Eles não são atletas comuns. Longe de fazerem do esporte uma profissão, essas pessoas ganham a vida nas fábricas, nas linha de produção das indústrias e nas empresas. São desses locais em que a competição tem pouco a ver com a busca pela perfeição física que saem os protagonistas do mundial de atletismo que começa hoje, em Curitiba.
Mais de 200 atletas, representando 11 países, de três diferentes continentes, disputam o 4.º Campeonato Mundial de Atletismo Trabalhador. As provas serão realizadas nas pistas da UnicenP.
Entre as mais de duas centenas de competidores, estão 60 brasileiros 10 paranaenses e apenas 4 curitibanos. Ou melhor, curitibanas. A equipe nacional do revezamento 4x100 m feminino correrá em casa.
Oriundas do telemarketing da Brasil Telecom (tercerizado para a Teleperformance), Joselaine Zeclhynski, Kelen da Silva Pinto, Regina Nascimento e Alessandra Rodrigues ostentam o tetracampeonato estadual e esperam lutar por pelo menos um pódio na competição internacional.
"Pelo tempo que conseguimos nos classificar e estamos cravando nos treinamentos (aproximadamente 56 segundos) acho que podemos ficar entre as três primeiras", disse Regina.
O direito de representar o país no Mundial veio depois do título sul-brasileiro, em dezembro de 2004. O mais interessante, é que o atletismo entrou na vida dessas mulheres há pouco mais de três anos todas são jogadoras de futsal.
O incentivo para praticar a modalidade que pouco conheciam veio do treinador. João Maria dos Santos é o responsável pela parte esportiva da empresa de telefonia onde as atletas trabalham. Comandava o time feminino de futsal e de uma hora para outra resolveu implantar o atletismo. O motivo: raiva.
"Em 2001, fomos jogar futsal em Toledo. Uma das meninas também participava do atletismo. Fomos torcer por ela e quando conversava com as atletas de outra equipe, fui desrespeitado por um treinador. Ele disse que eu estava tirando a concentração da equipe dele. Fiquei com muita raiva e resolvi fazer um time para ganhar de todos os outros", revelou.
As dificuldades para superar as marcas e conseguir os melhores desempenhos não estão apenas nas pistas. Fora delas, as atletas-trabalhadoras precisam enfrentar o pouco apoio da empresa e os diferentes horários de trabalho. Apesar dos bons resultados, o time só treina junto uma vez por semana.
"No 4x100 m é fundamental treinarmos juntas a passagem do bastão. Só podemos fazer isso aos sábados. É um sacrifício para trocar horários. Até para colar um cartaz no mural da empresa já é complicado. Só temos incentivo mesmo do nosso treinador", afirmou Joselaine.
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