No dia 22 de outubro de 1969, uma noite chuvosa de quarta-feira, o Santos entrava em campo no Alto da Glória com o objetivo de ajudar Pelé a chegar rapidamente ao gol mil o camisa 10 tinha àquela altura 993 tentos no currículo.
Assim como Romário faz hoje, o "Rei" não escondia a obsessão para alcançar tal marca rapidamente. O Coritiba de Dirceu Krüger e Paquito era o obstáculo da vez para ele diminuir a diferença e obter o quanto antes a façanha.
Coube aos defensores Modesto e Nico a função de anular a estrela da partida, válida pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa (o precursor do Campeonato Brasileiro). Não conseguiram.
Em dia inspirado, o meia santista abriu o placar e depois após matar a bola no peito disparou com força para fazer o segundo do Peixe. O duelo terminou 3 a 1 para os visitantes.
"Noite de futebol brilhante foi do Rei Pelé", noticiou a Gazeta do Povo. Um dia antes, em clara demonstração de qual era o tema do confronto, o jornal colocava uma charge com a caricatura de Pelé pedindo ao Vovô (mascote do Alviverde) uma ajuda para chegar a mil gols.
"O Santos era uma potência e o Coritiba ainda sofria com a falta de experiência. Muita gente achava até que (o gol mil) sairia ali...", garante o goleiro Joel Mendes, titular do Coxa na memorável partida. "Naquela altura, ninguém queria ficar com a fama de tomar o milésimo. Hoje, ao saber que eu faço parte dessa trajetória bonita, fico realmente feliz", completa o ex-atleta, 61 anos, dono de uma panificadora no bairro Jardim Social.
Passado o êxito na capital paranaense, já com 995 bolas na rede, o Atleta do Século reforçava a campanha rumo à marca inédita com a imprensa cobrindo a partir daquele momento todos os seus passos.
A festa ocorreu no principal palco do futebol, o Maracanã, em 19/11/69, em cobrança de pênalti contra o goleiro argentino Andrada. O Santos venceu o Vasco por 2 a 1. Pelé dedicou o momento às crianças do país.
O documentário Pelé Eterno (2004), com direção de Aníbal Massaini, mostra imagens dos dois gols marcados no Belfort Duarte (hoje Couto Pereira), assim como todos os outros anotados até a marca histórica.
Por isso, o sonho de Romário sensibiliza de alguma forma Joel Mendes. "Ele tem seus méritos. Há jogadores que mesmo contabilizando treinos e coletivos não chegariam perto desse número. No entanto, fique isso bem claro, ninguém pode ser comparado a Pelé."(RF)
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