Um técnico ucraniano para a ginástica, um espanhol no handebol, um cubano para os saltos ornamentais, um húngaro na canoagem e um brasileiro para o ciclismo. Contrariando a regra de importação de mão-de-obra estrangeira de pólos consagrados de determinadas modalidades, o curitibano Adir Romeo foi escolhido para tentar reviver o ciclismo de pista no Brasil.
Ele é um dos dois treinadores do país a participar do programa Solidariedade Olímpica Internacional, desenvolvido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para o ciclo iniciado pós-Atenas e que irá até Pequim 2008.
O outro técnico brasileiro é Marles Martin, do tênis de mesa. Ambos têm acesso a bolsas olímpicas para participar de cursos de capacitação no exterior e repassar os conhecimentos a outros treinadores no país.Este ano, Romeo passou por um estágio na Suíça. Por ter recebido a melhor nota entre 34 treinadores de todo o mundo, voltará à Europa em novembro para mais uma fase de aperfeiçoamento no Centro Mundial de Ciclismo, em Aigle.
Aos 47 anos, o administrador do Velódromo do Jardim Botânico, em Curitiba, conseguiu reverter uma tendência de internacionalização do comando graças a 30 anos de trabalho do ciclismo. De um atleta medíocre (como ele mesmo define), o paranaense transformou-se em um dos principais treinadores do país, com 60 títulos nacionais no currículo.
Romeo participou da reestruturação do ciclismo brasileiro após a catastrófica década de 90. "Os anos 80 foram a melhor época, tivemos um crescimento importante. Depois vieram os anos 90 e a pior fase da história do ciclismo. Só safadeza, maracutaia. A Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) se envolveu com os bingos, o dinheiro não era controlado, não havia investimento. Um desastre, não gosto nem de lembrar", comentou.
A derrocada ocorreu durante a administração de José George Breve, marcada por desvio de verbas, falsificação de assinaturas, falta de documentação sobre entrada e saída de recursos e ausências de títulos. "A única coisa que ganhei nesta época foi uma internação por estresse", conta.
A crise veio após Mundial Júnior de 94, no Equador, quando a Confederação não honrou a promessa de pagar as despesas e deixou 14 jovens atletas no prejuízo.
O ciclismo começou a se reerguer em 2001, com a chegada de Bruno Caloi à presidência da CBC. Ainda assim, se na estrada e no mountain bike o país conseguiu inclusive figurar no cenário olímpico (com cinco representantes em Atenas-2004), a presença brasileira em velódromos internacionais é nula.
"Aqui não existe um calendário de pista e nem planejamento. A estrada se solidificou. O mountain bike anda por si só, tem um calendário importante. O BMX, que vai estrear no Pan de 2007, possui vários adeptos. Mas pista não recebe atenção", reclama o treinador, que cita Breno Sidoti e Renato Ruiz como destaques no país.
Romeo cogita inclusive arrebatar destaques da estrada para incluir o país em torneios nacionais. Entre os cotados estão os olímpicos Murilo Fischer e o paranaense Luciano Pagliarini, que atualmente treinam e competem na Europa. O improviso já deu certo em 96, quando Pagliarini conquistou o bronze no Pan-Americano da categoria júnior.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas