Serviço
Campeonato Paranaense de Ciclismo de Pista, a partir das 9 horas, no Velôdromo do Jardim Botânico. Entrada franca.
Ciclistas acelerando acima dos 60 km/h em provas curtas, com chegadas concorridíssimas em um circuito fechado. Essa combinação lotou o Velódromo do Parque Olímpico de Londres para as provas do ciclismo de pista na última Olimpíada. Atraiu até o beatle Paul McCartney para assistir aos eventos in loco. O time de britânicos amealhou sete dos dez ouros em disputa nos Jogos. Um passeio.
Tal interesse parece algo inimaginável no Brasil. Prova disso pode ser conferida hoje (a partir das 9 horas) no Jardim Botânico, quando ocorre para cerca de 40 atletas o desfecho do Campeonato Paranaense da modalidade.
Além dos poucos fãs na arquibancada, tempos bem abaixo do nível internacional médio serão registrados em Curitiba. Nenhum brasileiro nem sequer se classificou para uma Olimpíada no ciclismo de pista. E as chances de chegar a uma equipe de fato competitiva nos Jogos de 2016 são improváveis.
Ao contrário da Grã-Bretanha, que reforçou o investimento financeiro com mais de oito anos para chegar ao festival de pódios nos Jogos de Londres, o Brasil ainda não percebeu no esporte uma mina de ouros para o quadro de medalhas. Afinal, os cinco eventos disputados no masculino e no feminino (Ominium, Perseguição, Velocidade individual e em equipe e Keirin), colocam em jogo 30 medalhas. Em 2011, a Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) recebeu R$ 1,3 milhão do Ministério do Esporte em um dos primeiros aportes exclusivos para a seleção nacional da modalidade.
"As maiores dificuldades é termos um calendário curto de provas e a maioria das equipes brasileiras de ciclismo tem foco maior nas provas de estrada, não de pista. Poucos atletas têm o desenvolvimento específico para as provas de velocidade no velódromo. Às vezes, nem o próprio pessoal do ciclismo assiste às provas de pista", diz o técnico da equipe curitibana GF/Unilance, Edson Ferreira, o Nescau.
No modelo britânico, o investimento financeiro pesado para rechear os pódios foi a partir de 2004, e refletiu nos sete ouros dos Jogos de Pequim, uma prévia do total dos Jogos que sediaram.
Já o Brasil ainda não tem ciclistas pontuando no ranking internacional e 13.º lugar do paulista Flávio Cipriano em uma etapa da Copa do Mundo, no Keirin, foi motivo de festejo. "Se houvesse um ranking de 20 países na disputa, o Brasil estaria por volta do 18.º ou 19.º lugar", estima o curitibano Davi Romeo, bicampeão brasileiro da prova e que compete hoje.
"Alguns times nacionais começam a ter bicicletas equivalentes as dos europeus, mas, na questão técnica, ainda estamos com cerca de 30% a 40% de defasagem para alcançar os melhores tempos", diz o ciclista, que compõe o time carioca Live Wright, montado com investimento para se ter uma equipe profissional visando os Jogos Olímpicos de 2016 e de 2020.
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