São Paulo Elas são mais conhecidas no exterior, onde joga a maioria, do que em seu país. Seus nomes não são lembrados pela torcida, que ainda tem na memória espaço para Paula e Hortência. Mas, com o Mundial feminino de basquete no Brasil, passaram a experimentar assédio inédito e a ouvir os nomes sendo gritados das arquibancadas.
Hoje, quando inicia o percurso na segunda fase, contra a Lituânia, no ginásio do Ibirapuera, o time brasileiro joga ciente de que uma boa campanha pode representar a consagração desde jogadoras veteranas como Janeth, 37 anos, e Alessandra, 32, até estrelas da nova geração, casos de Iziane, 24, e Erika, 24.
"É legal que as pessoas estejam nos vendo pela TV. Acho que sou mais valorizada no exterior do que aqui no Brasil", lamenta Janeth, tetracampeã da WNBA e uma das quatro remanescentes do título mundial de 1994.
O Mundial do Brasil pode ser a última chance para se consagrar entre os compatriotas. Como voltará para a WNBA, Janeth deve desfalcar o Brasil no Pan do Rio, em 2007. Ela já avisou que, aos 39, não deve integrar o grupo nos Jogos de Pequim-08.
Iziane, que não atua no país há cinco anos, diz que normalmente só é reconhecida em São Luís (MA), quando passa férias na cidade natal. A ala-armadora já atuou em outros cinco países: EUA, Rússia, Espanha, França e República Tcheca.
"O Mundial no Brasil é uma boa oportunidade para manter o nosso basquete no alto. E, quando a atual geração deixar as quadras, vamos manter o Brasil entre os quatro melhores do mundo", promete Iziane, que integrou o grupo quarto colocado nos Jogos de Atenas.
Mesmo para as poucas que ainda estão no país, a procura dos torcedores é fato raro. "Aqui no Brasil elas ficam no ostracismo. Estão acostumadas a jogar em ginásios vazios e a dar entrevista para um ou dois repórteres só quando jogam uma final. De repente, vem um monte de gente", afirma o técnico Antonio Carlos Barbosa.
O treinador conta que ele também viveu seu dia de anônimo certa vez, no Recife. "Uma emissora local me colocou para andar na rua para ver se as pessoas me conheciam. Falei que iria pagar mico. Ninguém sabia quem eu era."
A última vez que a seleção feminina teve visibilidade semelhante foi na Copa América de 1997. Mas, daquela equipe, apenas Helen, Alessandra e Kelly permanecem no grupo.
Segundo ele, a tietagem pode gerar ansiedade na equipe, mas também servir de trunfo. "Temos que usar a nosso favor, como pressão aos adversários."
Serviço: Brasil x Lituânia Globo, ESPN Brasil e Sportv, ao vivo, às 9h30.
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