São Paulo - A experiência de Nelsinho Piquet na Renault terminou de forma traumática. Num longo comunicado distribuído ontem à imprensa, o brasileiro anunciou que foi demitido e fez duras críticas a Flavio Briatore, chefe do time e seu empresário. A nota (leia trechos ao lado) começa com "fui comunicado pela equipe sobre a decisão de me impedir de continuar". A partir de então, Nelsinho desfia uma série de motivos para os problemas enfrentados em 2008 e 2009.
"O caminho para a F-1 sempre foi complicado, e meu pai e eu, por isso, assinamos um contrato de management com Briatore. Acreditávamos que seria uma excelente opção, pois ele possuía todos os contatos. Infelizmente, foi aí que o período negro da minha carreira começou", escreveu.
Segundo Nelsinho, "situações estranhas" aconteceram desde o início do último Mundial. "Eu era apenas tido como aquele que pilotava o outro carro. Para piorar, em inúmeras ocasiões, 15 minutos antes da classificação e dos GPs, Briatore me ameaçava, dizendo que, se eu não conseguisse um bom resultado, ele já tinha outro piloto para o meu lugar."
Em 2008, estreante na F-1, Nelsinho começou mal, mas se recuperou na segunda metade da temporada. Foi 2.º na Alemanha, 10.ª das 18 etapas, e fechou o ano em 12.º, com 19 pontos, desempenho razoável para um novato o bicampeão Fernando Alonso, seu companheiro, foi o 5.º, com 61.
Em Interlagos, no encerramento do Mundial, seu pai, o tricampeão Nelson Piquet, conseguiu com Briatore a permanência por mais um ano. Praxe nos acordos com pilotos poucos experientes, o contrato tinha cláusula de performance. "Ele me fez assinar um contrato exigindo que obtivesse 40% dos pontos de Alonso até o meio da temporada. Mesmo sendo companheiro de um bicampeão, estava confiante de que, se tivesse as mesmas condições, alcançaria facilmente."
Nelsinho conta que a busca por esse objetivo foi prejudicada porque testou menos e em situações piores do que Alonso na pré-temporada. E que, durante o ano, não contou com as mesmas evoluções no carro. "Infelizmente, as promessas não se transformaram em realidade novamente. Um manager deve encorajar, apoiar e fornecer oportunidades. No meu caso foi o contrário, Briatore foi o meu carrasco", completou.
Em 10 GPs em 2009, o brasileiro não pontuou. Alonso é o 11.º no campeonato, com 13 pontos.
Aos 24, Nelsinho agora tentará vaga na F-1 para a próxima temporada, que contará com três novas equipes: Manor, Campos e USF1.
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"Sinto uma sensação de alívio por ter chegado o fim do pior período da minha história profissional.
Meu pai e eu assinamos um contrato de management com Briatore. Foi aí que o período negro da minha carreira começou.
Em inúmeras ocasiões, meu chefe me ameaçava, dizendo que se eu não conseguisse um bom resultado, ele já tinha outro piloto para o meu lugar
Ele (Briatore) me fez assinar um contrato baseado em desempenho, exigindo que eu tivesse 40% dos pontos do Alonso até a metade da temporada. As condições que tive de enfrentar durante os últimos dois anos têm sido no mínimo atípicas, existindo alguns incidentes que mal posso acreditar que me ocorreram. Um manager deve encorajar, apoiar e fornecer oportunidades.
No meu caso aconteceu o contrário, Flávio Briatore foi o meu carrasco.
Quem conhece a minha história sabe que os resultados que estou tendo na F1 não correspondem ao meu currículo e minha habilidade."
Nelsinho Piquet
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