O Departamento Jurídico do Paraná foi notificado há dois meses que a Vila Olímpica do Boqueirão iria a leilão. Na manhã desta quinta-feira (11), o estádio foi arrematado por R$ 11,65 milhões, praticamente metade do lance inicial de R$ 23, 2 milhões, pela Seagull Incorporações e Participações. O imóvel foi a leilão para pagar uma dívida total de R$ 1,6 milhão com nove ex-funcionários, entre eles, o ex-treinador Ricardo Pinto, que comandou o Paraná em 2011, e que tem o maior valor a receber: R$ 450 mil.
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Mesmo assim, o corpo jurídico tricolor foi incapaz de evitar o arremate do lote na casa de leilões PB Castro. O clube promete recorrer judicialmente da decisão para cancelar o arremate.
Após a renúncia do presidente Rubens Bohlen, em março, e a consequente entrada do grupo Paranistas do Bem no poder, o “caso Ricardo Pinto” foi assumido pelo Departamento Jurídico comandado por Luiz Berleze, vice-presidente jurídico do clube e membro do Paranistas do Bem.
A diretoria paranista confiava na boa relação que mantinha com Ricardo Pinto para realizar um acordo com o ex-goleiro. Entretanto, no início desta semana o clube recebeu a resposta de que o treinador não aceitaria acordo e que, portanto, exigia o valor integral da dívida. A reportagem tentou contato com Ricardo Pinto, mas o treinador disse que não iria se manifestar.
A diretoria, então, chegou a emitir uma guia de pagamento para acertar os valores com Ricardo Pinto, fato que não aconteceu. Isto porque o clube confiava em uma intervenção política de vereadores de Curitiba ligados ao clube.
Na manhã de quarta-feira (10), apenas um dia antes da data do leilão, o presidente da Câmara Municipal, Aílton Araújo (PSC), protocolou ofício alegando que a lei municipal 8.563, de 1994, assinada pelo então prefeito Rafael Greca, no dia 12 de dezembro daquele ano, transferiu a inalienabilidade do antigo estádio do Britânia, no bairro Guabirotuba, para a Vila Olímpica.
A mudança na legislação foi pedida pelo próprio Paraná, que vislumbrava a possibilidade de negociar o terreno à margem da Avenida das Torres, o que aconteceu em 1998 para a rede de mercados BIG. O ofício, entretanto, foi indeferido na própria quarta pelo juiz Mauro Cesar Soares Pacheco, da 19ª Vara Trabalhsita de Curitiba.
O Tricolor, por sua vez, vai seguir na Justiça com a estratégia da cláusula de inalienabilidade para cancelar o leilão desta quinta. “Existe um ônus na matrícula que diz que o imóvel é inalienável. É um usufruto do Paraná e não poderia ter sido leiloado”, explica o vereador Thiago Gevert (PSC), membro do Paranistas do Bem.