Juan Antonio Samaranch assumiu o COI quase falido em 1980| Foto: Sven Nackstrand/ AFP

Aos 89 anos, morreu ontem, em Barcelona, o presidente de honra do Comitê Olímpico Internacional (COI), o espanhol Juan Antonio Samaranch. Polêmico, ele foi acusado de ter feito parte de um regime autoritário, mas também foi reconhecido como a pessoa que salvou os Jogos Olímpicos de uma falência política e financeira, reinventando o movimento olímpico.

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Depois do Barão de Coubertin, o idealizador dos Jogos Olímpicos na Era Moderna, Samaranch foi o dirigente que mais tempo passou na presidência do COI (foram 21 anos, de 1980 a 2001). O espanhol morreu no Hospital Quirón, onde estava internado em estado grave desde terça-feira, devido a uma insuficiência cardíaca aguda – já sofria de vários problemas de saúde há algum tempo.

A família de Samaranch fazia parte da elite industrial da Cata­­lunha. Nos anos 50, ele passou a ser um fervoroso admirador do general Francisco Franco. Em 1967, o ditador o escolheu como ministro do Esporte. "O mandato de Fran­­cisco Franco significou o período mais longo de prosperidade e paz que o nosso país conheceu por sé­­culos", chegou a dizer Sama­­ranch. Uma foto dele fa­­zendo a saudação fascista em 1974, descoberta apenas no ano passado, gerou polêmica.

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Sua carreira esportiva começou como presidente da Fede­­ração Espanhola de Patinagem, quando levou o país ao título mundial da modalidade. Em 1966, Franco conseguiu colocá-lo como delegado no COI.

Mais tarde, quando assumiu a entidade, Samaranch descobriu que nas contas do COI ha­­via apenas US$ 200 mil, ou se­­ja, estava praticamente falido. Em 21 anos, o espanhol reinventou o projeto olímpico, trouxe patrocinadores e vendeu por preço de ouro o direito de transmissão dos Jogos. "Sa­­ma­­ranch salvou a Olimpíada da destruição e a transformou em um evento global", disse ontem o vice-presidente do COI, Thomas Bach. Os Jogos de 1984, em Los Angeles, foram os primeiros com superávit desde 1932.

No campo esportivo, ele aumentou a participação fe­­minina nos Jogos Olímpicos. Tam­­bém criou a Agência Mun­­dial Antidoping. Seu mandato teve ainda acusações de corrupção e modificações de re­­gras. Sa­­ma­­ranch alterou o es­­tatuto olímpico para permitir sua reeleição de forma indefinida, por exemplo.