Nice - Dois fatos novos vieram à tona, ontem, a respeito do escândalo de fabricação de resultado no GP de Cingapura de 2008. No depoimento que prestou à empresa Quest, contratada pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA) para investigar o caso, o ex-piloto Nelson Piquet disse ter contado ainda no ano passado para Charlie Whiting, que foi seu mecânico na época de Brabham e hoje trabalha como delegado da FIA, a história envolvendo seu filho Nelsinho. Enquanto isso, a família Piquet começa a lutar agora para romper o contrato que Nelsinho tem com Flavio Briatore, que era seu empresário.
Nelson Piquet adiantou que espera apenas o resultado do julgamento do caso na FIA, na segunda-feira, em Paris, para entrar com uma ação contra Briatore, dirigente que foi demitido nesta semana pela Renault. O filho do tricampeão, Nelsinho, tem sua vida profissional atrelada à empresa de gerenciamento de Briatore desde 2007. Como o dirigente italiano costuma fazer contratos de oito anos, é provável que o piloto brasileiro esteja nas suas mãos até 2014. Mas Nelson Piquet vai aproveitar o episódio para tentar romper o compromisso, alegando que Briatore, ao pedir para Nelsinho provocar um acidente, não agiu nos termos do acordo.
"Quando eu soube dessa história, não acreditei. Minha vida toda foi dentro do automobilismo e nunca vi isso. Liguei para o Nelsinho e ele me confirmou tudo, dizendo que a equipe lhe pediu para fazer isso e aquilo", diz o depoimento de Nelson Piquet à empresa Quest. "Disse ao Nelsinho que ele poderia ter se machucado, bem como outras pessoas E ele me respondeu estar consciente do erro."
O GP de Cingapura foi disputado em 28 de setembro. E Nelson Piquet diz ter falado sobre a farsa da Renault com Charlie Whiting no dia 2 de novembro, durante o GP do Brasil, em Interlagos. "Perguntei a ele o que poderia acontecer ao meu filho se tornasse o assunto público, estava preocupado com a sua carreira", contou o ex-piloto, que é dono de três títulos da Fórmula 1 (1981, 1983 e 1987). Ele ouviu como resposta do delegado da FIA que não haveria como provar. Assim, o caso ficou esquecido até ser aberta a investigação este ano, após depoimento formal de Nelsinho.
Na justiça
O próximo passo de Nelson Piquet é livrar seu filho das garras contratuais de Briatore, que tem o poder de decidir sobre as opções profissionais do piloto brasileiro e ainda fica com pelo menos 20% do que ele ganha. "Se o Conselho Mundial da FIA confirmar a sua responsabilidade (de Briatore), vou procurar um tribunal", avisou o tricampeão. Briatore já tem ações contra a família Piquet na Justiça francesa e inglesa, com a acusação de chantagem.
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