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Guindaste caiu em cima da estrutura da arquibancada do novo estádio corintiano | Nacho Doce/Reuters
Guindaste caiu em cima da estrutura da arquibancada do novo estádio corintiano| Foto: Nacho Doce/Reuters

Histórico

Obras nos estádios do Mundial já tiveram outras duas mortes

Agência Estado

O acidente de ontem no Itaquerão foi o terceiro que provocou mortes em obras de estádios para a Copa de 2014. Em junho de 2012 o ajudante de carpinteiro José Afonso de Oliveira Rodrigues, 21 anos, morreu após cair de uma laje no Mané Garrincha, em Brasília, e despencar de uma altura de 30 metros. E em março deste ano, Raimundo Nonato Lima Costa, 49 anos, morreu na Arena Amazônia, em Manaus, ao se desequilibrar e cair de uma altura de cinco metros.

As obras do Mundial também tiveram casos com feridos e até explosão. Em agosto de 2011, no Maracanã, Carlos Pereira se feriu ao cortar com uma solda um barril, que explodiu. Ele foi arremessado a dois metros e teve fraturas e queimaduras. Um ano depois, cinco operários caíram de uma altura de 15 metros no Mané Garrincha. Uma parte da estrutura ruiu quando eles enchiam parte da cobertura de concreto. Em dezembro de 2012, uma explosão causou um incêndio na Arena da Baixada, em Curitiba. Nenhum operário se feriu. Em outubro deste ano, na Arena Pantanal, em Cuiabá, placas de isopor pegaram fogo.

Obras de estádios brasileiros que não fazem parte da Copa também tiveram mortes recentemente. Em janeiro, Araci da Silva Bernardes, 40 anos, morreu após sofrer uma descarga elétrica na Arena Grêmio. Em 2011, o operário José Elias Machado, de 40 anos, morreu atropelado ao tentar atravessar a BR-290, que separa o estádio gremista do alojamento dos trabalhadores em Porto Alegre. E em abril deste ano, três vigas desabaram no estádio do Palmeiras e mataram Carlos de Jesus, 34 anos.

As obras do Itaquerão correm risco de interdição. O promotor do Ministério Público Estadual José Carlos de Freitas, da promotoria de Habitação e Urbanismo, afirmou que pode solicitar a paralisação das obras dependendo do resultado dos laudos da Polícia Científica sobre o acidente com um guindaste ontem, que destruiu uma parte novo estádio do Corinthians e provocou a morte de dois operários.

A tragédia, que vitimou Fábio Luiz Pereira, de 42 anos, e Ronaldo Oliveira dos Santos, de 44 anos terá desdobramentos para a Copa do Mundo de 2014, já que a arena corintiana será palco de seis jogos da competição, incluindo a abertura.

O acidente, a princípio, não coloca em risco o uso do estádio para a abertura da Copa, marcada para o dia 12 de junho. No entanto, a entrega da obra vai atrasar. Oficialmente ninguém admite, mas o prazo combinado com a Fifa – no máximo 5 de janeiro – não será cumprido. A arena só deverá ficar totalmente pronta em março, embora a entidade trabalhe com a hipótese de fevereiro.

As obras estão paralisadas e, pelo planejamento do Corinthians e da construtora Odebrecht, serão retomadas na próxima segunda-feira. Mas 30% do prédio leste (local do acidente desta quarta-feira) já está interditado para perícia, sendo que a estimativa é de que o laudo saia em no máximo dez dias – e ainda há risco de interdição total. Só depois disso poderá ser iniciada a reconstrução da área afetada e da parte do painel de LED danificado.

A Fifa evitou ontem mesmo declarações detalhadas sobre o assunto. Por meio de nota, se disse "profundamente entristecida" com a morte dos operários e informou que a segurança dos trabalhadores "sempre foi fundamental em todas as empresas de construção contratadas para construir os 12 estádios da Copa". Informou também estar "esperando maiores detalhes das autoridades" antes de se aprofundar sobre as consequências da tragédia. Internamente, já trabalha com um atraso entre 45 e 60 dias na entrega do Itaquerão.

Ainda hoje, deverá ocorrer reunião envolvendo representantes do Comitê Orga­nizador Local da Copa (COL), Corinthians, Odebrecht, governo do estado e prefeitura de São Paulo para determinar os rumos da obra.

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