Não há pergunta que o meia Alex deixe sem resposta. A mágoa por ter sido excluído da lista de convocados para a Copa do Mundo de 2002, a chance de jogar o Mundial da Alemanha, daqui um ano, a vida na Turquia, onde é ídolo, a eterna rivalidade entre Atlético e Coritiba, o sonho de se tornar um galáctico. Tudo é encarado pelo jogador paranaense com a mesma classe que ele deixa os companheiros na cara do gol ou estufa as redes adversárias – nova especialidade do vice-artilheiro do último Campeonato Turco, com 30 gols.

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Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, por telefone, direto de Wupperttal, na Alemanha – onde o Fenerbahce faz sua pré-temporada –, Alex fala sobre sua vida na Europa e a maneira que passou a encarar o futebol desde que o amigo Luiz Felipe Scolari o deixou de fora da última Copa. Alex quer se divertir, fazer a alegria da sua torcida e, claro, estar no grupo que, em 11 meses, tentará conquistar o hexacampeonato mundial.

Gazeta do Povo – Você deu uma entrevista no Brasil, há duas semanas, dizendo que não torceria para o Atlético na final da Libertadores, por causa da sua relação com o Coritiba.

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Alex – (interrompendo) Eu torci para o São Paulo.

– Você acha que a diretoria do Coxa acertou ao não emprestar o Couto Pereira para a primeira partida contra o São Paulo?

– Claro. O Coritiba gastou dinheiro para modernizar o estádio e não poderia dar ao Atlético uma oportunidade como essa. Os caras se vangloriam de todas as situações, de ser o melhor clube do estado, e o Coritiba não poderia dar essa chance.

– Nos últimos cinco anos o Atlético ganhou um Brasileiro, foi vice em outro e jogou duas Libertadores. O Coritiba ficou um pouco para trás?

– Ficou distante até uns dois, três anos atrás. Mas a partir do momento que o Gionédis (Giovani, presidente) assumiu, não. Ele está estruturando o time por baixo, como deve ser, cuidando do estádio, do patrimônio. Muita gente fala do CT do Atlético, mas o do Coritiba não fica devendo. Para o Coritiba ter um CT totalmente completo só falta um hotel para os jogadores concentrarem. A distância já esteve bem maior. Hoje, está mais próxima.

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– Mas nos últimos anos o Atlético tem chegado mais.

– O Atlético está chegando porque tem mais dinheiro. De 95 para cá, o Petraglia (Mário Celso, presidente do Conselho Deliberativo) implantou um projeto grande de fazer o Atlético chegar à final das competições. Juntou-se às pessoas corretas, principalmente naquele Brasileiro que eles ganharam, e conseguiu alcançar o objetivo. Poderiam ter alcançado mais, como o bi Brasileiro ou a Libertadores. O Coritiba está fazendo agora o que o Atlético fez em 95, 96. Para a frente, o Coritiba pode alcançar o mesmo sucesso que o rival obteve a partir do momento que o Petraglia assumiu.

– Finalmente você conseguiu fazer uma temporada completa por um clube europeu. A experiência européia está sendo como você imaginava?

– Melhor até do que eu imaginava. Fui campeão, vice-artilheiro do campeonato, artilheiro do time, me adaptei bem, me sinto bem, houve procura de outros times. Eu me sinto bem satisfeito.

– Então surgiram propostas de outros clubes?

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– Surgiram, mas eu preferi ficar aqui. Me adaptei bem, tenho um bom contrato, minha família vive bem. Não tinha porque mudar.

– Quais clubes te procuraram?

– (risos) Não vem ao caso. Não deu certo, deixa pra lá.

– Permanecer na Turquia não te afasta da seleção?

– Pode até me afastar, mas é uma opção minha. Penso no futuro da minha família, na condição que eu vejo lá na frente. As informações chegam para a CBF. Se eu estiver bem aqui, eles vão saber.

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– O Júlio Baptista, artilheiro em um time médio da Espanha, aparece mais na imprensa brasileira do que você, que foi campeão por um clube grande da Turquia. Isso não pesa?

– De certa forma sim, mas de repente eu não tenho muita coisa para provar ao treinador. Jogo futebol há dez anos, o treinador sabe a forma como eu jogo e aquilo que eu posso render. Eu estando bem na Turquia ele já sabe aquilo que estou apresentando. Não sou mais nenhuma novidade no futebol brasileiro. Todo mundo me conhece. Sabe onde sou forte, onde sou falho. Se eu estiver jogando bem, sabem que é aquilo que eu jogaria em qualquer lugar do mundo.

– Quem são os seus concorrentes mais próximos para uma vaga na Copa?

– Desconheço. O Parreira (Carlos Alberto, técnico) tem convocado muita gente e não dá para definir, saber quem são. Na última Copa eu citava vários concorrentes e nenhum foi.

– Hoje você se sente mais dentro ou fora do grupo que vai à Copa?

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– Não me vejo tão próximo, não me vejo muito distante. Me vejo com competência para estar no grupo e ser titular da seleção. Sei que muitas coisas estão envolvidas para que você seja convocado. A gente só tem a resposta em uma situação final, quando vai afunilando para a Copa do Mundo.

– Você nem chegou a assistir à final da Copa de 2002.

– Não tinha porquê. E o horário me ajudou. Os jogos eram sempre de madrugada e não tinha porque acordar 3 da manhã para ver o Brasil. Fiquei muito chateado por não ter ido. Hoje olho para trás e me sinto injustiçado da mesma forma. Se não for próxima, vou me sentir da mesma forma. Não vejo ninguém melhor do que eu na posição que eu jogo. Mas é uma questão que o treinador decide de acordo com o que ele necessita, com as prioridades que eles têm. Tenho a consciência bem tranqüila de que eu tinha condições e merecia estar em 2002 e tenho condições e mereço estar em 2006. Agora, se eu vou estar ou não, quem define é o treinador.

– Você já fez as pazes com o Felipão?

– Nunca mais vi o Felipe. Ele foi para Portugal. Mas não tive briga com ninguém. Ele era o treinador, achou que o melhor grupo era aquele e foi campeão. Não tenho nada contra ele. O Felipão me ajudou muito, por que brigar com o cara? Fiquei chateado, mas não sou criança.

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– Essa é a sua última chance de jogar uma Copa?

– Até 2010 eu estou jogando em alto nível. Espero que eu vá nessa. Já era para ter ido em 2002, mas não fui. Hoje eu penso muito mais em jogar futebol, me divertir, dar alegria ao torcedor e seleção eu vejo como conseqüência do bom futebol.

– Você já faz planos para depois que parar de jogar?

– Vou voltar para Curitiba, viver com a minha família, ver como vai estar a situação, procurar algo para fazer. De repente ficar no futebol, de repente fazer outras coisas. Ainda não tenho um pensamento firmado.

– O Luxemburgo nunca escondeu que gosta do teu futebol. Ele já chegou a te convidar para jogar no Real Madrid?

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– Eu conversei várias vezes com o Vanderlei. Acho que ele é o melhor treinador que o Brasil tem. Torço para que ele seja feliz no Real. No meu caso tem a dificuldade de eu não ter passaporte europeu. O Real só tem três vagas para estrangeiros que estão ocupadas. Agora eles estão tentando abrir uma vaga para encaixar o Robinho. Se o Vanderlei tiver a oportunidade, acho que ele vai me levar porque sempre gostou da minha forma de agir e jogar.

– O impasse quanto à venda do Robinho também é comentado na Turquia ou se restringe à Espanha?

– Não. Está na Europa toda. É o craque maior do futebol brasileiro, todo mundo quer saber, conhecer. É uma questão de tempo para a coisa se resolver ele seguir para o Real Madrid.