A atuação da assistente Ana Paula Oliveira no jogo que marcou a eliminação do Botafogo na Copa do Brasil poderia ser o estopim para apenas mais uma polêmica sobre arbitragem no futebol brasileiro. Dessa vez, porém, as críticas vieram acompanhadas de uma pitada de machismo. Após o jogo contra o Figueirense, no Maracanã, o vice-presidente de futebol alvinegro, Carlos Augusto Montenegro, não foi nada 'cavalheiro': em vez de apenas reclamar da auxiliar, o dirigente criticou com veemência a presença das mulheres na arbitragem brasileira.
- Ela (Ana Paula Oliveira) é totalmente despreparada. Não vejo mulher em Copa do Mundo, nem em decisão da Liga Européia. Não vejo nas decisões mais importantes, mas colocaram uma mulher aqui, justamente contra o Botafogo. Ela nos assaltou em R$ 2,5 milhões, que seria quanto o clube ganharia por chegar à decisão - esbravejou Montenegro.
Nesta quinta-feira, Ana Paula foi afastada temporariamente do Campeonato Brasileiro pela Comissão Nacional de Arbitragem da CBF. No jogo de quarta, Ana Paula marcou impedimento de Zé Roberto aos 12 minutos, quando o meia botafoguense marcou após rebote do chute de Dodô. Aos 26, quando o time carioca já vencia por 1 a 0, a assistente anulou outro gol do Botafogo em cabeçada de Vágner, alegando que o zagueiro Alex, em posição de impedimento, atrapalhou o goleiro Wilson. Para Édson Rezende, Ana Paula acertou nesse lance, mas cometeu uma falha indesculpável no primeiro.
- No primeiro impedimento, ela não estava bem colocada. Se estivesse na linha do penúltimo defensor, dificilmente erraria. Quando esses equívocos acontecem, a arbitragem não pode aceitar passivamente. O segundo lance é interpretativo, ela considerou que os jogadores que estavam em impedimento atrapalharam o adversário. E na minha interpretação ela está certa - analisou o presidente da comissão de arbitragem.
Árbitros também são afastados por erros
Segundo Rezende, Ana Paula ficará fora de três rodadas do Brasileirão, mesma pena aplicada recentemente aos árbitros Carlos Eugênio Simon e Wilson Souza de Mendonça, por erros em lances decisivos em jogos da Copa do Brasil e do Campeonato Pernambucano.
- É norma da comissão deixar no mínimo por três rodadas um profissional fora. Embora a gente saiba que são lances difíceis, a gente não pode sentar em cima do erro. São árbitros de primeiro nível mas têm que estar sempre treinando e se aperfeiçoando - afirmou Rezende.
Apesar do erro no Maracanã, Ana Paula Oliveira não perdeu a confiança do presidente da Comissão Nacional de Arbitragem.
- Ela é uma excelente assistente, uma das melhores que temos no Brasil - elogiou Rezende, que não vê problema na presença feminina na arbitragem.
Apesar da frustração pela eliminação, o técnico do Botafogo, Cuca, não foi tão incisivo quanto Montenegro nas críticas à assistente.
- Eu não acho que ela seja desonesta, pelo contrário eu acho ela muito honesta. Mas não está vivendo um bom momento. Eu também erro, mas os erros de arbitragem são muito mais sérios - afirmou após o jogo de quarta.