Polo histórico dos mais fortes oponentes da capital no futebol paranaense, a Região Norte apresenta uma nova cara no Estadual de 2010. Representantes tradicionais, como Londrina, Grêmio Maringá, Matsubara e União Bandeirante estão fora. Perderam espaço para times de menor tradição, como Paranavaí, Cianorte, Nacional e Engenheiro Beltrão.
Principal clube do interior, o Londrina foi o último a capitular. Vítima de crises financeiras seguidas desde meados dos anos 90, quando chegou a disputar a Segunda Divisão estadual, o Tubarão sofreu novo rebaixamento ano passado. A situação financeira chegou ao caos, com dívida acumulada de R$ 10 milhões e a nomeação de um interventor pela Justiça para substituir a diretoria.
Quando voltar a campo em maio, para a Divisão de Acesso, o LEC talvez não tenha onde jogar. O Vitorino Gonçalves Dias está à venda e o Café, totalmente fora das exigências da Federação.
"A situação está enrolada. Eu fico no comando até que se faça a eleição. Mas isso não tem data para acontecer. O clube agora está à procura de um empresário para ajudá-lo", revela o interventor Rubens Moretti.
Ainda em janeiro, o Tubarão deve passar para o controle da SM Sports, de Sérgio Malucelli, dono do Iraty.
O processo de enfraquecimento do Londrina é a repetição de algo ocorrido anos antes no Grêmio Maringá. Tricampeão estadual, o Galo foi adquirido em 2002 pelo empresário Aurélio Almeida. Caiu duas temporadas depois e foi abandonado pelo seu dono, que retomou o comando do clube ano passado. Em poucos meses, Almeida já se envolveu em novas polêmicas, como o anúncio de um não realizado amistoso com o Boca Juniors e a demissão do técnico Muller.
"Eu acho que a compra do Grêmio Maringá pelo Aurélio Almeida fez com que a torcida parasse de ir. O clube perdeu a credibilidade", afirma Itamar Belasalmas, autor do gol do último título paranaense, em 1977, sobre o Coritiba.
"A má administração fez com que a cidade perdesse o encanto. Mas a torcida guerreira, como nós chamávamos, não morreu. Até hoje me param na rua para lembrar daquela época boa", diz.
Algodão-doce
Conhecidas pelo cultivo de algodão e cana de açúcar, respectivamente, Cambará e Bandeirantes sediaram, por mais de duas décadas, inúmeras edições do clássico do algodão-doce. De um lado, o Matsubara e seus craques feitos em casa; de outro, o União e o poderio da família Meneghel.
O último brilho do Matsubara foi a terceira posição no Estadual de 1995, com Neto vestindo a camisa 10. Naquela temporada, em uma tentativa desesperada de salvar a equipe, Sueo Matsubara mudou a estrutura para Londrina.
"Tínhamos a visão de futebol empresa, o que fez do clube um especialista em descobrir talentos. O futebol era gerado com as receitas de vendas e empréstimos de atletas. Depois encontramos dificuldades para encontrar atletas com potencial técnico", conta Oscar Yamato, responsável pelo futebol do clube por 13 anos. Ano passado, a equipe voltou à ativa, na Terceirona estadual.
Cinco vezes vice-campeão estadual, o União viu a crise apertar para valer nos anos 2000, até fechar o departamento de futebol em 2006. No espólio, um leilão malsucedido do estádio e R$ 5 milhões em dívidas trabalhistas. Ficaram apenas as lembranças das lendas sobre o Comendador Meneghel, com direito a tiro na bola diante de alguma marcação desfavorável da arbitragem, e a revelação de jogadores como Tião Abatiá, Paquito, Fábio (hoje no Cruzeiro) e Brandão.
No segundo semestre, o Bandeirantes Esporte Clube, presente há alguns anos nas categorias de base, deve passar ao profissional. Com o suporte da prefeitura, jogará a Terceira Divisão. Uma tentativa de redesenhar o mapa do futebol no Norte do Paraná.
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