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Até 21 de junho, ele comandou o futebol do Grêmio. Polêmico e sem meias palavras, Mário Sérgio Pontes de Paiva contratou mais de 40 atletas, administrou as primeiras broncas de vestiário e garante ter largado o cargo depois de ter "cumprido o dever de montar o melhor elenco da Série B".

Embora magoado com parte da imprensa e com algumas pessoas no clube, Mário elogiou o presidente Paulo Odone, o assessor Renato Moreira, o técnico Mano Menezes e a comissão técnica. Hoje, depois de ter acompanhado o sucesso do time, o ex-diretor revelou histórias que eram secretas.

Anderson por R$ 60 mil

– Sem falsa modéstia: o Grêmio não perdeu Anderson por minha causa - revela Mário Sérgio.

Depois desta frase, entre garfadas de saladas e quibe, o ex-diretor revelou, aos poucos, uma surpreendente história:

– Puxei dois cheques meus, um de R$ 50 mil e outro de R$ 10 mil. Ali garantimos a permanência do Anderson.

Como assim? Onde? Quem levou a grana?

– Pelo começo. Numa quinta-feira, um empresário me revelou que um colega seu e ele tinham um contrato encaminhado com a mãe do Anderson. Peguei uma cópia e o submeti ao jurídico do Grêmio. Recebi uma resposta apavorante: o Grêmio perderia o jogador na segunda-feira e levaria apenas R$ 570 mil de multa.

E aí, Mário?

– Então, na noite de sexta-feira, me reuni com um funcionário do Grêmio, a mãe do Anderson e sua advogada. Nem sei que lugar era. Revelei à mãe do guri que eu sabia do contrato com os dois empresários, expus o interesse do clube e lembrei a ela que o Anderson tinha assinado, no Olímpico, um contrato de R$ 40 mil por mês e multa de R$ 52 milhões.

Neste momento, Mário remonta a história:

– Se a mãe não assinasse nosso contrato, de nada valeria o acerto com o Anderson. Foi aí que puxei dois cheques, o de R$ 50 mil para a Doralice e o de R$ 10 mil para a advogada. Depois o Grêmio me ressarciu.

Mas porque será que o empresário traiu a confiança do parceiro?

– Não sei, talvez problema de comissão.

Mano desde janeiro

Depois de contratar Mário Sérgio para diretor, Bonamigo foi tentado para ser o treinador. Diante de sua negativa, Mano Menezes passou a ser o técnico preferido do presidente Paulo Odone. Mário foi contrário à idéia, mas fez a sondagem com o então técnico do Caxias:

– Disse para o Odone que precisaríamos de um técnico identificado com o clube. Então surgiu o nome do De León e o contratei.

A demissão do capitão do Mundial foi também conjunta, segundo Mário Sérgio:

– Ele estava muito abatido e não poderíamos entrar na Segundona com alguém assim. O presidente concordou, conversei com o Hugo e fizemos a troca.

Choro de Somália

A dispensa de Somália, em 9 de maio, também tem um detalhe não conhecido até então. Depois de ter sido flagrado em atos de indisciplina num hotel, o centroavante foi chamado por Mário Sérgio, que tinha autorização para demiti-lo.

– Ele entrou chorando na minha sala e fechou a trancou a porta. Pensei que ia apanhar (risos).

Mano chegou em seguida. Então, relembra Mário Sérgio:

– Frente a frente com o Mano, Somália prometeu até concentrar três dias antes de todos os jogos, arrependido. Chorava como criança. O técnico aceitou sua permanência. Saíram da minha sala e, cinco minutos depois, o Mano me ligou arrependido, dizendo que não queria mais o Somália.

Então o ex-diretor voltou a chamar o centroavante e rescindiu o contrato.

Acerto

– Ter definido com clareza o projeto para o time subir. Depois de contratar por balaio, ter selecionado e montado o melhor elenco da Série B. Graças à minha sorte e competência – afirmou Mário Sérgio.

Erro

– Ter engolido a volta do Márcio (goleiro). Por questão política, para agradar a torcida, admiti que ele voltasse. Até porque o Eduardo não estava bem. Mas depois o Márcio falhou feio diante do 15 e não fomos às finais do Estadual – disse.

Orgulho

– Ver o time subir. Não perdi um jogo, vi pela tevê. Torci muito. Todos tiveram seus méritos: jogadores, comissão técnica e dirigentes. Além do mérito, era obrigação subir – declarou o ex-jogador.

Arrependimento

– Quando me irritava com parte da imprensa, eu pensava que, ao optar por ser diretor e não técnico, eu deixei de ganhar uns R$ 60 mil por mês – disse.

Reassumiria hoje?

– Nem falar! A imprensa faz críticas descabidas. Tem muita gente que não gosta de mim. Mas deixa assim. Fui campeão invicto pelo Inter (1979), campeão mundial pelo Grêmio (1983), ajudei a Grêmio a subir agora e voltarei uma quarta vez daqui um tempo – concluiu Mário Sérgio.

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