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Aos 34 anos, o centroavante Loco Abreu tem 15 só de seleção uruguaia. Na maior parte deles, poucas glórias. Porém, jogador de confiança do técnico Oscar Tabárez, apesar de reserva, seguiu na equipe para participar de dois momentos marcantes: o quarto lugar na Copa do Mundo, há um ano, e a classificação para a final da Copa América, hoje, em Buenos Aires. Ninguém melhor do que ele para explicar como a Celeste se reergueu. Foi o que o centroavante, de 1,93 m, fez no saguão do Hotel Intercontinental, local da concentração charrua no centro de Buenos Aires, atendendo com simpatia cada equipe de reportagem brasileira que chegava. Falou, em português, sobre o momento do Uruguai, além de algumas outras histórias, como a experiência jornalística quando era adolescente.

Você até já foi repórter e está há 15 anos na seleção. É quem melhor pode explicar a transição e o sucesso desse time...

O [técnico] Oscar Tabárez en­­trou em 2006 para fazer um trabalho de estruturação. Não só na se­­le­­ção principal, como em toda a base. Alguns jogadores aqui hoje saíram desse projeto, como Cá­­ceres, Muslera, Suárez, Lodeiro... Quando se faz um trabalho sério, com profissionalismo, a chance de dar certo é muito grande. No começo foi difícil. Tomamos muita porrada. Mas não se pode fazer mu­­danças porque o time perdeu um jogo ou um campeonato. Para surtir efeito, tem de ser a longo prazo. E tem outra: aqui todo mundo é parceiro. Não tem essa de protagonista. Não tem vaidade e nem frescura. Todo mundo é o time. O que faz uma grande diferença em campo.

E a famosa raça uruguaia, ajuda?

Nascemos com isso. Se for uma característica bem aproveitada pelo treinador, é um ponto importantíssimo. E o Tabárez vem sabendo tirar o máximo dos jogadores.

Você é reserva e só jogou três mi­­nutos até agora. Mas parece um dos jogadores mais de bem com a vida. Não está chateado?

Se eu fosse reserva de jogadores ruins, ficaria chateado, aborrecido. Mas temos Forlán, melhor da última Copa, o Suárez, que está muito bem na Europa e na seleção, além de Cavani, Hernández... Seria muito egoísta se ficasse de cara amarrada porque estou na reserva. O que eu quero mesmo é ser campeão. No futuro ninguém vai lembrar se joguei três ou trezentos minutos. Vão lembrar que estava no time campeão.

O Loco Abreu poderia ter sido jornalista em vez de jogador?

[Risos] Eu não estudei para isso. Mas havia um jornal na minha cidade [Minas], chamado Serrano, e o dono me perguntou se eu não queria escrever para ele, porque na época jogava basquete, futebol, vôlei também. Eu tinha uns 14 anos. Gostei muito da experiência, mas não durou muito porque logo depois acabaria seguindo a carreira no futebol.

Teve uma vez que você entrevistou você mesmo?

[Risos] É verdade. Ficou como uma grande piada depois. Me pediram para escrever sobre a final de um campeonato de basquete, mas eu jogaria essa final. E fui muito bem. Então foi fácil fazer a entrevista. Fui para casa e mandei ver: ‘Sebas­­tián, como foi o jogo?’ E eu mesmo respondia: ‘Muito bom conquistar esse título..." E por aí foi. O grande problema foi ter assinado com o mesmo nome do entrevistado, Sebastián Abreu . O dono me chamou para conversar e disse que assim acabaria com a credibilidade do jornal.

Tem a ver com esse período a sua mania de filmar tudo que ficou famosa na Copa da África do Sul?

Isso é mais para guardar como re­­cordação mesmo, mostrar depois para os meus filhos. E tem outra. Aqui na Copa América preciso filmar mesmo, para provar que vim, porque não estou jogando [risos].

Terá filme do Uruguai campeão?

Olha, espero muito que sim. Esse time aqui já fez muitas coisas boas pelo futebol uruguaio, mas título é título, né? Só entra para a história mesmo quem é campeão. E eu espero entrar para a história.

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