Rio (AE) O futebol brasileiro perdeu ontem uma de suas maiores referências. O ex-meia da seleção Jair Rosa Pinto, o Jajá Barra Mansa, morreu de madrugada aos 84 anos, de embolia pulmonar. Ele estava internado havia duas semanas no Hospital da Lagoa, onde foi submetido a uma cirurgia para desobstrução da aorta. Depois da operação, seu estado de saúde piorou.
O corpo de Jair Rosa Pinto foi velado na capela D do Cemitério do Caju, na zona norte do Rio, e será cremado hoje por volta das 14 horas. A família cogitou a possibilidade de jogar as cinzas do ex-craque no Maracanã, palco de suas melhores lembranças. Antes, porém, pedirá permissão à Suderj, empresa administradora do estádio.
O ex-jogador dispensava as formalidades e era capaz de encerrar uma conversa de botequim se alguém lhe chamasse Jair da Rosa. "Não tem o da entre Jair e Rosa. Isso me persegue a vida toda", costumava reclamar.
Um dos jogadores mais talentosos de sua geração, Jair gostava de falar de futebol. Mas com uma ressalva: nada que lembrasse o triunfo do Uruguai sobre o Brasil na decisão da Copa do Mundo de 1950.
"Vamos deixar isso para trás. É muito triste", disse, às vésperas de completar 84 anos, data comemorada em 21 de março com a família. Ele esteve em campo, naquela jornada sombria para milhares de torcedores brasileiros que deixaram o Maracanã em estado de choque.
O ex-craque de Palmeiras, Santos e Vasco era um defensor intransigente de seus colegas de profissão. Também era cético ao analisar a atual seleção brasileira. Para ele, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho são bons jogadores. Nada muito além disso.
A crítica era respaldada pelo conhecimento de quem orientou Pelé nos primeiros meses de Vila Belmiro. "Eu tinha 17 anos quando comecei a jogar no Santos. Na época o Jajá estava no time e me ajudou bastante passando muito da sua experiência", contou o Rei do futebol.
Jair vivia de uma aposentadoria do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e de um contrato com o governo do Estado para divulgar projeto de compra de medicamentos a preços reduzidos. Morava com sua mulher, dona Célia, num bom apartamento na Praça Saens Peña, na Tijuca, um bairro de classe média da zona norte da cidade.
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