Na véspera da partida desta noite contra o Prudentópolis, às 19h30, na Vila Capanema, estreia do Paraná no Paranaense, uma cena roubou a atenção no CT Racco/Paraná. Atletas e comissão técnica se reuniram em círculo no gramado. Ouvidos e olhares atentos, silêncio absoluto. Com a palavra, Lúcio Flávio, 35 anos, capitão e líder do elenco.
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Pouco antes, o experiente atleta concedeu entrevista exclusiva à Gazeta do Povo e revelou: 2014 foi seu ano mais difícil no clube. Ajudar funcionários financeiramente e até vender posses para amenizar a falta de salário fizeram parte da rotina. Para este ano, defende que, para sonhar com um futuro melhor, o Tricolor precisa dar um passo atrás e entender a própria realidade. Confira a entrevista:
O ano passado foi o seu ano mais difícil no Paraná?
Iniciamos e terminamos o ano com a mesma conversa, sempre em cima da questão financeira e salarial. Não teve uma fase difícil e depois se ajustou. Foi um processo que durou o ano todo. A gente lamenta e espera não passar por tamanha dificuldade neste ano.
Em 2014, os atrasos salariais atingiram a todos, desde funcionários aos atletas com maior remuneração. Houve algum caso em especial de dificuldade financeira que chamou sua atenção? De que forma tentou ajudar?
Fica até difícil falar em um caso em particular, porque todos passaram por alguma dificuldade. Mas quando surgiam casos mais difíceis, nós, que tínhamos uma melhor condição, nos reuníamos para tentar levantar algum valor e dividir isso. Além disso, todas nossas premiações procuramos repassar para os funcionários.
De que forma os atrasos atingiram sua vida financeira? Precisou se desfazer de algum imóvel, por exemplo?
É um problema que mexe com todos. Não vou mentir, ao longo do ano tive que vender sim [um imóvel]. Tive de vender para poder ajustar. O meu tempo de atraso era maior do que o do restante do grupo. Tenho meus compromissos e tive que mexer em valores que não esperava mexer a curto prazo.
Apesar dos problemas, você optou por renovar contrato até dezembro de 2015. Em que momento sentiu confiança nos planos do clube para permanecer?
Quando a questão do débito que o clube tem comigo foi ajustada. Sempre deixei claro que queria ficar. Estes valores vão ser pagos junto com meus salários futuros. Acertar esta situação foi uma luz para eu permanecer. Na situação do clube, tive de fazer alguns ajustes para ficar.
Depois que renovou, chegou a conversar com companheiros para que eles também ficassem?
O único com quem falei foi o Ricardo Conceição, que ainda não sabia se ia permanecer. Conversamos e, dois dias depois, ele decidiu ficar. Não sei se tive influência nisso, mas foi algo que me chamou a atenção.
Como você analisa este novo momento do Paraná, apostando em um elenco jovem?
Já estava insustentável viver contratando jogadores de fora sem saber se conseguiria pagá-los. Era hora de olhar para a própria casa. Quando você não consegue honrar seus compromissos, é preciso dar um passo atrás, olhar para os garotos. E nós, experientes, estamos aqui para ajudá-los a dar a resposta dentro de campo.
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