Gol no fim premia festa alvinegra
O Operário venceu o Cascavel com um gol aos 48 minutos do segundo tempo, em cobrança de pênalti de Serginho Catarinense. Em uma partida fraca tecnicamente, o resultado acabou refletindo o que foi o segundo tempo, para a felicidade dos torcedores do Fantasma.
Porém, na etapa inicial, quem começou no ataque foi o Cascavel, com destaque para o atacante Júnior Santos. Mesmo com a equipe ponta-grossense melhorando após os 15 minutos, o apito para o intervalo foi diante de vaias da torcida.
No segundo tempo a história foi diferente. Em um jogo em que só um time atacava, o Fantasma perdeu inúmeras oportunidades e sairia com um empate com gosto de derrota se, aos 46, Ceará não fosse derrubado na área. Com a penalidade máxima convertida, ecoou os gritos de "O Operário voltou" pelo Ecoestádio.
No final, até mesmo os jogadores reconheceram que, diante de um jogo fraco, o destaque estava na arquibancada. "Lutamos bastante, fomos merecedores do resultado. Perdemos muitos gols, mas a torcida esteve junto com a gente até o fim", afirmou Serginho Catarinense, completado por Ceará. "Esta torcida é maravilhosa. Não tenho palavras, é só emoção", confessou o atleta, que beijou muito a camisa após sofrer o pênalti.
Na vitoria do Operário por 1 a 0 em cima do Cascavel, ontem, no Estádio Janguito Malucelli, o destaque ficou com quem não estava dentro do campo. Dos 1.340 torcedores presentes, a maioria vinda de Ponta Grossa (a 114 km da capital), muitos estavam vendo o Fantasma pela primeira vez na principal divisão do Estadual, fato que não ocorria há 16 anos.
"Sinto vontade de chorar a todo momento", confessou o engenheiro químico Daniel Saks, 34 anos. Fã da equipe ponta-grossense desde 1997, Saks tem uma particularidade: desde que o Fantasma voltou à ativa, há seis anos, o torcedor não perdeu um jogo sequer do seu clube do coração. Independentemente de onde a partida esteja sendo realizada, dentro ou fora de casa, já que há dois anos ele reside em Curitiba.
"Não tenho ideia de quantos quilômetros andei ou de quanto gastei, mas foi bastante. Aproveitava para oferecer carona para outros torcedores", garantiu o torcedor, lamentando o fato de, depois de tanto tempo, ter de perder o próximo jogo, contra o Atlético, também em Curitiba. "Só nos domingos era mais fácil. Quarta-feira terei uma viagem a trabalho", justificou.
Nestes seis anos de muita estrada atrás do Alvinegro, Saks, que na verdade é paulista, já fez de tudo para ajudar o time: desde levar cesta básica até assistir a jogo com o time já desclassificado. Tudo isso aguentando algumas reclamações da esposa, que na maioria do tempo apoia. Para os que não entendem, ele explica de uma forma simples.
"Todo mundo tem uma diversão, e domingo sem futebol não tem graça. Acabei comprando a paixão pelo Operário na época em que morei em Ponta Grossa e sou apaixonado até hoje", conta.
Sacks não era o único fanático que foi até o estádio do Corinthians Paranaense, no Barigui, pois o Germano Kruger está interditado por causa das reformas no gramado. O bancário Paulo Eduardo Rosas, de 31 anos, era um deles, também presente na última partida do Fantasma na elite do futebol estadual, em 1994.
"Foi um jogo contra o Maringá, eu tinha 16 anos. Uma campanha cruel, não me lembro muito bem", despistou o torcedor, feliz com o retorno. "É uma satisfação poder trazer o meu menino de oito anos para assistir este jogo", comemorou.
Satisfação que o jovem Erick Cleisson de Araújo, de 15 anos, nunca tinha vivido. "O meu pai começou a me levar no estádio há uns sete anos e hoje eu sou fanático", garantiu o estudante, que tinha uma pulseira do Flamengo. "Na hora de entrar no estádio deu até um frio na barriga. Foi uma grande emoção", resumiu, realizando o sonho de ver o Fantasma na Primeira Divisão.
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