Quando saiu a escalação do Paraná, a torcida deve ter tido uma premonição. Ao ver Neguete no time, é difícil não se pensar que algo de ruim poderá acontecer.
O zagueiro nunca foi unanimidade na Vila Capanema. Acumulou atuações irregulares e só foi suportado pelo torcedor quando atuou na sobra, como líbero.
Mas ontem, sem opções, Lori Sandri teve de colocá-lo no lado direito Daniel Marques estava suspenso. E o óbvio aconteceu: o zagueiro foi o personagem principal da derrota paranista.
Logo aos 22, enquanto Marcelo Ramos cabeceava livre, ele atrapalhava Flávio, se enrolava, via a bola bater na própria perna e entrar para o gol. Mas o futebol surpreende. E um minuto depois dava outra chance ao jogador. Araújo cobrou falta e Neguete cabeceou forte para empatar.
A vida está cheia dessas histórias, mas ainda não havia acontecido com o zagueiro do Paraná. E Neguete tem uma coisa em comum com a vida, também sempre surpreende.
Ele é beque, mas deve imaginar que é meia-cancha, no mínimo um volante. O defensor não gosta de dar chutões, prefere tentar driblar o atacante e lançar, embora quase não acerte lançamento algum.
Talvez por isso, 10 minutos depois, quando a bola sobrou limpa para o jogador, e no fundo se viu Ferreira correndo, houve tricolores que colocaram as mãos na cabeça. O que era para ser um chutão, virou uma tentativa de drible e, logo depois, o segundo gol do Atlético.
O jogador não falou, saiu cabisbaixo, mas continua em alta a julgar pelas declarações de fim de jogo. Muçamba: "Perdemos por dois erros coletivos". Nem: "Todo mundo aqui confia nele". Lori: "O Neguete não fez por querer. No resto do jogo, foi muito bem".
O treinador, aliás, só não foi pior que o seu zagueiro. Talvez por isso tenha deixado Neguete até o fim da partida. (AP, DR, JCL, LB, MR, SG)
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