a partida no banco de reservas, dentro de um pacote de sete mudanças promovidas por Gallo. O treinador tirou jogadores leves para apostar na força física de nomes como Thalles, Yuri Mamute e Gabriel. Marcos Guilherme entrou em campo aos 14 minutos do segundo tempo, no lugar de Gabriel.
Nos demais jogos da rodada, a Argentina bateu o Peru por 2 a 0 e Paraguai e Colômbia empataram por 0 a 0. O Brasil volta a campo nesta quinta-feira (29), contra os paraguaios, às 17h40 (de Brasília). Os quatro primeiros se classificam para o Campeonato Mundial, em junho, na Turquia.
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