Desde que entrou na elite, Adriano de Souza, o Mineirinho, carrega sobre a prancha a maior esperança do surfe brasileiro - a de ter um campeão mundial. Nesta terça-feira, após quatro anos remando contra os melhores do mundo, o paulista conseguiu a mais importante façanha de sua carreira e deu um grande passo rumo ao seu sonho.
A etapa era a de Mundaka, mas a temperamental e perfeita onda não apareceu, e foi Sopelana - a 40km de lá - quem deu sorte ao brasileiro, de 22 anos. Ele derrotou o australiano Chris Davidson e ergueu uma taça pela primeira vez. De quebra, pulou da sexta para a terceira colocação do ranking. Após o oitavo dos dez desafios, a lista tem novo líder, o australiano Mick Fanning. "Esse é nosso, Brasil. Sopelana agora é minha casa", disse, logo após sair da água. Mineirinho aumentou para 15 o número de vitórias do país no Circuito Mundial. O último brasileiro a ganhar uma etapa tinha sido Bruno Santos, no ano passado, em Teahupoo, no Taiti. Bruninho, porém, era convidado, e não integrante da elite. Entre os 45 melhores surfistas que a integram, o jejum verde e amarelo era de sete anos. Neco Padaratz, em 2002, na França, conquistou para o Brasil a última vitória. Para tal, derrotou na decisão o havaiano Andy Irons, que naquele ano acabou conquistando o primeiro de seus três títulos mundiais.
Mineirinho começou a vislumbrar o título em Sopelana ainda nas quartas de final, quando eliminou o havaiano Fred Patacchia, surfista que vinha embalado pela vitória sobre Fanning. O adversário seguinte era Kelly Slater, eneacampeão do mundo. O brasileiro trazia uma lembrança doída: a derrota na final da etapa de Imbituba, em Santa Catarina. O triunfo naquelas águas colocou o americano na briga pelo título da temporada pulou de 25º para nono. A eliminação nesta terça, diante de Mineirinho, o fez cair da quinta para a sexta.
Com Slater na areia, era hora de encarar Davidson. Famoso por estar sempre em festas e com um copo de cerveja nas mãos, o australiano também buscava sua primeira vitória. Mas o sonho aussie logo virou pesadelo. Ou ressaca.
Mineirinho brincou nas ondas bascas. Começou o show com uma nota 7,50. Acrescentou à soma um 6,00, que logo foi descartado por um 6,67. A melhor nota de Davidson era 4,33. Ele precisava de 9,84 para virar. Tirou 6,83 e diminuiu a diferença. Ainda faltava um 7,35.
A três minutos do fim, Mineirinho pegou uma ótima esquerda, ganhou 8,90 e comemorou como nunca. Até o australiano se rendeu. Antes mesmo de a buzina anunciar a vitória do brasileiro, foi abraçá-lo. Era hora de comemorar. "Quero dividir esse momento com todos os meus amigos", disse o brasileiro.
Neste ano, Mineirinho foi vice-campeão de duas etapas. Perdeu para o australiano Joel Parkinson, líder do ranking, na Gold Coast australiana, e para o americano Kelly Slater, eneacampeão mundial, em Imbituba, Santa Catarina. Foi quinto colocado no temido pico de Teahupoo, no Taiti, e em Trestles, na Califórni. Caiu na terceira fase na australiana Bells Beach e em Jeffreys Bay, na África do Sul, e na repescagem de Seignosse, na França.
A próxima etapa do Circuito Mundial masculino começa no dia 19, em Peniche, em Portugal.
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