Enquanto o elenco paranista descansava, o zagueiro Neguette ainda vivia o reflexo da vitória sobre o Paysandu, por 2 a 0, no Pinheirão. No primeiro tempo, o camisa 4 teve de deixar o campo carregado até a ambulância. Depois de um forte choque de cabeça com Váldson, ele ficou desacordado e acabou no hospital com traumatismo craniano. Por precaução, continua internado, fazendo diversos exames. A previsão é de alta apenas amanhã.

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A cautela se sustenta na lembrança da trágica morte do zagueiro Vágner, em 1990. Após levar uma pancada forte em um jogo contra o Sport de Campo Mourão, pelo Campeonato Paranaense, ele seguiu para o hospital, onde recebeu alta. Morreu sete dias depois, vítima de edema cerebral.

"Estou tranqüilo. Esse tempo todo internado é procedimento padrão. A pancada foi forte e houve perda de memória", comentou, apoiando-se no resultado dos exames para manter a calma. Religioso, também se apega à fé para superar a experiência assustadora.

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Meio sem convicção, Neguette falou até em jogar no sábado, contra o Botafogo, mas avisou que não pretende apressar o retorno aos treinos. Vai aguardar o sinal verde do médico para "não correr risco". Passado o ápice da tensão, o zagueiro revelou que ainda não lembra do lance na área do Papão. "Só vi pela televisão depois".

Ao acordar dentro da ambulância, quando o carro começava a se movimentar, a primeira reação foi tentar pensar na filha. Atordoado, ao abrir os olhos não estava entendendo nada do que se passava.

"Vi a chuteira no meu pé e nem liguei uma coisa a outra. Nem me ocorreu que eu estava no meio de um jogo", contou. Aos poucos, recuperou a lucidez. Na chegada ao hospital, conta que já brincava com os enfermeiros.

"Dá medo. A gente nunca pensa que vai acontecer com a gente", comentou, lembrando de um amigo que perdeu a memória por 60 dias depois de um incidente parecido. "Agora já não estou mais preocupado. Me resta cumprir o tempo determinado pelos médicos e voltar ao trabalho", complementou.

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