Cronograma das sabatinas
Quinta-feira (13) Luciano Ducci
O candidado do PSC à prefeitura de Curitiba, Ratinho Jr., foi o segundo entrevistado na série de sabatinas da Gazeta do Povo.
Falou da participação de seu pai na campanha, de projetos polêmicos que votou como deputado e disse que sua principal meta se for eleito é resgatar a "genialidade" que a cidade perdeu.
FOTOS: Veja a galeria de imagens da sabatina de Ratinho Jr
VÍDEO: Assista alguns trechos da sabatina com Ratinho Jr
Na semana passada, a Justiça Eleitoral proibiu seu pai [o apresentador Ratinho] de participar de seus comícios. Ele recebeu a liminar, mas mesmo assim subiu no palanque e discursou. O sr. não acha que é um precedente ruim que seu principal cabo eleitoral descumpra uma determinação judicial? O cumprimento de decisões da Justiça é obrigatório para qualquer administrador público...
No entendimento da nossa assessoria jurídica, ele não descumpriu a liminar, porque ela dizia que o "apresentador Ratinho" não poderia estar presente no comício. Mas não se referia ao "pai". Ele subiu no palanque como pai. Era apenas um comício político, não era showmício.
Mas juridicamente a figura do "apresentador" e do "pai" são uma mesma pessoa. O sr. não vê isso como um precedente ruim? Como prefeito, o sr. vai cumprir determinações judiciais?
Vou cumprir todas as determinações e todos os contratos. Mas eu posso questionar liminares juridicamente. [No caso do discurso de Ratinho], fui avalizado por uma equipe jurídica. Eu não posso abrir mão do meu pai. O papel dele é um papel de pai, avalizando o filho que ele criou. O Luciano [Ducci] tem o governador do lado e o Gustavo [Fruet] tem os ministros do lado dele. Eu não posso ter o meu pai?
No discurso, seu pai citou que haveria "cuecas de seda" que estariam com receio de sua eleição. E que esse medo seria de que o sr. abrisse a caixa-preta da prefeitura. Quem são esses "cuecas de seda"?
Aí você vai ter que perguntar para ele [o pai].
E qual é a caixa-preta da prefeitura?
Eu acho que são várias. Você pega o ICI [Instituto Curitiba de Informática], a Urbs, o valor dos carros alugados... Tudo isso são caixas-pretas que devem ser discutidas. São setores que temos que auditar. Vou fazer auditorias em todos esses órgãos e em todos os contratos a partir de outubro de 2011 ou nos últimos seis meses. Temos que fazer auditoria inclusive na pavimentação, para ver se o centímetro de asfalto colocado foi o solicitado.
Uma das principais acusações dos outros candidatos é quanto à sua inexperiência...
Essa acusação é porque eles não têm o que falar de mim. Eles não podem falar que eu sou ladrão, porque não sou. Não podem falar que eu respondo a processo, porque não respondo. Eu não tenho mancha na minha vida pública. Então, o que eles pegam? Ah, ele é jovem. Começa com um preconceito imbecil, horroroso. Temos de tomar cuidado com toda pessoa preconceituosa: quando ela é preconceituosa com a idade, ela é preconceituosa com o negro, com o jovem, com homossexual, com tudo. A gente tem que eliminar esse tipo de gente, combater esse tipo de gente da sociedade. Além disso, a experiência na política é muitas vezes sinônimo de safadeza. Você vê grandes exemplos de homens experientes que acabaram usando a experiência política em benefício próprio. O que as pessoas cobram do homem público é seriedade, é honradez, é caráter, é comprometimento. Eu acho que a minha formação política me dá tranquilidade de poder montar uma boa equipe para governar.
Mesmo sem ter exercido um cargo no Executivo?
Dos quatro [principais] candidatos, o que mais tem experiência em gestão sou eu. Da gestão empresarial para a gestão pública não muda muita coisa. Eu tenho experiência desde os meus 16 anos de idade, quando comecei a administrar uma emissora de rádio com 25 funcionários. Então isso é uma bobagem. Sou formado em Comunicação Social. Estudei Administração por dois anos. Sou pós-graduado em Direito do Estado pela Universidade Católica de Brasília. Tenho dois cursos pela Universidade Complutense de Madri, na Espanha: um sobre a reforma fiscal da Espanha e outro sobre a democracia ameaçada na América Latina. Tenho três mandatos como deputado. Tornei-me o líder de bancada mais jovem do Congresso Nacional. Fiz parte do Conselho Político da presidente Dilma Rousseff. Se for por currículo, não perco para nenhum deles.
Já tem os nomes da equipe de governo?
Isso tem que ser construído depois que se ganha a eleição. Eu tenho dito que vou fazer um governo e uma política de construção de pontes entre as pessoas de bem. Pra mim não interessa se a pessoa é ligada a esse ou aquele partido. Se for uma pessoa comprometida com a cidade, tem um histórico positivo, é uma pessoa que tem a contribuir com nossa cidade, nós vamos chamar. Essa tranquilidade, essa independência me dá essa autoridade de poder trazer os melhores técnicos.
Essa independência significa que, se o sr. for eleito, não vai apoiar ninguém em 2014?
Nós podemos nos comprometer com alguém em 2014.
Assim o sr. não vai perder a independência em relação aos partidos?
Não. Nós vamos apoiar aquela pessoa que vai nos ajudar a solucionar os problemas da cidade.
Mas o sr. não acha que isso pode rachar seu grupo, que vai ter gente de várias correntes? Isso não atrapalharia a gestão no meio do seu mandato?
Acho que não.
O sr. falou agora há pouco em combater as pessoas que têm preconceitos. Mas recentemente entrou numa polêmica em relação aos homossexuais. Primeiro falou que era contra o casamento gay, depois até apareceu uma liderança homossexual no seu programa dizendo que o senhor não tinha preconceito. Anteriormente, o sr. havia dito que não queria que suas filhas vissem dois homens se beijando. Isso não é preconceito?
Não. Eu acho que as pessoas têm o direito de serem felizes. Quando eu falo que sou contra o casamento gay, quero dizer que eu não sou contra a Igreja. Não posso ser contra a Igreja. O matrimônio quem decide é a Igreja.
Mas o casamento gay é uma questão civil.
Mas a união civil já existe. O problema é a polêmica que querem gerar polêmica em cima disso. Quando eu disse essa frase [sobre as filhas], há mais de dois anos, eu diferenciava a liberdade da libertinagem.
Mas um homem e uma mulher podem se beijar na rua.
Não da mesma forma. Eu não gostaria de ver um homem e uma mulher se agarrando em praça pública de uma maneira que eu me sentisse ofendido com minha filha de oito anos.
No Congresso, o sr. votou pela prorrogação da CPMF e, posteriormente, se ausentou na votação que criaria a CSS, que seria o novo imposto do cheque. Por que foi a favor da prorrogação da CPMF?
Fui a favor porque, de uma hora pra outra, você tirava R$ 40 bilhões destinados à saúde. Para tirar R$ 40 bilhões da saúde, você tem que ter um planejamento, um cronograma. Fui contra essa maneira brusca de tirar esse imposto que, de certa forma era um dinheiro importante, apesar de que não estava sendo usado para a finalidade para o qual foi criado. Quando tentaram criar outro imposto, apesar de não ter votado, fui contra. Não havia necessidade de outro imposto.
O sr. também votou a favor do novo Código Florestal na Câmara. Isso até teve impacto na possibilidade do apoio do PV à sua candidatura...
Isso é desculpa deles. Eles queriam eleger três vereadores e eu não quis dar chapa para eles. É desculpa do PV.
A SOS Mata Atlântica, setores da sociedade e agricultores familiares criticaram quem votou a favor do novo código. Disseram que era a pior forma de votar.
Aí é uma ONG... [A posição a favor do Código aprovado] foi mal vista pelos ambientalistas. Mas muitos desses ambientalistas são financiados pelo Canadá, Estados Unidos... Eu não estou lá [na Câmara] para fazer média com ambientalista ou qualquer outra parcela da sociedade. Eu estou lá para defender meu país. Em 20, 30 anos, vamos ser a maior potência em geração de alimentos desse planeta. E o Código Florestal defende todos os nossos biomas, a Caatinga, o Cerrado, a Mata Atlântica, a Amazônia... E não é verdade que a agricultura família ficou contra o código. Os agricultores familiares ficaram do lado do Código Florestal do [deputado] Aldo Rebelo [relator da lei].
No Congresso, em 2009, o sr. também votou favoravelmente à PEC dos Vereadores, que aumentou em 7 mil o número de vereadores no país. Ter mais vereadores é melhor para um município?
Com relação ao aumento do número de vereadores, eu sou favorável. A Câmara é o parlamento do município, deve ser fortalecida. Numa câmara com apenas sete vereadores, o prefeito faz o que quer. E eu votei desde que a medida não aumentasse o repasse de orçamento para as câmaras, que foi o que ocorreu.
Como deputado estadual, o sr. foi um dos signatários, em 2006, do plano de aposentadorias que os deputados estaduais querem instituir, cujo benefício pode chegar a R$ 17 mil mensais. Parte disso seria pago com dinheiro público da Assembleia. O que o sr. tem a dizer?
Confesso que eu devo ter votado... se você está dizendo. Mas eu tenho que avaliar melhor porque, como esse assunto voltou à tona agora, eu tenho que lembrar como é que era todo esse cálculo. Mas eu não posso dizer se eu voltaria atrás ou não. Tenho que ver o projeto. Foi em 2006, já faz seis anos.
Seu pai é empresário do ramo de comunicação. E tem ainda outras empresas. Se o sr. for eleito, as empresas da sua família farão negócio com a prefeitura?
Vou tratar as empresas [da família, a Rede Massa] da mesma maneira que eu trato a Gazeta do Povo, o GRPCom, a RIC, a Band. Com mídia técnica e dentro do que a lei permitir também. Vou fazer aquilo que a lei me permitir para todas as empresas da família.
Isso não pode configurar um conflito de interesses?
Quem vai dizer [isso] são os procuradores do município.
Seu slogan de campanha são as novas ideias. Mas, pelo menos no site, seu plano de governo não está disponível. O senhor disse já há um plano de governo elaborado. Mas o plano apresentado à Justiça Eleitoral é resumido. Esse é o plano definitivo?
Você, quando faz um plano de governo, faz uma linha mestra. Não tem como você colocar ali todas as informações até porque você também não tem todas as informações. Você sabe quanto o ICI [Instituto Curitiba de Informática] gasta com software? Eu não sei. Como eu vou falar do ICI [no plano]? Eu posso falar que vou fazer uma auditoria e que nós vamos melhorá-lo em termos de gestão, porque eu acho que gastar R$110 milhões com o ICI é muita coisa. Então eu tenho que dar um panorama geral [no plano]. Não posso entrar nas miudezas, até porque não tenho a informação.
Então seu plano de governo é aquele apresentado no TRE?
Não, você complementa. Inclusive com novas ideias que vão surgindo, com erros que você vai vendo na própria campanha. Eu acho que ele vai ser complementado inclusive na nossa gestão. Tem muita coisa que tem que ser acrescentada.
Mas isso vai acontecer até o fim da campanha?
Se surgirem novas ideias, por que não?
A campanha do senhor é toda baseada em criatividade, em mudança e novas ideias. O sr. poderia dizer que mudanças propõe para a cidade?
Primeiro, fazer um resgate da genialidade da cidade de Curitiba. Curitiba sempre foi uma cidade que se pautou pelo planejamento. Precisamos resgatar o Ippuc [Instituto de Pesquisa e Planejamento de Curitiba], que está desprestigiado. Vou eliminar a Secretaria de Planejamento que hoje acaba fazendo a parte do Ippuc.
A gente sabe que a Secretaria de Planejamento faz muito mais coisas do que planejar a cidade em termos urbanos. Como vai ficar a cidade nesse tempo de acabar com a Secretaria e reestruturar o IPPUC? E como reestruturar o IPPUC para pensar em termos administrativos, porque a Secretaria de Planejamento também pensa na questão administrativa?
Aí você tem as outras secretarias que vão voltar a ter as suas funções de origem. A cidade viveu desde a década de 40 até agora, há 10 anos, sem a Secretaria de Planejamento, qual é o problema de eliminar ela e fortalecer o IPPUC novamente que deu as grandes glórias da cidade como vanguarda?Mas questões como gestão de orçamento?Para isso tem a Secretaria de Governo, de Finanças. Você distribui a função de planejar a cidade para o IPPUC novamente e as outras funções voltam para a secretaria de origem. Como, por exemplo, a Cohab e a Secretaria de Habitação, são dois órgãos da cidade que cuidam da mesma coisa. Para quê esses dois órgãos? Um é para ganhar amigo. Vamos acabar com o apadrinhamento de amigo e fortalecer a Cohab que foi iniciada pelo Dr. Ivo Arzua que sempre fez um trabalho fantástico que, aliás, tem uma prerrogativa de não cuidar apenas de Curitiba, ela pode fazer o planejamento habitacional para a região metropolitana e o litoral.
Vai haver um hiato aí entre toda essa reestruturação que o senhor pretende fazer e realmente isso começar a funcionar. Como o senhor mesmo disse "política leva tempo". Como é que fica a cidade?
Nós vamos fazer tudo dentro de um planejamento. A cidade não para, vai continuar sendo tocada da mesma forma. Tudo vai ser feito com planejamento. Ninguém vai fechar uma porta amanhã, tem que fazer um cronograma de tudo isso.
Reestruturação passa por concurso público ou uso de comissionados?
Em muitas áreas eu acho que vamos ter que fazer concurso público sim. Na área da saúde, por exemplo, que tem que ser reestruturada, você precisa fazer um concurso público grande, inclusive.
Para a área de saúde você precisa ter um pessoal permanente, aí se faz concurso público. Mas para o IPPUC, por exemplo, nessa área de planejamento, alguns gestores preferem colocar cargos comissionados. A ideia seria concurso público também para essa área?
Também. E fazer uma parceria também com as universidades. Eu acho que a gente tem muitos gênios dentro das universidades, nessa área de urbanismo, de arquitetura, rapaziada nova que vem com uma cabeça de um mundo de século 21, a galera Y que quer ajudar a cidade, que tem muita coisa boa, na área ambiental, de reciclagem, de lixo que dá para ser aproveitada. Nada mais inteligente do que a gente juntar a experiência do IPPUC com novas cabeças chegando e podendo fazer essa química.
Qual seria sua primeira ação caso eleito?
Montar uma boa equipe, fazer um planejamento, revisar os contratos da prefeitura.
Qual será sua prioridade?
A saúde, porque hoje está muito ruim. Em termos físicos [postos de saúde], Curitiba é uma cidade boa. A grande demanda é o profissional médico para atender essas pessoas e também diminuir a fila de especialistas. Vamos fazer uma parceria com os hospitais universitários e hospitais-escola para usar os residentes. E tem que fazer que fazer um plano de pagamento do trabalho dos médicos baseado na meritocracia, quantidade e qualidade do atendimento. Tudo tem que ser estudado.
O sr. tem prometido zerar a fila das creches, estender o horário de atendimento para as 19 horas e reduzir a jornada dos educadores, o que exigirá novas contratações. Da onde sairá o dinheiro e quanto custaria?
Hoje Curitiba gasta com custeio 37% [do orçamento]. Há uma boa margem de gordura para ampliar a folha de custeio para contratação de educadores. Custaria por volta de R$ 100 milhões. Para a construção de mais creches, tem que fazer parceria com o governo federal que, aliás, tem muito dinheiro para isso. Aí, é uma conta mais complexa. Mas existem recursos.
Contratações de médicos e educadores significam que o peso da folha em Curitiba tende a aumentar. Haverá menos dinheiro para obras?
O prefeito não tem dinheiro para tudo, tem de eleger prioridade.
Mas se aumenta o custeio, diminui-se o investimento em algum setor ou tem de cortar o custeio em outro lugar?
Existem secretarias hoje que, em tese, não servem para nada. A Secretaria de Habitação, a Secretaria da Copa do Mundo, a Secretaria Excepcional do Cerimonial, Secretaria Excepcional de Assuntos Estrangeiros. Tem como enxugar a máquina pública. Você tem como cortar um pouco de cargo comissionado, tem como dar menos dinheiro para o ICI. Você tem como alugar menos carro.
Mas o sr. disse que há margem para aumentar os 37% do orçamento com a folha...
Isso é uma alternativa que eu tenho com gestor. Mas, obviamente, não quero aumentar a minha folha para deixar de investir. Se eu conseguir economizar enxugando a máquina pública, ótimo.
Qual sua proposta para as escolas municipais?
É preciso ampliar o número de vagas de tempo integral. Curitiba tem 19 mil alunos na educação integral e no contraturno. Na nossa gestão queremos aumentar em 50%, chegando a 28 mil alunos. Também vamos tentar diminuir o número de alunos na sala de aula. Hoje são quase 40 alunos. Há estudos indicando que, para uma educação de qualidade, para que os professores consigam dar atenção às crianças, tem de haver de 25 a 35 alunos por sala de aula. E também nos comprometemos a destinar 33% [da jornada dos professores] para a hora/atividade. Hoje, os professores fazem 20%.
O sr. colocaria suas duas filhas em escolas municipais [elas estudam hoje em escola particular]?
Se eu não tivesse condições de pagar escola particular, eu as colocaria. Mas temos de melhorar [a escola pública].
O fato de elas estudarem em escola particular é um reconhecimento de que a qualidade ainda não é a desejada. É possível em quatro anos a escola pública chegar ao mesmo patamar da particular?
Não sei se é possível. Acho que é possível melhorar nossos índices do Ideb [prova que mede o conhecimento dos alunos].
Qual a vocação de Curitiba, na sua visão?
Nós não usamos o potencial turístico para geração de empregos e renda. Acho que Curitiba tem um dos maiores potenciais turísticos do Brasil. Curitiba também perdeu a oportunidade de ser Vale do Silício do país, que podemos resgatar. Nós temos um parque de software, que foi criado em 1996, com 22 empresas fantásticas de tecnologia. Mas o nosso principal instituto de tecnologia, que é o ICI, nunca comprou um software deles. Com R$ 110 milhões que o ICI tem de orçamento, poderia se tornar um grande comprador dos produtos que essas empresas de tecnologia produzem. O órgão público pode ser um indutor da vocação.
O que se pode fazer para melhorar a infraestrutura urbana de Curitiba?
Pensar em um novo sistema modal para a cidade, com transporte público de qualidade, ligando Curitiba com a Região Metropolitana. O metrô é um bom investimento, mas para daqui a 10, 15 anos. Se falarem que o metrô fica pronto antes de 10 anos, estão mentindo. Nós temos, então, que criar um sistema alternativo.
Qual seria o modelo?
É o VLT [Veículo Leve sobre Trilhos] Trancar. É modelo asiático, que é um VLT em cima de pneus, movido a energia elétrica, muito menos poluente, silencioso, com plataforma de entrada rente ao chão, dando uma facilidade na acessibilidade. E tem a capacidade de levar passageiros três vezes maior do que a do ligeirão azul, que leva 240 pessoas. Esse chega a comportar até 650. Seria possível usar as canaletas de ônibus que já temos [para instalar o VLT], por meio de uma parceria público-privada, sem gastar o dinheiro da prefeitura.
E quanto ao atual projeto do metrô: o senhor vai tocar esse projeto se for eleito?
Nós temos que abrir a discussão [sobre o projeto] com o Crea, o Instituto de Engenharia do Paraná, os técnicos da prefeitura. Eu sou favorável a fazer o metrô. Mas não sou o técnico que vai dar esse parecer.
O sistema de transporte coletivo hoje tem um déficit de R$ 60 milhões por ano. As alternativas são aumentar a passagem ou subsidiar. Entre as duas opções, qual o sr. prefere?
Primeiro vou fazer uma auditoria na Urbs. Preciso saber os custos [do sistema]. Não sou contra subsidiar, desde que haja um limite para isso. Para saber o limite, é preciso entender os números. Mas a prefeitura sozinha não consegue subsidiar R$ 60 milhões por ano.
Quais propostas para resolver o problema do trânsito caótico?
Tem que criar uma central de engenharia de trânsito, consertar a Linha Verde, fazer uma série trincheiras e viadutos.
É preciso fazer restrições ao uso do carro?
Não acho que precisa. O carro é uma ascensão social. Mas tem de haver a opção de um transporte público de qualidade. Para isso, tem muita coisa que precisa melhorar: mais canaletas, talvez mais faixas exclusivas nas nossas avenidas.
O sr. propõe um grande projeto de construção de calçadas. Como será?
Nós vamos mandar um projeto de lei para a Câmara para dar autoridade para a prefeitura fazer isso, porque hoje a prefeitura não pode. Hoje as calçadas são de responsabilidade do próprio morador. Modificando isso, nós vamos criar um sistema no qual o morador possa quitar o custo da construção da calçada em 10 ou 15 anos. Vai ter que criar taxa para pagar a dívida [com o município].
Sobre taxas, qual sua política tributária? A planta de valores dos imóveis do IPTU não tem reajuste há anos. O sr. vai revisá-la ou manterá a política atual de reajustar o IPTU apenas pela inflação, sem mexer na planta?
Acho que essa política convencional tem dado certo. Na política do ISS [Imposto Sobre Serviços], nós vamos isentar, no primeiro ano, as pequenas e microempresas que se encaixam na primeira faixa do SuperSimples, que é de até R$ 180 mil de faturamento anual. E vamos diminuir de de 5% para 3% o ISS do setor hoteleiro, que gera muito emprego.
E o que o sr. acha da engenharia financeira que foi feita para se construir o estádio do Atlético por meio do potencial construtivo?
Eu não sou favorável. Mas vou cumprir o contrato firmado.
E se for preciso injetar dinheiro público porque no último momento vai faltar recursos?
Da prefeitura, não.
Essa política do potencial construtivo usada no estádio tem sido criticada porque foi criada para a preservação de imóveis históricos e áreas verdes. O que o sr. pretende fazer com o potencial construtivo?
Tem que ser usado para aquilo que foi a sua ideia inicial, de revitalizar áreas degradadas. Ou para fins sociais. Você pode usar o potencial para arrumar dinheiro para construir mais creches.
Como o sr. vê a concessão à iniciativa privada de espaços públicos como aconteceu nos casos da Pedreira e Ópera de Arame?
Em primeiro momento, sou favorável a fazer concessões para infraestrutura, mas não estou convencido para manutenção de parques.
O sr. pretende utilizar algum mecanismo de orçamento participativo?
Eu gosto muito dessa ideia.
Resumidamente, por que o senhor quer ser prefeito?
Quero ser prefeito porque entendo que posso ser um instrumento de transformação de Curitiba, num projeto a médio e longo prazo com uma grande equipe. E porque quero fazer o resgate da genialidade de Curitiba.
Vida Pública | 4:58
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