Há duas máximas históricas no futebol da África negra: só é possível ir bem com um estrangeiro no banco e pouquíssimos jogadores que atuam no próprio país dentro de campo. A Nigéria quebrou essa tese ao conquistar a Copa Africana de Nações desse ano com o local Joseph Keshi no banco e 25% do elenco atuando na liga nigeriana, entre eles Sunday Mba, autor do gol do título. Uma fórmula que poderia permitir às Super Águias uma passagem tranquila à Copa do Mundo do ano que vem, mas que o próprio grupo tem tratado de destruir.
O primeiro foco de problemas é a relação entre os jogadores mais experientes e o treinador. Stephen Yobo, antigo capitão da equipe, foi preterido já da lista preliminar para a Copa das Confederações. Emmanuel Emenike, artilheiro na Copa Africana de Nações, criticou publicamente o treinador e a Federação Nigeriana por não acompanharem sua recuperação da contusão que o tirou da semifinal do torneio continental. A mesma lesão que o deixa fora do torneio no Brasil. "Não espero ser mimado como um bebê, mas você gosta de saber que alguém se preocupa com a sua recuperação", reclamou o atacante.
INFOGRÁFICO: Conheça os 23 convocados da Nigéria para a Copa das Confederações
Victor Moses e Kalu Uche, outras duas opções ofensivas, também estão entregues ao departamento médico. Problemas que ficam pequenos diante da grave crise financeira da federação nacional. A premiação pelo título continental não foi paga e quando o depósito for feito, jogadores e comissão técnica receberão metade do prometido. Treinadores de todas as seleções nacionais tiveram seu salário reduzido, enquanto alguns auxiliares acabaram dispensados. Keshi chegou a assumir o pagamento de um de seus assistentes para não perdê-lo.
Para controlar a turbulência, o treinador foi chamado para uma reunião com o governo nigeriano. Embora tenha deixado de lado a ameaça de entregar o cargo, Keshi elegeu uma prioridade para o ano: garantir vaga na Copa de 2014, o que faz da Copa das Confederações quase um incômodo.
"Não supera nem se compara à Copa do Mundo como real objetivo. É por isso que estou lutando e onde quero ver meus jogadores. Daremos o melhor na Copa das Confederações, mas é para voltar ao Brasil no ano que vem que estamos trabalhando", afirmou.