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Briga em Joinville

Vascaíno vai a júri popular por tentativa de homicídio

O torcedor do Vasco Leone Mendes da Silva vai a júri popular por tentativa de homicídio qualificado contra o atleticano Estevam Vieira da Silva na briga entre torcidas de Atlético e Vasco, no dia 8 de dezembro de 2013, na Arena Joinville, durante a última rodada do Brasileiro. A decisão foi divulgada ontem pela juíza Karen Francis Schubert Reimer, da 1ª Vara Criminal de Joinville. O réu pode recorrer da decisão.

As duas qualificadoras da tentativa de homicídio são motivo fútil e impossibilidade de defesa. Além disso, Leone será julgado por crime de tumulto em eventos esportivos, lesão corporal grave, destruição do patrimônio alheio e roubo. A pena prevista é de 13 a 35 anos pelos crimes.

Em juízo, o vascaíno afirmou que apenas "defendeu-se das agressões, que não se recorda de momentos da confusão e que também não tinha um pedaço de madeira nas mãos", ao contrário do que mostram claramente as imagens da transmissão de televisão. O pau tinha pregos na ponta. Ele foi encontrado pela polícia no banheiro do ônibus da torcida carioca.

O barbeiro de 24 anos está solto desde o dia 19 de março e precisa, como medida cautelar, apresentar-se à delegacia de polícia de Nova Iguaçu, onde mora, durante as partidas do Vasco. Ele foi identificado por meio de imagens de televisão.

Os também vascaínos Arthur Barcelos Lima Ferreira e Jonathan Fernandes dos Santos, que estavam na mesma ação penal de Leone, tiveram os processos separados, mas a decisão ainda não foi anunciada.

Apenas cinco dias antes de a barbárie protagonizada por torcedores de Vasco e Atlético no Brasileirão de 2013 completar um ano, a diretoria do Furacão tomou uma atitude surpreendente. Com medo de sofrer uma punição semelhante àquela imposta pelo STJD pela briga dos torcedores na Arena Joinville – caso novas agressões ocorressem–, o clube decidiu abrir mão de todos os ingressos a que tinha direito para o jogo deste domingo, às 17 horas, contra o Palmeiras, no Allianz Parque.

A decisão foi anunciada no fim da manhã aos torcedores. O Rubro-Negro tinha cerca de 4 mil ingressos para solicitar e disponibilizar aos seus torcedores, tanto na bilheteria do estádio palmeirense, quanto em Curitiba. A ideia partiu do Ministério Público de São Paulo. Segundo o promotor Paulo Castilho, a sugestão foi repassada ao presidente palmeirense, Paulo Nobre, que conversou com Mario Celso Petraglia.

"A arena não tem nenhuma barreira de contenção. O torcedor é passional, então temos de prever o pior", disse Castilho à Gazeta do Povo.

As confusões do jogo Vasco e Atlético de 8 de dezembro de 2013 custaram uma multa de R$ 80 mil (fora os R$ 3 mil para reparos no estádio) e a perda de nove mandos de campo: cinco partidas longe de Curitiba e quatro com os portões fechados. Além do prejuízo esportivo incalculável, o financeiro beirou os R$ 2 milhões (considerando a arrecadação média dos dez jogos do time na Arena após sua reinauguração).

O objetivo da diretoria atleticana agora foi evitar eventuais confrontos de torcedores, principalmente caso o Palmeiras seja rebaixado (para que isso aconteça, o Alviverde precisa perder e um dos adversários diretos, Vitória ou Bahia, vencer).

"Em razão de conhecimento de ameaças de confrontos entre torcidas organizadas e de solicitações das autoridades responsáveis, o Clube Atlético Paranaense informa que não exercerá o direito de compra de sua cota de ingressos para a partida de domingo", diz nota do clube.

Há relatos em redes sociais de que como as torcidas Mancha Verde (Palmeiras) e Força Jovem (Vasco) são parceiras haveria um risco maior, já que um encontro com a organizada atleticana é encarado como "vingança".

Frustração

A decisão de não aceitar os ingressos frustrou e revoltou alguns torcedores. A uniformizada Os Fanáticos lamentou a postura da diretoria. "Muito triste isso. Mesmo o jogo não valendo nada, com valor absurdo do ingresso, iríamos nos fazer presente", disse Gilmar Alves, diretor de viagens da organizada. Para apimentar a polêmica, a torcida afirmou que a decisão foi do Atlético, já que a PM teria afirmado aos torcedores que a segurança para as torcidas estaria garantida. "É uma pena que proíbam a gente, já que um estádio tão moderno como esse deveria ter segurança para todos ", acrescentou.

Para o torcedor Gabriel Curty, morador de São Paulo, a notícia foi frustrante. Embora estivesse receoso sobre possíveis confrontos entre uniformizadas, a vontade de ir ao jogo era maior. "Mesmo não valendo nada para o Atlético, poucas são as minhas chances de ver o time aqui. Então aproveito sempre que enfrenta um time de São Paulo", comentou. Apesar de chateado, o torcedor diz entender a decisão. "Entendo a medida da diretoria do Atlético e o medo de perder novamente mandos de campo."

Colaborou: Bruno Rolim, especial para a Gazeta do Povo

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