Foram 48 horas delirantes para Neymar. Maratona iniciada após o amistoso contra a Inglaterra, domingo, no Rio; que alcançou o auge com a apresentação ao Barcelona, segunda, na Espanha; e terminou com uma corrida leve em torno do gramado, já de volta a Goiânia, ontem à tarde.
Após tudo isso, Neymar poderá, enfim, dedicar-se apenas aos treinamentos para o amistoso contra a França, no próximo domingo, em Porto Alegre. No entanto, ainda a transação dele para o exterior seguirá em pauta. Ao que tudo indica, por um bom tempo. A negociação que envolveu ao todo 57 milhões de euros (em torno de R$ 158 milhões) pode ir parar na Justiça.
A DIS, que era proprietária de 40% dos direitos do atleta, contesta os valores da transferência. Isso porque o Santos declarou para o grupo de investimentos que vendeu Neymar por um valor bem menor do que o divulgado pelo comprador, cerca de 17 milhões de euros (R$ 47 milhões).
Confusão que, de acordo com as pessoas próximas do atleta, não será problema. "Foi uma operação transparente, e o Neymar está bem tranquilo com isso. Só vai pensar na Copa das Confederações", afirma Marcos Malaquias, agente muito próximo à família de Neymar e que participou diretamente da negociação.
Em Goiânia, o turbilhão causado pela volta do craque relegou a seleção brasileira 22 jogadores e o técnico Luiz Felipe Scolari a segundo plano no período pós-empate com a Inglaterra. Mesmo com a ausência de Neymar do grupo, e do treinamento realizado pela manhã, todos só queriam saber do ex-santista.
As mais inconformadas eram as chamadas Neymarzetes meninas, na faixa dos 15 anos, que marcam presença onde quer que o escrete canarinho (e o camisa 10 da seleção) esteja. Elas estiveram no hotel da delegação nacional e na porta do CT do Goiás, na ilusão de avistar o topete do ídolo teen.
Em vão. Neymar contou com um esquema de guerra para o retorno. Partiu da Catalunha em jatinho fretado pelo Barça, desceu em Brasília e de lá subiu em um helicóptero para cumprir o trajeto derradeiro. Tudo responsabilidade do gigante clube espanhol, tratado em sigilo para que ninguém o notasse.
"O Barcelona disponibilizou tudo do bom e do melhor para o Neymar. Um avião confortável, que ele pôde dividir com os amigos e dormir o suficiente para chegar ao Brasil em boas condições de retomar o trabalho na seleção", diz Malaquias.
Ainda em Barcelona, pôde contar com a ajuda do agora companheiro de clube Adriano. O ex-Coritiba esteve ao lado de Neymar o tempo inteiro. "Foi alguém que ajudou muito nesse primeiro dia cheio de emoções", comenta Malaquias.
Enquanto isso, outro colega de clube, Daniel Alves, teve de se virar na entrevista coletiva. Questionado como os jogadores da seleção encaravam o tratamento dispensado pela CBF a Neymar, o lateral-direito minimizou. "São momentos especiais, tem de passar. Pontualidades. Não tem por que a gente não entender", afirmou Alves, desde 2008 no Barça. O meia-atacante Bernard também reforçou essa posição.
Antes, porém, o assessor da CBF, Rodrigo Paiva, teve de intervir lembrando que o goleiro Jefferson também foi liberado, na semana passada, para acompanhar o nascimento de sua filha. Caso idêntico ao do lateral-esquerdo Filipe Luís, previsto para 9 e 10/6.