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Brasília – O confronto decisivo para a escolha de Curitiba como uma das sedes da Copa de 2014 já está sendo travado nos tapetes verde e azul do Congresso Nacional. A distância entre os políticos paranaenses e o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, coloca a cidade em desvantagem com as principais concorrentes, Florianópolis, Goiânia e Belém. Sem a amizade de antigamente com o ex-presidente da Federação Paranaense de Futebol, Onaireves Moura, e inimigo público do senador Alvaro Dias (PSDB), o cartola acumula poucos motivos pessoais para simpatizar com a capital do estado.

Na semana passada, a CBF deu a prova de que políticos de todo Brasil terão de se enquadrar para levar jogos aos seus currais eleitorais. Com uma jogada trabalhada até minutos antes da sessão do Congresso Nacional, quinta-feira, barrou a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Investigação (CPMI) do Corinthians. Faltaram assinaturas de apenas três deputados para completar as 171 necessárias e criar a CPMI, que apuraria irregularidades em transferências internacionais de jogadores feitas pelos 40 clubes das séries A e B nos últimos cinco anos, além dos problemas na parceria entre o clube paulista e o fundo de investimento MSI.

Dois dos três parlamentares que encabeçaram a busca por adesões eram paranaenses – Alvaro e o deputado federal Dr. Rosinha (PT). Se a comissão vingasse, eles ficariam com a relatoria e a presidência das investigações, respectivamente. Segundo o petista, seria a deixa que faltava para que a CBF riscasse de vez o Paraná do mapa da Copa.

"Conhecendo a cabeça dele (Teixeira), que é vingativa, sabemos que vai haver retaliação. Se ele deixou de levar o Pelé para a cerimônia na Suíça, imagina se vai deixar Curitiba ficar como sede", disse o deputado, um dia antes da sessão que enterrou a CPMI.

Cinco paranaenses tiraram o nome da lista que pedia a instalação da comissão – os deputados Airton Roveda (PR), Angelo Vanhoni (PT), Chico da Princesa (PR), Nelson Meurer (PP) e Osmar Serraglio (PMDB). "Tirei porque a liderança do partido pediu, dizendo que eu poderia prejudicar a escolha do Brasil naquela cerimônia da Suíça. Como não conheço muito do assunto, fiz o que mandaram", justificou Serraglio. Outros 11, entretanto, mantiveram as assinaturas.

A maior debandada ocorreu entre os mineiros (22). Nesse caso, a pressão da CBF ganhou o reforço do governador Aécio Neves (PSDB). Colega de partido de Aécio, o deputado Silvio Torres (PSDB) atuou junto com Alvaro e Rosinha pela instalação da CPMI.

"O pessoal de Minas tem medo que a CBF tire o jogo da Argentina (pelas Eliminatórias) de Belo Horizonte", disse Torres. Além disso, o governador briga para que a cidade abrigue a partida inaugural do Mundial. "Se o preço para sediarmos a Copa do Mundo for sufocar o Congresso Nacional ou apresentar um futebol podre como estamos vendo hoje, é melhor que não haja Copa do Mundo. E vamos lutar para fazer com que o povo brasileiro, que vai pagar essa Copa, não seja enganado mais uma vez", desabafou Torres, durante a sessão que acabou com as esperanças da CPMI.

Alvaro frisa que não seria a comissão que prejudicaria a escolha da capital paranaense como sede. "É bom que fique claro: até o momento Curitiba não está entre as escolhidas, sequer passou por uma vistoria do comitê organizador."

No fim de semana passado, ele conversou com o presidente do Atlético, Mário Celso Petraglia, sobre a Copa. "O próprio Petraglia me disse que estávamos fora." Por outro lado, Alvaro afirma que, por critérios objetivos, não há como a cidade ser descartada. "Curitiba fica em uma excelente localização, tem um bom sistema de transporte, segurança e a Arena é um dos três melhores estádios do Brasil – ao lado de Maracanã e Engenhão."

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