Da nova leva de reforços desconhecidos apresentados ontem pelo Coritiba, um jogador em especial chamou a atenção: o meia-atacante Júlio Madureira, de 23 anos, resgata em parte a história alviverde.
A cena se repetia a cada jogo do Coxa no Couto Pereira entre 1987 e 88. Centroavante matador, Mauro Madureira não desperdiçava a chance de entrar em campo de mãos dadas com o filho Júlio César, então com 5 anos. Era o seu pé-de-coelho.
O tempo passou, o DNA da bola falou mais alto e Júlio seguiu o caminho do futebol. Desejava ser goleador como o pai famoso. E o destino quis que o garoto desse os primeiros passos calçando uma chuteira justamente no Coritiba. Permaneceu lá até o dente-de-leite. Em 93, porém, virou a casaca e passou a treinar no Paraná. Se profissionalizou no Tricolor e logo em seguida ganhou o mundo. Jogou pelo italiano Valenciana e pelos portugueses Marco de Canavezes e Espinho antes de realizar o sonho de torcedor. Precisava atuar pelo seu Coxa.
De férias na cidade, Júlio quase não acreditou quando foi chamado para conversar com os dirigentes coritibanos. Havia sido indicado por empresários. O acerto foi rápido. Após um hiato de 18 anos, a família Madureira volta a ter um representante no Alto da Glória. "Venho para fazer história dentro do Coritiba. Esse era o meu objetivo. Foi aqui que tudo começou, que nasceu o sonho de me tornar jogador de futebol", revelou. "É inevitável que me comparem ao meu pai. As pessoas me vêem como o espelho do Mauro Madureira. Mas eu sou o Júlio e quero construir a minha história dentro do clube. Sou a segunda geração dos Madureira", ressaltou, esbanjando personalidade e evitando comparações. "Meu pai era um centroavante de área. Sou um atacante de velocidade, que atua mais pelos lados do campo", comentou.
Se o tempo de Europa valeu pela experiência e retorno financeiro, Júlio corre agora atrás de reconhecimento. Quer firmar o nome no futebol brasileiro. Para isso já traçou a meta: tirar o Coxa do inferno da Segunda Divisão. "Mesmo acompanhando de longe, fiquei muito triste com o rebaixamento. Quero ajudar o time para o qual torcia quando criança a voltar a um lugar de destaque", disse.
Emocionado por ver o sonho do filho realizado, Mauro não esconde a empolgação. Enquanto não arruma um time para treinar (dirigiu o Paranavaí no Paranaense do ano passado), o pai coruja já se prepara para estar nas arquibancadas do Couto Pereira torcendo pelo filho. E pelo Coxa. "O Júlio é melhor que eu. Tem mais habilidade, mais força... Será emocionante vê-lo com a camisa do Coritiba. Voltaremos no tempo, só que com os papéis invertidos. Que pai não gosta de ver o filho feliz, com o sonho realizado?", afirmou.