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Uma hora dentro do ônibus para chegar em casa após um dia cansativo de trabalho. A rotina do promotor de vendas Edson Vaz, 24 anos, não mudou nem em dia de jogo do Brasil. Mesmo sendo liberado mais cedo da empresa onde trabalha, Edson penou ontem para assistir a alguns lances da goleada sobre o Japão. O trajeto de 20 quilômetros entre o Centro de Curitiba e Almirante Tamandaré, na região metropolitana, feito por ele de segunda a sábado, o impediu de ver o primeiro tempo. O consolo veio somente na segunda etapa, quando o promotor de vendas finalmente chegou em casa e pôde comemorar a terceira vitória do Brasil na Copa.

Junto com os colegas de trabalho Helinton Moraes e Salvador de Araújo, Edson saiu da loja de eletroeletrônicos onde trabalha, na Avenida Marechal Deodoro, às 15 horas. Os três caminharam até o ponto de ônibus na Praça do Homem Nu e esperaram meia hora para embarcar. Na fila, nem parecia que o Brasil jogaria em alguns minutos. A conversa dos três era apenas sobre o trabalho.

Faltando 20 minutos para o time de Parreira entrar em campo, o ônibus partiu. A pedido dos amigos, Helinton ligou o rádio do celular para que todos pudessem acompanhar a partida. "Eu não ligo muito para futebol. Só sei dos resultados dos jogos quando o pessoal do serviço comenta", confessou o colega de Edson, que não assistiu a nenhuma partida do Mundial. No ônibus completamente lotado, outros passageiros – parceiros constantes de viagem de Edson a Almirante Tamandaré – espremeram-se ainda mais para tentar ouvir os lances transmitidos pelo rádio do telefone móvel. Mas a atenção deles foi logo interrompida, quando Helinton e Salvador desceram em um ponto na entrada de Almirante Tamandaré.

Edson ainda continuou sua peregrinação para assistir ao jogo com a família. "É uma rotina cansativa, não é fácil", confessava o promotor de vendas quando chegou ao terminal da cidade em que mora há 15 anos. Na espera do segundo ônibus para finalmente chegar em casa, acompanhou o gol do Japão em um pequeno aparelho de tevê numa barraca do terminal.

No segundo ônibus, também lotado, comentou estar gostando da Copa do Mundo. "O Brasil está indo bem. Confio que vá ganhar o título", disse ele, que teme uma final contra Argentina.

Vaz desceu no ponto próximo à sua casa no final do primeiro tempo. A comemoração de vizinhos e os fogos de artifício indicaram que a seleção brasileira havia acabado de empatar.

O promotor de vendas conseguiu assistir ao segundo tempo ao lado do pai, o aposentado Luiz Vaz, 58 anos, e outros familiares. Cada um dos três gols seguintes do Brasil foram muito comemorados pelo rapaz. "A viagem foi sofrida, mas deu tempo de chegar para ver a vitória. Valeu a pena", disse ele, que vai assistir à partida das oitavas-de-final contra Gana em uma lanchonete no calçadão da XV de Novembro. "Como a empresa não vai liberar, já que o jogo é meio-dia, vou ter que ver no Centro mesmo", lamenta.

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