Michel Bastos realiza treino de recuperação no CT do Atlético| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Michel Bastos despontou para o futebol como lateral-esquerdo do Atlético. No clube, admite, a pouca idade o prejudicou. "Fi­­quei devendo." Pouco antes de se despedir da Baixada, em 2006, rumo à Europa, se desentendeu com o ex-presidente Mario Celso Petraglia. Hoje meia-atacante do Lyon, ele se recupera em Curitiba de uma cirurgia no joelho feita com o coordenador do departamento médico rubro-negro, Edilson Thiele. Além de lem­­­­brar as duas passagens pelo clube (2003 e 2006), Michel também falou à Gazeta do Povo sobre a carreira e o fracasso na Copa do Mundo de 2010.

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Até quando você pretende atuar na Europa?

Tenho contrato até 2013 com o Lyon [França], mas tenho algumas coisas encaminhadas. Há uma grande possibilidade de eu ir para Inglaterra, Espanha ou Itália no fim da temporada. Um clube grande. A realização de um sonho.

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O que te vem à mente quando lembra de suas passagens pelo Atlético?

Eu devo demais ao Atlético. Tive duas passagens um pouco conturbadas. Na última, inclusive, houve uma discussão forte com o [Mario Celso] Petraglia [então presidente do clube]. Mas não existiu agressão, como se falou na época. Dis­­cu­­timos por causa de um problema de relacionamento com um médico que já não está mais no clube. Para mim, ele não jogava limpo comigo, escondia muitas coisas. Estava me prejudicando muito na minha recuperação. Tive uma discussão com esse mé­­dico e o Petra­­glia me chamou para conversar. Nós dois estávamos nervosos e discutimos. Só isso. Tanto que depois eu fui acertar a minha rescisão para ir para a França no escritório do Petraglia e ele me desejou boa sorte.

Você pretende voltar ao clube?

Voltaria, mas só daqui a uns cinco anos. Hoje tenho 27 anos e outra cabeça. Cheguei aqui com 20, era um moleque um pouco problemático. O torcedor tem direito de co­­brar e dizer que eu não fiz muito pelo clube, porque eu não fiz mesmo. É um arrependimento que eu tenho, não vou mentir, de não ter conseguido fazer a torcida do Atlé­­tico feliz. Hoje é totalmente diferente, sou um pai de família, tenho esposa e filho. Pelo que o Atlético fez por mim, eu sou atleticano. Se um dia eu tiver a oportunidade de retribuir, eu gostaria muito de voltar a vestir a camisa deste clube.

Você já estava sentindo dores quando disputou a Copa da África do Sul?

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Não. Só agora o joelho vinha bloquea­­ndo e me incomodando muito. Isso vem acontecendo há um mês e meio, só que nos últimos tempos era praticamente a toda ho­­ra. Então, eu decidi fa­­zer a ci­­rurgia.

Aquele jogo contra a Holan­­da, pelas quartas de final da Copa, ainda martela na sua cabeça?

Claro que fica um pouco, mas faz parte do passado. Jogar uma Copa é maravilhoso.

O que aconteceu naquela par­­tida?

A gente fez um primeiro tempo muito bom. Eu entrei no vestiário dizendo que íamos passar e, se passássemos, seríamos campeões. No segundo tempo, as coisas mudaram. Em uma Copa do Mundo, o mínimo de­­talhe faz muita diferença. Foi o que aconteceu. Hoje criticam o Dunga e o Felipe Melo, mas to­­dos nós fomos responsáveis pela derrota. Futebol é assim. A gente fez um bom primeiro tempo e um mal segundo tempo e acabou perdendo.

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Como você avalia seu rendimento no Mundial?

Tenho certeza de que ninguém pode apontar o dedo para mim e dizer que o Michel prejudicou a equipe. Lógico que quem conhece o meu futebol pergunta por que eu não fui mais ofensivo, não avancei mais. Só que eu cheguei à seleção disputando apenas cinco jogos antes da Copa, em uma posição na qual não jogava há cinco anos... Hoje eu sou meia-atacante. Que­­ria fazer o melhor para a seleção. Foi o que aconteceu. Se eu tivesse, antes da Copa, mais uns 10, 15 jogos, eu estaria mais liberado, com confiança para poder fazer o ‘algo mais’. Mas no todo foi positivo, pois são 10 jogos, com 9 vitórias e 1 derrota. Uma derrota na hora errada, mas acho que a minha passagem até agora pela seleção é bastante positiva.

Você acredita que ainda te­­rá outra oportunidade na seleção?

Qualidade eu tenho. Se voltar, espero jogar na minha posição. Eu quero jogar 2014, mas antes tem a Copa América e primeiro visualizo isso. Na Copa do Bra­­sil eu já vou estar meio velhinho, faço 28 neste ano. Mas no futebol as coisas acontecem muito rápido. Como ainda tem tempo, quem sabe?