Colônia Em 1792, um monge surpreendeu um jovem casal alemão com um valioso presente de casamento. A receita secreta da preparação de uma "aqua mirabilis". Uma espécie de água milagrosa. O noivo, Wilhelm Mülhens, misturou os ingredientes e produziu mesmo um milagre. O milagre do sucesso.
Leve, refrescante e cheiroso, o líquido poderia ser usado como perfume e como um elixir rejuvenescedor. Ele não perdeu tempo e passou a fabricar em larga escala a mundialmente conhecida Água de Colônia.
A fragrância original, uma espécie de sinônimo de perfume, é souvenir obrigatório na cidade. E a Copa da Alemanha dobrou as vendas do produto. Os 3 mil euros diários arrecadados no emblemático número 4711 da Rua Glockengasse passaram a 6 mil euros devido à visita de torcedores de todo mundo. O número empresta o nome ao perfume e foi dado à casa durante a ocupação francesa em 1796. Até então as residências não eram numeradas na cidade.
A Segunda Guerra Mundial destruiu completamente o local. Mas a produção foi mantida em outro endereço e as vendas prosseguiram graças à persistência de Maria Mülhens, uma das descendentes dos fundadores. De porta em porta, fez a tradição sobreviver.
O novo prédio foi reconstruído na década de 60 e reproduz a fachada original. Diariamente, atrai visitantes e moradores para se refrescarem numa fonte gratuita do produto. Outra atração é o desfile de bonecos representando soldados franceses, ao som da clássica "Marselhesa". A cada hora cheia, eles cruzam a fachada num trilho. Uma tradição singela apreciada basicamente pelos alemães. Alguns turistas brasileiros que se apressaram para não perder a famosa "apresentação" deixaram o local estranhando tanto apelo. "Só isso?", perguntava-se o grupo. Já a Água de Colônia foi aprovada e a maioria fez questão de levar um exemplar.
Formada com essências de lavanda, bergamota, laranja, flor de laranja e citronela em quantidades não divulgadas e outros ingredientes secretos, a fórmula permanece inalterada nesses mais de 200 anos.
Nesse tempo, conseguiu adeptos famosos como o escritor e filósofo Johann Wolfgang Goethe. No museu da Água de Colônia, uma carta do fim do século 18, redigida por um dos principais nomes da literatura européia, faz a encomenda de várias caixas produto.
"Os pedidos dele e de outras pessoas eram tantos que desconfiamos que não usavam apenas como perfume ou como remédio. Tomavam misturadas a outras bebidas", comenta a gerente da loja, Monika Hadrys.
Hoje a casa fornece inclusive receitas de drinques nos quais o líquido "milagroso" é usado.
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