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Alceu Zauer foi um dos maiores jogadores que já pisou no gramado do Durival Britto. Hoje, aos 76 anos, ele guarda com orgulho um livro com recortes e fotos da sua vitoriosa carreira. Na maioria das páginas, o álbum traz convites para jogar no Palmeiras, manchetes o apontando como o melhor da rodada e pressão da mídia local para vê-lo na seleção brasileira de 58.

Não há reparos no histórico esportivo desse simpático senhor. Até mesmo o prêmio Belfort Duarte, dado os atletas mais disciplinados, ele recebeu. Também ganhou inúmeros títulos. Porém ficou marcado por um jogo. No dia 31/7/60, ele recebeu uma exótica orientação do técnico uruguaio Felix Magno. Mesmo sendo meio-campista, foi deslocado para a lateral-esquerda do Ferroviário. Motivo: marcar Garrincha.

O treinador quis usar o prestígio de Alceu para acalmar a torcida. Achava perigoso colocar outro jogador na árdua missão. Deu certo. "Choveu muito naquele dia e o gramado estava molhado. No primeiro lance, fui com tudo em cima dele, escorreguei e cai sentando no chão. O público delirou", diz. "Mas depois, com o passar do tempo, me impus. Até dei uns dribles na fera", garante.

"Tenho só boas lembranças desse fato. O Mané acabou sendo muito legal comigo. Ele sabia que eu jogava limpo. Não dei uma botinada sequer. Quando terminou o confronto, esse extraordinário ponta-direita declarou que não encontrou nenhum ‘João’. Isso me orgulha", completa, referindo-se ao apelido que o camisa 7 supostamente dava aos marcadores sem talento.

Mesmo tantos anos depois, seu Alceu ainda é modesto ao falar do memorável encontro. "Quando me perguntam se eu marquei o Garrincha, digo que não. Apenas tentei marcá-lo. Era impossível. Dribles rápidos para a direita e muita velocidade. Algo incrível", descreve. O ponteiro do Botafogo, duas temporadas depois, tornou-se o herói brasileiro na conquista do bicampeonato mundial no Chile.

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