No Iguaçu, domingo de Páscoa entre touchdowns, tackles e carteado

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O Estádio Egidio Pietrobelli, em Santa Felicidade, se dividiu em dois durante o domingo de Páscoa. De um lado, encorujados na sede social do ambiente pertencente ao clube Iguaçu, 29 senhores jogavam buraco e assistiam pela televisão ao clássico entre Atlético e Paraná. Lá fora, gritos de guerra, um vento cortante e muitas contusões marcaram os jogos finais da segunda edição do Torneio de Seleções de Futebol Americano – que teve o Rio de Janeiro como campeão ao vencer o Paraná na final por 20 a 7.

A única semelhança entre os ambientes era o verde: o claro da mesa de jogo e o escuro da grama, já castigada por touchdowns, tackles e outros lances barulhentos que foram capazes de agitar os cerca de 400 torcedores que compareceram para prestigiar a equipe paranaense, embora não suficientes para motivar o italianíssimo Elias Budella.

"Sem chance. Fui dar uma olhadinha ali, mas não entendi nada", confessou o curitibano de 82 anos, sócio do clube há 30.

Elias acompanhou, por exemplo, o choro de um atleta do time da Paraíba, que deslocou o ombro esquerdo. "Só vou para o hospital depois que isso acabar", bradava o jogador, se utilizando de uma tipoia improvisada. A Paraíba já perdia para São Paulo por 20 a 6 – resultado final do jogo preliminar, que decidiu o terceiro lugar.

O fato serve para realçar as características que predominam no esporte ianque: força, garra, competitividade elevada à enésima potência e estratégia para avançar no campo do "inimigo", objetivo primordial do jogo que começa a ganhar adeptos no Brasil.

"Está crescendo e o evento prova isso. Achei tudo muito bem organizado, mas faço uma ressalva em relação aos árbitros. Há regras muito específicas que acabam gerando uma confusão. Mas acho isso normal porque o esporte ainda está em evolução por aqui", comentou o norte-americano Kevin Graham, técnico do time da Paraíba. Santa Catarina ficou em quinto lugar e Mato Grosso na última posição do torneio.

Durante a final, bexigas verdes, brancas e azuis – cores da bandeira do estado do Paraná –, enfeitavam as pequenas arquibancadas. Mas mesmo com a torcida totalmente a favor, os paranaenses não superaram o time do Rio de Janeiro – que já havia chegado à final na edição anterior, quando perdeu para São Paulo.

"Nosso ataque não entrou, nossa defesa estava apática. Enfim, não jogamos 100%. Eu não estou contente com o segundo lugar porque esperava mesmo ganhar", disse o lineback do Paraná, Vicente Brasil. O torneio acabou com funk carioca em meio a uma garoa fina e fria. Enquanto isso, a 100 metros dali, Elias Budella olhava com atenção para a mesa de jogo e comprava mais uma carta.