Os médicos que liberaram a atleta transexual Tifanny para jogar na Super Liga feminina de vôlei acham que ela não deveria jogar atuar com as mulheres.
A atacante de 34 anos e 1,94 de altura tem a autorização da Comissão Nacional Médica (Conamev), concedida em dezembro de 2017, como base em recomendações do Comitê Olímpico Internacional (COI). Mesmo assim, segundo o jornal o Globo, o coordenador da Conamev (Comissão Nacional de Médicos do Voleibol), João Granjeiro, acredita que Tifanny não deveria mais atuar no voleibol feminino.
“Ela nasceu homem e construiu seu corpo, músculos, ossos, articulações com testosterona alta. Nenhuma mulher, a não ser que tenha usado testosterona de origem externa ao organismo, conseguiria formar o mesmo corpo. É só olhar para a atleta, alta e muito forte”, opinou Granjeiro, em entrevista ao O Globo.
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Tifanny apresentou documentação jurídica (identidade ou passaporte com nome e foto de mulher) e médica (exame dos últimos 12 meses com nível de testosterona abaixo de 10nmol/L ou 288 ng/dL). Médico da Confederação Brasileira de Voleibol e responsável pela área clínica da Conamev, João Olyntho, explica como funciona o processo, mas faz um alerta.
“Se a testosterona estiver acima desse limite, ela terá de parar de jogar e o processo volta ao início. Terá de apresentar novos exames durante um ano dentro das recomendações do COI. Só depois será liberada novamente”, esclarece o médico. “Leva-se em consideração apenas o último ano em relação ao nível de testosterona. Mas e os outros anos todos na vida dessa atleta? Foram 30 anos”, pondera, também em entrevista ao O Globo.
Tifanny x Ana Paula
Após iniciar a mudança de sexo em 2013, Tiffany virou a primeira atleta transexual a atuar na Super Liga de vôlei feminino, quando estreou em dezembro de 2017. Nesta semana, o técnico Bernardinho questionou durante o jogo de seu time, o Sesc-RJ, contra o Sesi Bauru. “Um homem. É f...” , reclamou o treinador após um ponto marcado por Tiffany.
O Sesi Bauru eliminou o Sesc-RJ, nas quartas de final do torneio, e Tiffany foi a maior pontuadora da partida. Depois da polêmica, Bernardinho se desculpou e a jogadora minimizou a polêmica com o campeão olímpico . Mas a ex-jogadora Ana Paula Henkel, saiu em defesa do treinador e chamou a “militância trans de minoria barulhenta” . Como resposta, Tiffany acusou as declarações de Ana Paula de transfóbicas e homofóbicas .