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Maria Luciene Resende assume CBG em fevereiro e promete levar a ginástica brasileira a um novo patamar | Divulgação / CBG
Maria Luciene Resende assume CBG em fevereiro e promete levar a ginástica brasileira a um novo patamar| Foto: Divulgação / CBG

Avançar. É o que Maria Luciene Resende espera fazer à frente da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) pelos próximos quatro anos. No último dia 8, a ex-presidente da Federação Sergipana venceu as eleições para assumir o comando da entidade, após 17 anos da era Vicélia Florenzano. Como vice da ex-presidente na última gestão, Maria Luciene promete dar continuidade ao trabalho que vinha sendo feito, mas sem deixar de levar a ginástica brasileira ao próximo nível de excelência.

Contudo, a tarefa não será das mais fáceis. A nova presidente da CBG herda feitos até então inéditos para a modalidade no país, como as conquistas de etapas da Copa do Mundo e de títulos mundiais de ginastas brasileiros em alguns aparelhos. Além disto, em Pequim o país enviou, pela primeira vez, uma equipe completa para uma final de Jogos Olímpicos. Só ficou faltando a aguardada medalha olímpica, o que a dirigente espera obter em Londres-2012.

"O objetivo maior do nosso projeto é conquistar medalhas olímpicas, feito inédito para a ginástica brasileira", disse Maria Luciene, por e-mail, à Gazeta do Povo Online. Se a herança positiva dará trabalho à nova presidente, algumas polêmicas também terão de ser contornadas pela mandatária da CBG. A primeira dela é com alguns dos principais ginastas do Brasil. Depois das Olimpíadas deste ano, Jade Barbosa acusou a entidade de submetê-la a cargas excessivas de treinos, e recebeu o apoio de Daiane dos Santos e Laís Souza.

Outro ponto abordado pelos atletas envolve o Centro de Treinamento da seleção brasileira, que continuará em Curitiba, o que pode não agradar a todos. Para "pôr panos quentes" nos ânimos de todos os envolvidos com a ginástica brasileira, Maria Luciene adota um discurso conciliador, como se pode acompanhar na entrevista completa com a dirigente. Confira!

Gazeta do Povo Online - Sra. Maria Luciene Resende, a senhora foi vice de Vicélia Florenzano neste último mandato dela à frente da CBG. Depois de um longo período com uma mesma presidente, a entidade espera vida nova e idéias novas. Então, gostaria de saber se a sua idéia inicial é dar prosseguimento aos trabalhos que vinham sendo feitos pela Vicélia, ou se teremos uma presidência realmente nova, com idéias diferentes e mudanças mais consistentes?

Maria Luciene Resende – É impossível não esperar modificações quando uma nova diretoria assume uma entidade. A transferência da Sede Administrativa da CBG para Aracaju se configura uma grande transformação. Pretendemos aproveitar o momento para repensar fatores administrativos. As mudanças deverão acontecer gradualmente, passo a passo, respeitando o trabalho realizado pela gestão da professora Vicélia, cuidando para que não haja uma quebra de continuidade nos trabalhos já planejados e elaborando com a nossa equipe projetos futuros.

Gpol – Quais os principais desafios que a senhora vê adiante neste novo mandato, nesta nova posição dentro da CBG? Como vai ficar a programação do ciclo olímpico e desta renovação da seleção brasileira?

Maria – Acredito que o principal desafio é dar continuidade ao excelente trabalho desenvolvido pela professora Vicélia Florenzano, e avançar nas conquistas. Até a nossa posse, em fevereiro (de 2009), analisaremos os atuais projetos e trabalharemos junto ao COB para aprovarmos um programa de incentivo e um programa elaborado para todas as seleções para o próximo ciclo olímpico (2009-2012).

Gpol – A senhora já adiantou a permanência do Centro de Ginástica da CBG em Curitiba, por toda a estrutura já montada. Agora, os principais atletas do país serão convocados a retornar a Curitiba para comporem a seleção, ou poderão permanecer treinando em seus clubes?

Maria – Nossa intenção é a manutenção do centro de Treinamento de Curitiba por toda infra-estrutura apresentada e por ser uma grande conquista da atual gestão, beneficiando enormemente a evolução da ginástica, por este motivo defendemos a criação de outros Centros de Treinamento. Inicialmente os ginastas permanecerão treinando em seus clubes.

Gpol – O Centro de Treinamento em Curitiba ainda gera polêmicas, e já foi comparado aos "campos de concentração" nazistas por alguns veículos da mídia. Existia algum tipo de exigência para que os ginastas ficassem muitas vezes longe da família, abrindo mão da sua vida pessoal, por ordem da CBG?

Maria – Pelo meu conhecimento sobre o assunto, não me parece que a CBG tenha obrigado nenhum ginasta a permanecer no Centro de Treinamento. Principalmente, pelo fato da grande maioria das ginastas serem menor de idade a CBG não poderia tomar nenhuma decisão, no sentido de "forçar" as ginastas a permanecerem, sem o consentimento das meninas e de seus familiares. Gpol – Nos últimos meses, criou-se muita polêmica sobre a conduta da CBG, principalmente no caso da Jade Barbosa, que disse ter competido machucada em Pequim. Qual é a relação que a senhora possui com a ginasta e quais os planos para ela, para os irmãos Hypólito e a Daiane dos Santos, principais nomes da ginástica brasileira?

Maria – Costumo apostar no bom senso para a solução de qualquer assunto, polêmico ou não. Os atuais e futuros ginastas da nossa seleção, terão todo o nosso apoio para continuar treinando, representando bem o nosso país e trazendo muitas alegrias e bons exemplos para todos.

Gpol – Sem o Oleg Ostapenko, como funcionará a direção técnica da seleção? A senhora pretende fazer com que ele reveja a sua posição de não voltar?

Maria – Em relação ao Oleg, é inegável o excelente trabalho que ele desenvolveu a frente da seleção feminina, porém fomos informadas que ele já assinou contrato com outro país (a Ucrânia), o que não nos impede de fazermos novos contatos com ele ou outros treinadores, do mesmo gabarito.

Gpol – A CBG está em busca de um novo técnico? A idéia é buscar um profissional de onde, e com qual perfil?

Maria – Pretendemos confirmar a presença da Iryna (Ilyashenko) como técnica da seleção feminina. O perfil que desejamos é de um técnico experiente disciplinador, educador, vencedor e que seja um verdadeiro exemplo para os seus comandados.

Gpol – O Brasil evoluiu muito nestes últimos anos, colocando inclusive uma equipe completa em uma final olímpica. Como não deixar o nível de excelência cair, conseguindo inclusive avançar até metas mais ousadas?

Maria – Colocando em prática nossas propostas de trabalho, que poderei destacar entre elas cinco: 1) Preparar um bom projeto para todas as seleções no próximo ciclo olímpico (2009-2012), visando Jogos Pan-americanos e as Olimpíadas; 2) O fomento ao trabalho de base visando o desenvolvimento e a descoberta de novos talentos da ginástica; 3) Capacitação permanente de técnicos, árbitros e corpo diretivo; 4) A criação de centros regionais de treinamento; e 5) Aprimorar as rotinas administrativas.

Gpol – A CBG pretende investir mais na revelação de talentos no país? Se sim, de que forma?

Maria – Sim, dentre as propostas da nossa candidatura destacamos o fomento ao trabalho de base visando o desenvolvimento e a descoberta de novos talentos da ginástica. Hoje temos o programa "Centro de Excelência Caixa – Jovem Promessa de Ginástica" que é o maior projeto para o desenvolvimento de talentos, já idealizado no Brasil. Além dos grandes avanços da ginástica no alto rendimento, nosso esporte também está desenvolvendo em sua base. Nas escolinhas de ginástica artística e rítmica. Contabilizamos mais de 1800 crianças beneficiadas, em 14 estados brasileiros. É importante frisar que pretendemos criar novos projetos, a longo prazo, para todas as ginásticas, buscando envolver diversos setores do governo e da iniciativa privada.

Gpol – A crise mundial já afeta o esporte. Na ginástica, qual a avaliação do impacto que a senhora pode fazer, a médio e longo prazo?

Maria - Na ginástica ainda não sentimos os efeitos da crise, porque o nosso patrocinador, a Caixa Econômica Federal, continuará dando o incentivo que precisamos.

Gpol – Para encerrar, é possível pensar de forma concreta e realuista em medalhas olímpicas em Londres, em 2012?

Maria - O objetivo maior do nosso projeto é conquistar medalhas olímpicas, feito inédito para a ginástica brasileira.

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