Fora do pódio
Evolução, sim, mas sem brilho metálico em 2016. Se sete anos é tempo suficiente para montar equipes que se destaquem nos Jogos do Rio, ainda é pouco para pensar em medalha. Algumas modalidades nem sequer traçaram a colocação desejada nos Jogos.
Badminton
Para o Rio 2016, o objetivo é ter ao menos um dos atletas nas quartas de final. Antes, a meta é a classificação para os Jogos Mundiais da Juventude, ano que vem, e para os Jogos de Londres, em 2012.
Hóquei na grama
A confederação acha que ainda é cedo para traçar metas de colocação. O foco é trazer para o Brasil competições internacionais a partir de 2010.
Rúgbi
Ainda sem ranking mundial para a modalidade olímpica (o Sevens), não há metas traçadas para 2016. Para o ano que vem, o objetivo é, no mínimo, o 3º lugar no Campeonato Sul-Americano.
Polo aquático
Tanto no masculino quanto no feminino, o 8º lugar é considerado um bom resultado nos Jogos Olímpicos do Rio 2016. Antes, o foco é bons resultados nos Pan-Americanos de 2011 e 2015.
Golfe
Não definiu metas de resultados. Hoje, o golfista melhor colocado no ranking mundial é o paulistano Alexandre Rocha, na 568ª posição.
"Não é preciso inventar a roda." A constatação é do presidente da Confederação Brasileira de Golfe (CBG), Rachid Orra, sobre o que a modalidade precisa para, em sete anos, passar de "esporte nanico" a um concorrente de destaque e, quem sabe, uma potência mundial. Sete anos é o prazo que golfe e outras modalidades do segundo escalão esportivo terão para se fortalecerem até os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.
Jogando em casa, todos querem chegar à Olimpíada com mais prestígio do que têm hoje. A receita, garantem dirigentes esportivos, é fácil e baseia-se no que já rendeu bons resultados.
Entre as ações obrigatórias, contratar técnicos estrangeiros. "Se uma modalidade quer fazer um campeão mundial, tem de ter o melhor em conhecimento do esporte, tem de ter o seu Oleg", ensina a ex-presidente da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), Vicélia Florenzano, referindo-se ao técnico ucraniano Oleg Stapenko, um dos trunfos da sua gestão.
A Argentina será a fonte de treinadores para hóquei sobre a grama, golfe e rúgbi. Este contará com franceses e com a África do Sul. O polo aquático vai importar quatro técnicos vindos da antiga Iugoslávia (Croácia, Sérvia e Montenegro).
O badminton vai ainda mais longe: quer no Brasil treinadores da China e da Indonésia. "Vamos usar o conhecimento estrangeiro para formar nossas comissões técnicas. O segredo é criar estrutura para que nenhum atleta precise treinar fora do Brasil", diz o presidente da Confederação Brasileira de Badminton (CBBd), Celso Wolf Júnior.
Alto rendimento
Os demais passos também estão delineados pelas Confederações. A proposta do polo aquático é criar uma seleção permanente com 35 no masculino e 35 no feminino, com faixa etária de 17 a 20 anos.
"Tem muita gente falando que é hora de pensar em aumentar o número de praticantes para o Rio 2016. No nosso caso, o foco é quem já está no alto rendimento", fala o coordenador técnico da modalidade na Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Ricardo Cabral.
A mesma estratégia é adotada pelo badminton e hóquei na grama. Apenas os esportes "calouros" golfe e rúgbi, que voltam ao programa dos Jogos em 2016 planejam ações de ampliação da base de praticantes com vistas ao Rio.
"Ainda estamos muito elitizados. Queremos o golfe nas escolas e criar campos públicos e semi-públicos. Um garoto que conhece o golfe agora, daqui a sete anos pode ser um campeão", fala Orra.
Modelo de excelência
O êxito da revolução da ginástica nacional inspira os planos futuros dos esportes "menores". A reunião dos melhores atletas em um Centro de Excelência para treinamentos permanentes ou em períodos pré-determinados foi o modelo da CBG e que as confederações almejam.
"Queremos um centro nacional de alto rendimento. Mas é uma demanda que depende da receptividade de prefeituras para implantar o projeto", conta o presidente da Associação Brasileira de Rugby (ABR), Aluízio Dutra Junior.
A Confederação Brasileira de Hóquei na Grama (CBHG) aposta, ainda, em maior representatividade. Hoje formada por três federações (catarinense, carioca e paulista), quer mais entidades pelo país.
Um empecilho para repetir o sucesso da ginástica pode ser o tempo hábil. Vicélia esteve à frente da CBG por 18 anos. Os "pequenos" de hoje terão menos da metade do tempo para fazerem suas revoluções.
Além de investimento técnicos e estrutura física, lembra Vicélia, pensar na motivação do atleta é indispensável. "Já foi o tempo que o atleta se contentava com a medalha. Quer ser recompensado. Por isso é preciso buscar recursos. E traçar metas ousadas a serem alcançadas", diz.
Sem recursos, modalidades pedem ajuda
Pouca ou nenhuma verba pública, falta de investimento privado e muitas ideias que dependem de dinheiro para se concretizarem. Eis o impasse que os esportes nanicos têm de resolver para que seus planos de crescimento saiam do papel.
Os (re)estreantes rúgbi e golfe contam com a afirmação do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzmann, de que as duas modalidades receberão, a partir do ano que vem, repasse da Lei Piva (que destina 2% da arrecadação das loterias à instituição).
"Já sabemos os valores que precisamos investir, precisamos saber quanto vamos receber. Divulgar cifras, só depois de sentar com o Nuzmann e ele conhecer nosso projeto", diz o presidente da ABR, Aluízio Dutra Junior. A previsão é de que o encontro ocorra nesta semana.
Badminton e hóquei na grama já são beneficiados pela lei. Mas, ainda sem resultados internacionais expressivos, estão entre os esportes que recebem os menores valores, estimado para 2009 em R$ 800 mil. Mesmos números de Levantamento de Peso, Tiro com Arco e o Pentatlo.
Situação mais estável é a do polo aquático, sob o gerenciamento da CBDA, que recebe da lei federal R$ 2,5 milhões e tem o patrocínio dos Correios. "Desde o ano passado tivemos um aumento no valor que a Confederação destina ao polo aquático. Hoje temos cerca de 40% (equivalente a R$ 1 milhão) do que a CBDA tem da Lei Piva. Pretendemos também conseguir recursos da Lei de Incentivo ao Esporte para manter esse projeto de sete anos", revela o coordenador técnico da modalidade, Ricardo Cabral.
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