Vieri seria a atração do Botafogo-SP para o próximo Campeonato Paulista, não fosse Ribeirão Preto uma cidade a mais de 700km da Zona Sul do Rio de Janeiro. Inicialmente inclinado a aceitar a proposta do ex-clube de Sócrates e Raí, o atacante italiano mudou de ideia depois da semana de férias que passou na Cidade Maravilhosa. O jogador voltou para a Itália na tarde desta sexta-feira prometendo pensar com muito carinho na hipótese de disputar o Campeonato Carioca do ano que vem pelo Boavista. O Botafogo-SP divulgou nota desistindo oficialmente da contratação.

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"Não sabia como seria o Rio. O povo está sempre sorridente, é muito fácil fazer amigos. Não imaginava que era tão interessante. Você tem a praia do lado da floresta, a cinco minutos de distância. Os restaurantes são ótimos, você come comida japonesa, chinesa, italiana... O clima é bom, é quente. É como estar de férias o ano inteiro. Vamos ver o que acontece. Mas pode ser muito bom", disse o jogador.

Vieri agradeceu ao Botafogo-SP pelo convite, mas não parecia nem um pouco preocupado com a nota oficial em que o clube paulista comentou o desfecho negativo das negociações. Na versão dos dirigentes, Vieri não cumpriu os prazos estipulados. O atacante realmente passou os últimos sete dias completamente alheio a compromissos. Acompanhado da namorada Melissa Satta, conheceu os encantos da orla carioca, passou um dia em Angra dos Reis e superou duas vezes o medo que tem de altura. Primeiro, fez um voo panorâmico de helicóptero pela cidade, sobrevoando o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor. Depois, aventurou-se saltando de asa delta da Pedra da Gávea.

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"Eu costumava ter medo de altura, mas superei. No dia do salto tive realmente um grande momento. Foi muito bom, a vista é linda. Vim basicamente para relaxar e me divertir".

O empresário João Paulo Magalhães, um dos donos do Boavista, acompanhou Vieri em boa parte da curtição do atacante na cidade. Íntimo do jogador, a ponto de ser chamado apenas por suas iniciais, ele sabe que o clube não tem condições de pagar o salário que o italiano se acostumou a receber na Europa. Mas acredita que, aos 36 anos, Vieri não está muito preocupado com dinheiro.

"Conheci JP na Itália há uns dois anos, ficamos amigos, e ele me chamou para passar uma semana aqui no Rio. Perguntou se gostaria de jogar no time dele, estamos conversando, talvez seja uma boa ideia. Quando você tem 32, 33 anos, a motivação é o mais importante", disse o jogador, que este ano chegou a afirmar oficialmente que havia encerrado a carreira.

"Às vezes digo coisas só por dizer. Às vezes digo que quero jogar, às vezes digo que não quero. Se eu achar algo que me interessa, se isso for me dar prazer, vou jogar. Não vejo problema. Não tenho um plano. Vou jogar até enquanto eu estiver me divertindo".

João Paulo espera que as frases de Vieri sobre a cidade também não sejam só por dizer. Lembra que o time manda seus jogos em Saquarema, mas que a maior parte dos treinos é feita no Engenhão, o que permitiria ao italiano morar no Rio sem problemas. E sem a pressão que sofreria em um clube maior, depois de tanto tempo inativo.

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"Um campeonato com Adriano, Fred e Vieri seria um presente e tanto para o povo carioca. E ninguém ia torcer contra ele, ninguém ia xingar, pelo contrário, todo mundo iria querer ver os jogos. No Rio o assédio também é menor, as pessoas estão acostumadas com gente famosa, ninguém ia ficar pegando, incomodando", comentou João Paulo.

Apesar de amigo do dono, Vieri sabe pouco sobre o Boavista. E se espanta ao saber que há no elenco um jogador chamado Romário Santos da Silva, o Romarinho.

"Mas joga como ele?".

João Paulo elogia o potencial da jovem promessa de 18 anos e narra um gol marcado pelo atacante contra o Botafogo pela Taça Rio de 2008, driblando o goleiro Castillo. Vieri faz cara de quem não acreditou muito, mas isso é o de menos para o empresário Franck Assunção, representante do jogador.

"Acho que ele vai aceitar. Está 99% certo".

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