Depois de ver o Brasil humilhado e eliminado da Copa do Mundo, Felipão falou durante pouco mais de 22 minutos sobre o que ele classificou como "o pior dia da vida dele". Ainda dentro de campo, na roda que os jogadores brasileiros formaram após o apito final, o técnico fez questão de assumir a responsabilidade pelo vexame. Ele reforçou esse discurso e pediu desculpas pelo revés diante da Alemanha.
Linha do tempo: Confira os sete gols da Alemanha
"Os torcedores vieram para nos apoiar e peço desculpas pelo resultado negativo, desculpas por não ter chegado a uma final. Os jogadores vão querer dividir a culpa, mas fui eu que fiz as escolhas", declarou.
O treinador foi sereno aos responder os questionamentos sobre a goleada. Diferentemente do que foi visto em campo, para ele, o Brasil dominava a Alemanha e acabou sofrendo uma pane quando viu o adversário abrir o placar.
"Estava tudo organizado até o primeiro gol e depois começou a dar um branco total. Houve descontrole, ficamos em pânico e as coisas foram acontecendo naturalmente para eles", disse ao citar os cinco gols sofridos antes dos 30 do primeiro tempo. Quatro deles saíram apenas num intervalo de sete minutos.
A maior experiência do time alemão também pesou para a derrota, segundo Scolari. Dos 11 alemães que entraram em campo, nove haviam disputado a Copa de 2010, na África do Sul. No time brasileiro, apenas três atletas tinham experiência em Mundiais: Júlio César, Maicon e Fred.
"Esta Alemanha está sendo trabalhada há muitos anos. No nosso time, provavelmente vocês ainda vão ver 12 ou 13 jogadores na próxima Copa, que vão crescer mais com o tempo", projetou o técnico do pentacampeonato, em 2002.
O desequilíbrio emocional do elenco foi um dos temas mais debatidos durante o Mundial. Scolari, desde que voltou ao comando da seleção, em novembro de 2012, assumiu a posição de colocar a conquista do Mundial em casa como uma obrigação para os jogadores. Além disso, também classificou a equipe como principal favorita ao título. "Não tem arrependimento pelo que eu disse. Jogando em casa, tínhamos que ser campeões. Não perdemos porque os atletas sentiram pressão", defendeu.
No comando do Palmeiras, em 2011, ele viu o time paulista perder por 6 a 0 do Coritiba no Couto Pereira, nas quartas de final da Copa do Brasil daquele ano. Outra grande decepção de Felipão é a derrota em casa para a Grécia na final da Eurocopa de 2004, quando dirigia Portugal. O revés no Mineirão, porém, supera os traumas anteriores. É a pior derrota da carreira de Felipão.
"Vou ser lembrado sempre por isso, mas era um risco que sabia que estava correndo quando aceitei reassumir a seleção", falou o técnico que deve encerrar a segunda passagem no comando do time verde-amarelo no próximo sábado, após a disputa do terceiro lugar, em Brasília.